Michele Damasceno, Divina Liturgia, Θεία Λειτουργία, XVI sec., Museo delle Icone e delle Sacre Reliquie dell'Arcidiocesi di Creta, Candia

sexta-feira, 12 de outubro de 2012

S. LEONARDO DE PORTO MAURÍCIO:AS EXCELÊNCIAS DA SANTA MISSA

 



S. LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO

da Ordem dos Frades Menores

AS EXCELÊNCIAS

DA

SANTA MISSA

Conforme a edição romana de 1737

dedicada a S.S. o Papa Clemente XII

DEDICATÓRIA

Santíssimo Padre,

O mínimo dos Frades Menores, humildemente prostrado

aos pés de V

a Santidade, ousa oferecer-vos este livrinho. Vai

publicado sob o título de “TESOURO OCULTO”, mas para

vossa grande alma, é um tesouro há longo tempo conhecido,

pois trata da excelência e utilidade da Santa Missa, que

constitui toda a vossa consolação e é o esplendor da Igreja de

Deus.

A conveniência e a justiça combinadas levam-me a

apresentar-vos esta humilde homenagem.

Nada mais conveniente; pois já que trará do mais augusto

de todos os sacrifícios, a quem poderia ser melhor dedicado

este livro do que ao primeiro de todos os Padres? E onde

poderia eu buscar apoio mais precioso, senão no patrocínio do

Pastor supremo, que longe de guardar em si sua grande

piedade, deseja tão ardentemente espalhá-la em proveito dos

povos tão necessitados de luz? Igualmente, nada mais justo.

Numerosos e poderosíssimos são os motivos que, de longa

data, me impelem a manifestar em atos, meu vivo

reconhecimento a vossa Santidade. Oh! Quantos benefícios

que concedeu vossa clemência durante o pouco tempo que

passei na Cidade Eterna!

Atestam-no a faculdade de pregar missões em Roma, o

desenvolvimento do santo Exercício da Via Sacra, e a elevação

da “Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento”. Em uma

palavra, não há favor, que eu vos tenha pedido para o bem

comum de nosso Instituto, que não tenhais benevolamente

concedido.

Estes motivos e muitos outros excitam em meu coração

sentimentos do mais humilde respeito, obrigam-me a manifestar

o meu devotamento e encorajam-me a mandar imprimir no

frontispício destas páginas o vosso nome augusto, conferindolhes

assim uma recomendação que lhe aumentará o valor.

-1-

O preito que vos rendo com este livro é, portanto

conveniente e justo.

Mas será sempre de vossa parte, santíssimo Padre, pura

benevolência se vos dignardes aceita-la. È o que espero,

vendo-vos tão inclinado a promover tudo que de qualquer

modo, possa facilitar o grande negócio da salvação das almas.

Este zelo admirável é que atrai sobre vós a proteção

visível do Altíssimo.

É Deus, certamente, que a uma idade tão avançada

ajunta santidade tão florescente: DEUS, vosso conselheiro em

tão difíceis conjunturas, DEUS, vossa Força nas provações tão

grandes da Igreja, DEUS mesmo, que será finalmente vossa

recompensa por tão gloriosos empreendimentos, dirigidos todos

para o bem do universo católico.

Digne-se vossa Santidade permitir que eu me prostre, com

profunda submissão, beijando vossos pés sagrados, e

oferecendo-vos minhas obras, minhas palavras e meu coração,

e que me confesse,

de vossa Santidade,

o mais humilde, respeitoso e obediente filho e servo,

Frei Leonardo de Porto-Maurício

Convento de São Boaventura,

Roma, 15 de Outubro de 1737


.

PREFÁCIO

Os tesouros, por grandes e preciosos que sejam, não

podem ser estimados se não forem conhecidos. Eis porque,

caro leitor, muitos não têm pelo santo Sacrifício da Missa o

amor que deveriam ter, porque este tesouro, A MAIOR

MARAVILHA e a MAIOR RIQUEZA da IGREJA DE DEUS é um

TESOURO OCULTO um tesouro muito pouco conhecido. Ah!

se todos conhecessem esta preciosidade celeste, tudo

sacrificariam para adquiri-lo. A exemplo do mercador do

Evangelho, cada um, de boa vontade, daria tudo que possuísse

para obter tão precioso tesouro.(Mt 13, 46)

Para estabelecer, portanto, àqueles que não estimam

suficientemente tão grande mistério, publicamos este opúsculo.

Talvez a primeira vista, você não dê muito valor a ele, pois

tantos outros livros foram já impressos, que ensinam

admiravelmente o método para participar com fruto da Santa

Missa, que outros novos não se podem desejar, como

temerário, pois seria preciso mais talentos, a fim de pôr, em

evidência, todo o valor de um Mistério tão venerável, além da

inteligência dos próprios Serafins.

Responder-vos-ei, ingenuamente, que dizeis a verdade. E

confesso que nada tenho a objetar, e mais ainda, que por muito

tempo estas duas considerações me detiveram. Tolhia-me viva

repugnância de empreender uma obra que havia de ser julgada

pelo público, como supérflua e além de minhas forças.

Dois motivos, porém, impeliram-me a vencer todas as

resistências de meu coração. Em primeiro lugar um conselho,

para mim sagrado como uma ordem, pois que vinha dum

Personagem a quem, por muitos títulos, devo obediência. Em

segundo lugar a esperança de este escrito prestará algum

serviço às populações que tenho evangelizado nas Missões.

-2- -3-
Com efeito, um dos maiores benefícios que se obtém das

Missões é o incremento do culto e do amor ao Santíssimo

Sacramento. A finalidade delas é excitar em todos os cristãos

um santo fervor que os impila a nutrirem-se mais

freqüentemente do Pão dos Anjos, a acompanhar o santo

Viático, cada vez que ele é levado aos doentes, a fim de que se

forme um grande cortejo de pessoas e luzes, numa palavra, se

lhes prestem as honras e pompa adequadas.



 Muito esforço

também é feito no sentido de levar, todos os fiéis católicos, a

assistir diariamente à Santa Missa; e não podeis imaginar como

é vantajoso, para atingir um fim tão santo, colocar, entre as

mãos dos fiéis, livros compostos em estilo simples e a seu

alcance. Esses livros aplanam toda dificuldade para excitar a

devoção, aclarando a inteligência e aquecendo os corações; e

muitas vezes tira-se deles mais proveito que mesmo das

pregações, pois nestas a palavra se dissipa enquanto que a

verdade escrita permanece sempre sob os nossos olhos.

Ainda que este opúsculo, não fizesse bem senão a uma

única alma, não se poderia dizer que ficasse sem fruto.

A fim de colocá-lo ao alcance de todos, ele só conterá três

capítulos.

No primeiro encontrar-se-á uma curta introdução sobre a

excelência, a necessidade, e as vantagens da Santa Missa; no

segundo vai exposto um método piedoso e prático para dela

participar com fruto; no terceiro, registram-se alguns exemplos

próprios para excitar as pessoas, de boa condição, a assistir à

Santa Missa todos os dias.



Em suma, é um TESOUTO OCULTO que eu vos

desvendo, e, se souberdes dele aproveitar, enriquecereis de

todos os bens para a vida e para a morte, para o tempo e para

a eternidade.

EXCELÊNCIA, NECESSIDADE

E VANTAGENS

DO SANTO SACRIFÍCO DA MISSA

Grande paciência é necessária para suportar a

indiferença, que a maioria dos batizados na Igreja Católica têm

pela Santa Missa: eles rescendem ateísmo e são o veneno da

piedade. Pensam eles: “Uma missa a mais, uma missa a

menos, que importa... Já é bastante ouvir a missa nos dias de

festa. A missa de tal padre é uma missa de semana santa:

quando ele surge no altar eu fujo da igreja”.

Esses que assim falam deixam perceber claramente que

pouca ou nenhuma estima têm pelo santíssimo Sacrifício da

Missa.

Sabeis que, na realidade, a Santa Missa? É o sol da

cristandade, a alma da Fé, o centro da religião Católica

apostólica com a sede em Roma, a que tendem todos os seus

ritos, todas as suas cerimônias, todos os seus sacramentos. É

uma palavra, A ESSÊNCIA DE TUDO O QUE HÁ DE BOM E

BELO NA IGREJA DE DEUS.

Por isso caros leitores meditem bem tudo que vou dizervos

nesta instrução.

EXCELÊNCIA DO SANTO

SACRIFÍCIO DA MISSA

É uma verdade incontestável que todas as religiões, que

existiram desde o começo do Mundo, tiveram sempre algum

sacrifício como parte essencial do culto devido a DEUS.

-4- -5-
Mas porque essas religiões eram vãs ou imperfeitas, seus

sacrifícios, também, eram vãos ou imperfeitos.

Totalmente vãos eram os sacrifícios do paganismo, e nem

acode ao espírito falar sobre eles.

Quanto ao dos hebreus, eram imperfeitos.

Se bem que professassem, então, a religião verdadeira,

seus sacrifícios eram podres e defeituosos,

infirma et egena

elementa,


como qualifica São Paulo.

Não podiam, assim, apagar os pecados nem conferir

graça.

Só o Sacrifício que temos em nossa santa religião, que é a

Santa Missa, é um sacrifício santo, perfeito, e, em todo sentido,

completo: por ele, cada fiel honra dignamente a DEUS,

reconhecendo, ao mesmo tempo, o próprio nada e o supremo

domínio de DEUS. Davi o chama: Sacrifício de Justiça,

sacrificium justitiae


; tanto porque contém o Justo dos justos e o

Santo dos santos, ou, melhor a própria Justiça e Santidade,

como porque santifica as almas pela infusão das graças e

abundância dos dons que lhes confere.

PRIMEIRA EXCELÊNCIA

O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA É O MESMO

QUE O SACRIFÍCIO DA CRUZ

A Santa Missa é um sacrifício tão santo, o mais augusto e

excelente de todos, e a fim de formardes uma idéia adequada

de tão grande tesouro, algumas de suas excelências divinas;

pois dize-las todas não é empreendimento a que baste a

fraqueza da minha inteligência.

A principal excelência do santo Sacrifício da Missa

consiste em que se deve considerá-lo como essencialmente o

mesmo oferecido no Calvário sobre a Cruz, com esta única

diferença: que o sacrifício da Cruz foi sangrento e só se

realizou uma vez e que nessa única oblação JESUS CRISTO

satisfez plenamente por todos os pecados do Mundo; enquanto

que o sacrifício do altar é um sacrifício incruento, que se pode

renovar uma infinidade de vezes, e que foi instituído pra nos

aplicar especialmente esta expiação universal que JESUS por

nós cumpriu no Calvário,

Assim o SACRIFÍCIO CRUENTO foi o MEIO de nossa

REDENÇÃO, e O SACRIFÍCIO INCRUENTO nos proporciona

as GRAÇAS da nossa REDENÇÃO.

Um abre-nos os tesouros dos méritos de CRISTO Nosso

Senhor, o outro no-los dá para os utilizarmos.

Notai, portanto que na Missa não se faz apenas uma

representação, uma simples memória da Paixão e Morte do

nosso Salvador; mas num sentido realíssimo, o mesmo que se

realizou outrora no Calvário aqui se realiza novamente: tanto

que se pode dizer, a rigor, que em cada Santa Missa nosso

Redentor morre por nós misticamente, sem morre na realidade,

estando ao mesmo tempo vivo e como imolado:

Vidi agunum

stantem tanquan accisum.


(Apoc 5, 6)

No santo dia de Natal, a Igreja nos lembra o nascimento

do Salvador, mas não é verdade que Ele nasça, ainda, nesse

dia.

Nos dias da Ascensão e Pentecostes, comemoramos a

subida do Senhor JESUS ao Céu e a vinda do ESPÍRITO

SANTO, sem que, de modo algum nesses dias o Senhor suba

ainda ao Céu, ou o ESPÍRITO SANTO desça visivelmente à

Terra.

-6- -7-



A mesma coisa, porém, não se pode dizer do mistério da Santa

Missa, pois aí não é uma simples representação que se faz,

mas, sim, o mesmo sacrifício oferecido sobre a Cruz, com

efusão de sangue, e que se renova de modo incruento: é o

mesmo corpo, o mesmo sangue, o mesmo JESUS, que se

imola hoje na Santa Missa.


Opus trae Redemptionis exercetur,



diz a Santa Igreja.

A obra de nossa Redenção aí se exerce: sim,


exercetur, aí



se exerce atualmente. Este santo sacrifício realiza, opera o que

foi feito sobre a Cruz. Que obra sublime! Ora, dizei-me

sinceramente se, quando ides à Igreja para assistir a Santa

Missa, pensásseis bem que ides ao Calvário assistir à morte do

Redentor, que diria alguém que vos visse ai chegar numa

atitude tão pouco modesta? Se Maria Madalena fosse ao

Calvário e se prostrasse aos pés da Cruz vestida, perfumada e

ataviada como em seus tempos de desordem, quanto não seria

censurada! E que se dirá de vós que ides à Santa Missa como

se fôsseis a uma festa mundana?

Que aconteceria, sobretudo se profanásseis este ato tão

santo, com gestos, risadas, cochichos, encontros sacrílegos?

Digo que, em qualquer tempo e lugar, a iniqüidade não

tem cabimento; mas os pecados que se cometem na hora da

Santa Missa e na proximidade do altar, são pecados que

atraem a maldição, de DEUS:


Maledictus qui facit opus Domini



fraudulenter



(Jer 48,10). Meditai seriamente sobre esse



assunto.

Outras maravilhas, porém, vou desvendar-vos de tesouro

tão precioso.



SEGUNDA EXCELÊNCIA

O SACRIFÍCIO DA SANTA MISSA TEM POR

SACERDOTE O PRÓPRIO JESUS CRISTO



Depois de dizer que o Sacrifico da Missa é o mesmo

Sacrifício da Cruz, e não uma cópia, era de imaginar que não

se poderia encontrar prerrogativa melhor. O que o torna,

entretanto, mais sublime é o fato de ter como sacerdote o

próprio Deus feito homem.

Três coisas, certamente são para considerar no santo

Sacrifício: o Sacerdote que oferece. A Vítima oferecida e a

Majestade divina, a quem se oferece. Ora, três considerações:

o Sacerdote, que oferece, é um Homem-DEUS, JESUS

CRISTO: a vítima é a vida de um DEUS; e não se oferece a

outrem senão DEUS.

Reanimai, portanto, a vossa fé, e reconhecei no padre que

celebra, a pessoa adorável de Nosso Senhor JESUS CRISTO.

É Ele o principal oferente, não só porque instituiu este santo

Sacrifício, e lhe dá, por seus méritos, a eficácia, mas porque se

digna, em cada Santa Missa e para nosso benefício mudar o

pão e o vinho em seu santíssimo Corpo e preciosíssimo

Sangue.

Eis porque a maior excelência da Santa Missa consiste em

ter por Sacerdote um DEUS feito Homem. E quando virdes o

celebrante no altar, sabei que sua maior dignidade é ser o

ministro deste Sacerdote invisível e eterno que é nosso

Redentor.

Daí vem que o Sacrifício não deixa de ser agradável a

DEUS, ainda que o padre celebrante seja um pecador, visto

que o principal oferente é CRISTO Nosso Senhor, e o padre

seu simples representante.

Do mesmo modo, aquele que dá esmola pela mão dum

servidor, é verdadeiramente o principal autor do benefício, e

ainda que o servo fosse um celerado, se o patrão é um justo, a

esmola é santa e é meritória.

-8- -9-

Bendito seja DEUS que nos deu um Sacerdote

infinitamente santo, a própria Santidade, o qual oferece ao PAI

Eterno este divino Sacrifício, não só em todo lugar, pois hoje a

fé está difundida em toda parte


, mas também em todo tempo,

todos os dias e mesmo a toda hora, graças a DEUS, o sol se

levanta para outras regiões, quando pra nós desaparece. A

toda hora, portanto em qualquer parte da Terra, este

Santíssimo Sacerdote oferece seu Corpo, seu Sangue, todo o

Ser ao PAI, por nós, e o faz tantas vezes quantas Missas se

celebram em todo o Universo.

Que tesouro imenso! Que mina de inestimáveis riquezas

possuímos na Igreja de DEUS! Felizes de nós se pudéssemos

assistir devotamente a todas as Santas Missas! Que capital de

méritos amontoaríamos! Que abundância de graças nesta vida,

e que grau de glória na outra nos proporcionará a devota e

amorosa assistência a tantas Santas Missas!

Mas que digo? Assistência? Os que assistem a Missa à

Santa Missa não fazem apenas o ofício de assistentes, mas

também o de celebrantes e pode-se chama-los sacerdotes:

Fecisti nos DEO nostro regnun et sacerdotes


(Apoc 5,10). O

sacerdote que oficia é como o ministro público da Igreja inteira,

é o mediador de todos os fiéis, e especialmente daqueles que

participam da Santa Missa, junto do Sacerdote invisível que é

JESUS. Com CRISTO, ele oferece ao Eterno PAI, em seu

Nome e em nome de todos, o resgate precioso da Redenção

dos homens. Não está, porém, sozinho nesta santa função.

Todos os que assistem a Santa Missa, concorrem com ele no

oferecimento do Sacrifício. Assim, voltado para os fiéis, o

sacerdote diz:

Orate, fratres, ut meum ac vestrum sacrificium

acceptabile fiat


:

“Orai, meus irmãos, para que o meu sacrifício, que é

também o vosso, seja agradável a DEUS”.

Estas palavras, que o sacerdote profere, é para nos dar a

entender que, conquanto desempenhe ele o papel de ministro

principal, todos, que ali assistem, com ele oferecem a grande

Vítima. Quando assistis à Santa Missa, fazeis, portanto, de

certo modo, o ofício de sacerdote.

Que dizeis agora? Ousaríeis ainda assistir à Santa Missa,

sentados, tagarelando, olhando para um e outro lado, e

contentando-vos de recitar, bem ou mal, umas preces vocais,

sem levar em conta o ofício de tanta responsabilidade que

exerceis, o ofício de sacerdote?

Ah! não posso evitar de exclamar aqui: Ó mundo

insensato, que nada compreende de tão augustos mistérios.

Como é possível permanecer ao pé dos altares com o

espírito distraído e o coração dissipado, num momento em que

os Anjos e os Santos se absorvem em admiração e temo à

vista de tão maravilhosa obra!

TERCEIRA EXCELÊNCIA

A PALAVRA DE UM HOMEM

OPERA O SACRIFÍCIO


.

Admirai-vos, talvez, de me ouvir dizer que a Missa é uma

obra maravilhosa? E não é, com efeito, inefável maravilha o

que opera a palavra de um humilde sacerdote? Que língua

angélica ou humana poderia explicar poder tão excessivo?

Quem, jamais, pode imaginar que a palavra de um homem, que

não tem, naturalmente, a força de levantar da terra uma palha,

receberia da graça o poder surpreendente de fazer descer do

Céu o Filho de DEUS?

-10- -11-

Aí está um poder maior que o de transportar montanhas,

esgotar o mar e abalar os céus; poder comparável, de certo

modo, àquele primeiro

Fiat com que DEUS fez surgir do nada

todas as coisas, e que pode mesmo parecer sobrepujar, em

outro sentido, aquele

Fiat pelo qual a Virgem Santíssima atraiu

a seu seio o Verbo Divino.

A Virgem Maria nada mais fez que fornecer a matéria do corpo

de Cristo dela formado, sem dúvida, isto é, de seu puríssimo

sangue, mas não por ela nem por sua operação: enquanto que

a voz do sacerdote, sendo instrumento de CRISTO no ato da

consagração, O reproduz de um modo novo e admirável, quer

dizer, sacramentalmente e isto tantas vezes quantas consagra.

O bem-aventurado João, o Bom, de Mântua, levou um

eremita seu companheiro a compreender esta verdade. Este

não conseguia persuadir de que a palavra de um padre tivesse

o poder de mudar a substância do pão, no Corpo de JESUS

CRISTO, e a do vinho em seu Sangue; e, o que é mais

deplorável, tinha cedido a essa tentação diabólica. O servo de

DEUS percebeu o erro do companheiro, e, conduzindo-o a

beira de uma fonte, aí encheu de água uma taça e deu-lhe de

beber.

Depois de sorver toda a água, o outro confessou que jamais,

em toda a sua vida, provara um vinho tão delicioso. Então João,

o Bom, disse-lhe: “

Não vedes o milagre, meu querido irmão?

Se, por meio de um miserável como eu, a água se mudou em

vinho pela onipotência divina, quanto mais deveis crer, por meio

das palavras do sacerdote, que são palavras de DEUS, o pão e

o vinho mudam-se no Corpo e Sangue de JESUS CRISTO?

Quem ousaria jamais pôr limites à onipotência de DEUS?”

Bastou isso para dissipar o engano do eremita, que,

expulsando de seu espírito toda a dúvida, fez grande penitência

por seu pecado.

Um pouco de fé, mas de fé viva, e confessaremos que

inúmeras são as prodigiosas prerrogativas contidas neste

admirável Sacrifício.

Aí veremos, com admiração, renovar-se-á a toda hora este

prodígio da sagrada humanidade de JESUS CRISTO presente

em milhares e milhares de lugares, e gozando, por assim dizer,

de uma sorte de imensidade que não possui nenhum outro

corpo, e só a ela reservada em recompensa do sacrifício de sua

vida que Ele fez a DEUS Altíssimo.

Um espírito, falando pela boca de uma pessoa, fez com

que um judeu incrédulo compreendesse esta verdade, por meio

de uma comparação material e grosseira. O homem achava-se

numa praça com muitas pessoas, entre as quais a mulher

possessa. Nesse momento passou um padre que levava o

Santo Viático a um doente. Todos os presentes se ajoelharam e

prestaram homenagem ao Santíssimo Sacramento. Só o judeu

ficou imóvel e não deu sinal algum de respeito. Vendo isso, a

mulher levantou-se furiosa, arrancou-lhe o chapéu e deu-lhe um

vigoroso bofetão, dizendo-lhe.

“Desgraçado, porque não te prostras diante do verdadeiro

DEUS presente neste Divino Sacramento?” – “Que DEUS?”,

replicou o judeu. “Se fosse verdade, a conseqüência seria

haver muitos deuses, pois, ao celebrarem a Santa Missa ele

estaria em cada um dos vossos altares”.

A estas palavras, o espírito, que habitava naquela mulher,

tomou um crivo e opondo-se ao sol, disse ao judeu que olhasse

os raios filtrando-se pelos buracos. Em seguida ajuntou: “Dizeme,

judeu, há então muitos sóis passando pelas aberturas

deste crivo, ou um só?” E, à resposta do judeu de que não

havia senão um sol, a mulher replicou.

-12- -13-


“Por que te espantas, então, de que DEUS, feito Homem

e feito Sacramento, possa ter, por um excesso de amor, uma

presença real e verdadeira sobre vários altares, permanecendo,

no entanto, uno, indivisível e imutável?” Foi o suficiente para

confundir a incredulidade do judeu, que por esse raciocínio se

viu constrangido a confessar a verdade de nossa Fé.

Ó santa Fé! Apenas um raio de tua luz, e exclamaremos

com fervor: Quem ousaria estabelecer limites à onipotência de

DEUS?

Nesta grande concepção que tinha do poder de DEUS, Santa

Teresa dizia, muitas vezes, que quanto mais sublimes eram os

mistérios de nossa fé, e profundos e impenetráveis à nossa

inteligência, com tanto mais força e felicidade neles acreditava,

sabendo bem que DEUS todo-poderoso pode fazer prodígios

infinitamente maiores.

Reanimai, espontaneamente, vossa fé e confessai que

este Divino Sacramento é o milagre dos milagres, a maravilha

das maravilhas, e que sua maior excelência consiste em

ultrapassar nossa pobre inteligência. E tomados de admiração

dizei e repeti muitas vezes: Oh! Que grande tesouro! Que

imenso tesouro!

Se, porém, sua excelência prodigiosa não vos comove,

que vos toque, ao menos, sua soberana necessidade.

NECESSIDADE

DO SANTO SACRIFÍCIO

Se não houvesse o Sol, que seria da Terra? Oh! Tudo

seria trevas, horror, esterilidade e desolação.

E se o Mundo não tivesse a Santa Missa, que seria de nós?

Infelizes! Ficaríamos privados de todos os bens

sobrecarregados de todos os males. Estaríamos expostos a

todos os raios da cólera de DEUS.

Alguns há que se admiram, e acham que, de certo modo DEUS

mudou a sua maneira de governar. Antigamente Ele se

nomeava de DEUS dos exércitos, e falava ao povo do meio das

nuvens, manejando o trovão; e de fato, era com todo o rigor da

justiça que castigava os pecados. Por um único adultério,

mandou passar a fio de espada vinte e cinco mil homens da

tribo de Benjamim. (Juiz 20,46).

Por um leve pecado de orgulho de Davi em computar o povo,

enviou Ele uma peste tão terrível que, em poucas horas

pereceram setenta mil pessoas (II Sam. 24,15)

Por um só olhar curioso e desrespeitoso dos betsamitas, fez

que cinqüenta mil deles perecessem. (I Sam. 6, 19).

E agora suporta, com paciência, não só vaidades e

irreverências, mas adultérios, os mais vergonhosos, escândalos

gravíssimos, e tantas blasfêmias horríveis que muitos cristãos

vomitam contra Seu Nome Santíssimo.

Porque assim acontece? Por que tão grande mudança de

conduta? Serão as ingratidões dos homens mais escusáveis

hoje do que outrora? Bem ao contrário, são muito mais

culpáveis, já que os imensos benefícios de DEUS se

multiplicam cada dia.

A verdadeira razão desta clemência espantosa é a Santa

Missa, pela qual esta grande Vítima, que se chama JESUS, se

oferece ao Eterno PAI. Eis aí o sol da santa Igreja que dissipa

as nuvens e torna sereno o céu.

Eis aí o arco-íris que detém os raios da Divina Justiça. Creio

para mim que, não fosse a Santa Missa, o Mundo estaria já no

abismo, incapaz de suportar o imenso fardo de suas

iniqüidades.

-14- -15-

A Santa Missa é o poderoso sustentáculo que lhe permite

subsistir.

Concluí, de tudo isto, quanto este divino Sacrifício é

necessário; assim então, sabei aproveitá-lo o máximo que for

possível.

Para isto, quando participamos da Santa Missa, devemos imitar

Afonso de Albuquerque. Achando-se, com sua frota, em perigo

de naufragar numa horrível tempestade, teve uma inspiração:

tomou nos braços uma criança que viajava em sua nau, e,

elevando-a ao alto, exclamou: “Se todos somos pecadores,

esta criaturinha é certamente sem mácula, Ah! Senhor por amor

deste inocente compadecei-vos dos culpados!” Acreditareis? A

vista dessa criança inocente agradou tanto a DEUS, que Ele

acalmou o mar e devolveu a alegria àqueles infelizes, gelados

já pelo terror da morte certa.

Ora, qual pensais seja a atitude do Eterno Pai, quando o

sacerdote, levantando a Santa Hóstia, lhe apresenta o Divino

FILHO? Ah! seu amor não pode resistir à vista do inocente

JESUS; Ele se sente forçado a acalmar nossas tormentas, e

acudir a todas as nossas necessidades. Sem esta santa vítima,

portanto, sem JESUS sacrificado por nós, primeiro sobre a

Cruz, e todos os dias sobre nossos altares, estaríamos

perdidos, e poderia cada um dizer a seu companheiro: “Até à

vista no inferno! Sim, sim, no inferno, no inferno! Até à vista no

inferno!”

Mas, com este tesouro da Santa Missa a nosso alcance, nossa

esperança renasce; e se não opusermos obstáculos, teremos

assegurado o Paraíso.

Deveríamos, portanto, beijar nossos altares, perfumá-los

de incenso, e sobretudo honrá-los com nosso máximo respeito,

pois que deles nos vêem tantos bens.

Juntai as mãos e agradecei a DEUS PAI que nos deu o

mandamento tão doce de oferecer-Lhe muitas vezes a Vítima

celeste. Agradecei-Lhe, sobretudo, pelo imenso proveito que

dela recebeis, se sois fiel não somente em oferecê-la, mas de

fazê-lo para os fins a que nos foi concedido este dom tão

precioso.

VANTAGENS DO SANTO SACRIFÍCIO

A grandeza e a beleza são dois motivos assaz

poderosos para tocar os corações; a utilidade, porém, os

persuade e, a despeito de toda repugnância, arrebata quase

sempre à vitória.

Ainda que a excelência e a necessidade da Santa Missa não

fossem para vós bastante ponderáveis, como poderíeis

deixar de apreciar a magna utilidade que ela proporciona

aos vivos e falecidos, aos justos e aos pecadores, para a

vida e para a morte, e mesmo para depois da morte?

Imaginai que sois aquele devedor do Evangelho, cuja dívida

se elevara à enorme quantia de dez mil talentos. Chamado a

prestar contas humilha-se, implora e pede adiamento para

satisfazer completamente o débito:

Patientiam hiabe in me,

et omnia rddam tibi.

“Tem paciência comigo, que tudo de pagarei” (Mt 18, 26)

Aí está o que deveis fazer, vós que tendes com a Justiça

divina não uma, mas mil dívidas. Deveis humilhar-vos e

suplicar tempo bastante para assistir à Santa Missa; e ficai

certos de que estas Santas Missas saldarão completamente

todas as vossas obrigações.

São Tomás de Aquino, o Doutor angélico, nos ensina

quais são as dívidas que temos com DEUS. Ele diz que há

especialmente quatro. Todas as quatro ilimitadas.

-16- -17-

A primeira é de adorar, louvar e honrar este DEUS de

majestade infinita e digno de infinitos louvores e

homenagens.

A segunda dar-Lhe satisfação pelos pecados que

cometemos.

A terceira, render-Lhe graças pelos benefícios recebidos.

A quarta, implora-Lhe, como fonte de todas as graças.

Ora, como é possível que pobres criaturas como nós,

que nada possuímos, nem mesmo o ar que respiramos,

possam jamais satisfazer obrigações tão grandes?

Consolemo-nos, pois aqui está um meio facílimo. Façamos o

possível para participar de muitas Missas e com a máxima

devoção; mandemos celebrá-la também o mais que

pudermos: e, se bem que nossas dívidas sejam enormes e

inumeráveis, não há dúvida de que, com o tesouro contido

na Santa Missa, poderemos solvê-las inteiramente. E para

melhor compreendermos estas dívidas, explicá-las-ei uma

depois da outra, e grande será vossa consolação ao ver a

grande utilidade e inesgotável riqueza que podeis haurir de

mina abundante, para pagar todas.

PELA SANTA MISSA ADORAMOS

DIGNAMENTE A DEUS

Nossa primeira obrigação para com DEUS é adorá-Lo

e honrá-Lo. É preceito da própria lei natural que todo inferior

deve homenagem a seu superior. E quanto maior a

dignidade deste, tanto maiores devem ser as honras que se

lhes prestam. Daí resulta que, sendo DEUS de majestade

infinita, homenagens infinitas Lhe devemos.

Infelizes que somos! Onde encontraremos oferenda digna

de nosso Criador? Passei vós em revista todas as criaturas

do Universo: coisa alguma encontrareis digna Dele.

Ah! é que uma oferenda digna de DEUS não pode ser senão

o próprio DEUS. Necessário é que Aquele, que está sentado

no trono de Sua Majestade, desça para oferecer-se como

vítima sobre os nossos altares, a fim de que a homenagem

corresponda perfeitamente à Excelência de sua grandeza

infinita.

Isto é o que se realiza na Santa Missa, pela qual DEUS

é adorado na medida que merece, porque é adorado por

DEUS mesmo, isto é, por JESUS que, pondo-se sobre o

altar em estado de vítima, adora a SANTISSÍMA TRINDADE

por um ato de inefável dependência e tanto quanto Ela

merece. E de tal modo que todas as outras homenagens

que Lhe possam prestar as criaturas, comparadas a essa

humilhação de JESUS, desaparecem como as estrelas em

presença do sol.

Conta-se de uma santa alma que, totalmente abrasada

de amor a DEUS, traduzia em mil desejos o ardor de sua

ternura: “

Ah! meu DEUS, dizia ela, quisera ter tantos

corações e tantas línguas como há de folhas nas árvores, de

átomos no ar e de gotas d´água, para vos amar e louvar

como mereceis. Oh! Se eu tivesse em meu poder todas se

consumissem de amor por vós, contanto que eu vos amasse

mais que todas juntas, mais que todos os Anjos, os Santos e

todo o Paraíso!”


Certo dia em que tal desejo repetia com

mais fervor do que nunca, ouviu o SENHOR responder-lhe:


Consola-te, minha filha, pois com uma só Missa que

participas com devoção, dás-me toda esta glória que me

desejas, e ainda mais infinitamente.”

-18- -19-

Admirai-vos talvez esta afirmação? Não tendes motivo,

pois visto nosso boníssimo JESUS ser não somente

Homem, mas DEUS verdadeiro e Todo-Poderoso, quando

Ele se aniquila sobre o altar, dá com este ato homenagem e

adoração infinitas à SANTISSÍMA TRINDADE.

Deste modo que nós, que concorremos com Ele no

oferecimento deste grande Sacrifício, damos também de

nossa parte, a DEUS, honra e homenagem infinitas. Oh!

Que coisa sublime! Digamos uma vez ainda, pois

importantíssimo é sabê-lo: sim, assistindo à Santa Missa,

prestamos a DEUS adoração, honra e homenagem infinitas.

Deixai, aqui, empolgar-vos de admiração, e reconhecei

que é absolutamente verdade dizer que, ao assistirmos com

devoção à Santa Missa, damos a DEUS mais glória, do que

lhe dão, com suas adorações, todos os Anjos e todos os

Santos juntos: pois, definitivamente, eles são apenas

simples criaturas e, portanto, suas homenagens são

limitadas e curtas. Na Santa Missa, porém, JESUS se

aniquila e esta humilhação é de valor e mérito infinitos.

Por conseguinte, a homenagem e a honra que por meio

d´Ele prestamos a DEUS na Santa Missa, são homenagem

e amor infinitos.

Sendo assim, como quitaremos bem a nossa primeira dívida

com DEUS, assistindo à Santa Missa! Ó mundo obcecado,

quando abrirás os olhos para compreender verdade tão

importante.

E vós cristãos negligentes, tereis ainda a coragem de dizer:

“Uma missa a mais, uma missa a menos, pouco importa”?

Que triste cegueira!

PELA SANTA MISSA

PODEMOS SATISFAZER A JUSTIÇA DIVINA

PELOS PECADOS COMETIDOS

A segunda obrigação que temos para com DEUS é de

satisfazer à sua justiça por tantos pecados cometidos. Oh!

Que dívida imensa esta! Um único pecado mortal pesa tanto

na balança da Justiça Divina que não bastariam, para expiálo,

todas as boas obras de todos os mártires e de todos os

santos passados, presentes e futuros.

No entanto com o Santo Sacrifício da Missa, se

considerarmos o seu valor intrínseco e seu preço, pode-se

satisfazer plenamente por todos os pecados cometidos.

E aqui buscai compreender quanto de reconhecimento

deveis a JESUS . Pensai-o bem: é Ele o ofendido;

entretanto, não contente de no Calvário ter satisfeito por nós

à Justiça Divina, deu-nos e continua a dar-nos

incessantemente o meio de apaziguá-la no sacrifício da

Santa Missa, pois ai renova a oferenda que, na Cruz, fez a

DEUS PAI, pelos pecados do Mundo inteiro. O mesmo

sangue que derramou para resgatar o gênero humano é

aplicado e oferecido especialmente na Santa Missa pelos

pecados daquele que a celebra ou manda celebrar, e de

todos os que participam deste augusto Sacrifício. Não que o

Sacrifício da Santa Missa apague por si mesmo e

imediatamente nossos pecados, como é o caso do

sacramento da Confissão; mas obtém que eles nos sejam

apagados, proporcionando-nos, seja no momento mesmo da

Santa Missa, seja em outra ocasião oportuna, boas

inspirações, movimentos salutares e graças atuais que nos

são indispensáveis para nos arrependermos dignamente de

nossas faltas. Só DEUS sabe quantas almas escaparam das

garras do pecado pelos socorros extraordinários que lhes

provieram deste divino Sacrifício!

-20- -21-

Assim conquanto às almas em estado de pecado mortal não

lhes aproveite o valor no que tem de propiciatório, todos os

pecadores deviam assistir muitas vezes à Santa Missa para

alcançar mais facilmente a graça da conversão. Quanto às

almas vivendo em paz com DEUS, o Sacrifício da Santa

Missa lhes dá uma força surpreendente para se manterem

nesse estado e, conforme a opinião comum, são apagados

todos os pecados veniais, casso tenham ao mesmo tempo

um arrependimento geral.

É o que ensina claramente Santo Agostinho: “

Se alguém

assiste devotamente à Santa Missa, não cairá em pecado

mortal e os pecados veniais lhe serão perdoados”.

Narra São Gregório que uma pobre mulher

encomendava a celebração de Santas Missas, todas as

segundas-feiras, em ação de graças, para o seu marido, que

ela julgava morto, pois ele caíra nas mãos dos bárbaros.

Estava vivo, porém, e durante o tempo em que se

celebravam essas Santas Missas, a cadeias se lhe soltavam

dos pés e das mãos e lhe caíam as algemas, e ele ficava

livre e desembaraçado, como, ao libertar-se da escravidão,

pôde contar a sua mulher. Quanto mais devemos crer na

eficácia deste Sacrifício para desatar os laços espirituais,

isto é, os pecados veniais, que de certo modo mantém

cativa a alma, impedindo-a de agir com a liberdade e o

fervor que ela teria, não fossem esses entraves.

Ó bem-aventurada Santa Missa, que nos restitui a

liberdade de filhos de DEUS, e satisfaz todas as penas

devidas por nossos pecados!

Mas então, me direis, basta assistir ou encomendar

uma única Santa Missa para pagar as maiores dívidas com

DEUS, em vista de tantos pecados cometidos, pois, sendo

infinito o seu valor, com ela daremos a DEUS uma

satisfação infinita. – Devagar!, eu vos peço.

Realmente, se bem que o valor do Santo Sacrifício seja

infinito, deveis saber entretanto, que DEUS o aceita numa

medida limitada e finita, mais ou menos, conforme a

devoção maior ou menor de quem o celebra, manda

celebrar, ou a ele assiste.

Quorum tibi fides cógnita est et nota devotio


, diz a Santa

Igreja no Cânon da Santa Missa, e, por esta linguagem, dános

a entender o que ensinam expressamente os Doutores,

e é, que a maior ou menor satisfação proporcionada pela

Santa Missa, quanto à pena devida por nossos pecados,

depende da disposição de quem a celebra ou a ela assiste.

Note-se aqui o erro daqueles que preferem as missas mais

curtas e menos devotas, ou, o que é pior, que a elas

assistem com pouca ou nenhuma devoção. É verdade que

todas as Missas são iguais do ponto de vista do

Sacramento, como ensina São Tomás; não o são, porém,

quanto aos efeitos que delas provêm. Quanto maior a

piedade atual ou habitual do celebrante, maior será o fruto

de seu sacrifício. Assim, não fazer diferença entre um padre

mais fervoroso e outro menos, seria o mesmo que, para

pescar, lançar mão indiferentemente de uma rede de malhas

pequenas ou grandes.

Diga-se o mesmo dos que assistem à Santa Missa. E

ainda que eu vos exorte, o mais que posso, a assistir muitas

vezes à Santa Missa, advirto-vos de procurar, sobretudo

assistir a cinqüenta, mais glória dais a DEUS com aquela

única Missa, e retirais mais fruto, mesmo desse que

chamamos

ex opere operato, do que o outro há de tirar de

cinqüenta, apesar do número considerável.

-22- -23-

“Na satisfação, olha-se mais a piedade do oferente que

a quantidade da oblação”. “In satisfactione magis attenditur

affectus offrentis quam quantitas oblationis”


, diz São Tomás.

Pode acontecer, sem dúvida, (como afirma um sério

autor) que, com uma única Missa, assistida com

extraordinária devoção, se dê satisfação à Justiça de DEUS,

por todos os pecados ainda do maior pecador, conforme se

depreende do Santo concílio de Trento, que diz: “

Graças à

oferenda deste santo Sacrifício, DEUS concede o dom da

verdadeira penitência, e por ela o perdão dos pecados,

ainda os mais graves”.

No entanto, visto que conhecermos claramente a

disposição interior com que assistimos à Santa Missa, nem a

satisfação correspondente devemos ter o cuidado em

assistir a muitas, o mais que pudermos, e assistir com todo o

amor e devoção possíveis. Felizes de vós se depositardes

uma grande confiança em DEUS, que tão admiravelmente

exerce Seu Amor neste Divino Sacrifício, e se assistirdes

com fé, fervor e reverência, a todas as Santas Missas que

puderdes!

Afirmo-vos que podeis alimentar a doce esperança de

alcançar diretamente o Paraíso, sem passar pelo Purgatório.

À Santa Missa, portanto, à Santa Missa! E que jamais

se ouça de vossos lábios esta palavra escandalosa: “Uma

missa a mais, uma missa a menos não tem importância”.

PELA SANTA MISSA AGRADECEMOS

DIGNAMENTE A DEUS

TODOS OS BENEFÍCIOS

A terceira dívida é a do reconhecimento pelos

benefícios de que nos cumulou carinhosamente nosso

DEUS. Computai todos os favores que dele tendes recebido,

os bens da natureza e da graça, o corpo, a alma, os

sentidos, as faculdades, a saúde, a vida.

A própria vida, enfim, de seu Filho JESUS, e a morte

que por nós sofreu, elevam além de qualquer medida a

divida de gratidão que temos com DEUS. Como poderemos

agradecer-Lhe suficientemente?

Se, duma parte, a lei da gratidão é observada mesmo

pelos animais selvagens, que às vezes mudam sua

ferocidade em afeição àqueles que lhe fazem bem, quanto

mais deverá ser ela observada entre os homens, dotados de

razão e tão prodigiosamente favorecida pela liberalidade de

DEUS!

Doutra parte, porém, nossa miséria é tão grande que não

temos sequer o meio de satisfazer pelos menores benefícios

recebidos de DEUS. Pois o menor de todos, provindo das

mãos de tão grande Rei e acompanhado dum amor infinito,

adquire um preço infinito e nos obriga a um reconhecimento

também infinito. Infelizes que somos! Se não podemos

suportar o peso de um só benefício, como poderemos arcar

com o fardo de graças inumeráveis?

Sendo assim, portanto, estaremos destinados à triste

contingência de viver e morrer ingratos para com nosso

Benfeitor.

Consolai-vos, pois o meio de dar ações de graças

suficientes ao boníssimo DEUS nos é ensinado pelo rei

Davi, que, contemplando com espírito profético o divino

sacrifício, confessava que só ele bastava para dar a DEUS

ações de graças adequadas.

Quid retribuam Domino pro

omnibus quae retribuit mihi?


Perguntava. “Que retribuirei ao

Senhor por todos os benefícios que me tem feito?”

-24- -25-

E responde:

Calicem salutaris, ou, segundo outra

versão:

Calicem levabo. “

Elevarei ao céu o cálice do Senhor”, isto é,


Oferecer-Lhe-ei um sacrifício que será infinitamente

agradável, e com o qual, somente, satisfarei a minha dívida

por tantos e tão grandes benefícios.”

Acresce que este Sacrifício foi instituído pelo nosso

Redentor, principalmente para este fim, quero dizer, para

reconhecer a divina munificência e agradecer-Lhe, e por isso

chama-se

Eucaristia por excelência, o que significa “ação de

graças”.


Ele mesmo nos deu o exemplo, quando na Última

Ceia, antes de pronunciar nessa Missa as palavras da

consagração, elevou os olhos ao céu e deu graças a seu

PAI:

Elevatis oculis in caelum, tibi gratias apens fregit.

Ó divina ação de graças, que nos descobre o fim sublime

para que foi instituído este augusto Sacrifício, e nos convida

a conformar-nos a nosso Chefe, a fim de que sempre, ao

assistir à Santa Missa, saibamos servir-nos de tão grande

tesouro, oferecendo-o em ação de graças a nosso soberano

Benfeitor, e associando-nos ao Paraíso todo, à Santíssima

Virgem, aos Anjos e Santos, que se enchem de alegria ao

ver-nos render a nosso adorável DEUS, este tributo de

reconhecimento!

A venerável irmã Francisca Farnese vivia em

contínuos tormentos de amor, por se ver inteiramente

cumulada de benefícios divinos, sem encontrar o meio de

depor tão pesado fardo, dando ao Senhor um

reconhecimento suficiente. Certo dia apareceu-lhe a

Santíssima Virgem e, depondo-lhe nos braços o divino

infante, disse-lhe: “

Toma-O, Ele é teu, e saibas dele servirte,

pois com Ele pagarás todas as tuas dívidas.”

Ó bem aventurada Santa Missa, graças à qual o Filho

de DEUS é depositado, não em nossos braços, mas em

nossas mãos e em nosso coração! Uma criancinha nos é

dada, a fim de que dela nos sirvamos, e não há dúvida de

que com ela possamos solver completamente a dívida de

reconhecimento que temos com DEUS. Mais ainda: se bem

refletirmos, na Santa Missa damos, de certo modo, a DEUS

algo mais do que Ele nos deu: pois DEUS PAI nos deu

somente uma vez o seu divino FILHO, na Encarnação,

enquanto nós lho damos sem cessar neste santo Sacrifício.

De modo que parece o sobrepujamos, por assim dizer, se

não no próprio dom, pois maior não pode haver que o FILHO

de DEUS, mas ao menos em aparência, renovando tantas

vezes o mesmo dom.

Ó grandessíssimo DEUS! Ó DEUS fonte do Amor! DEUS

todo Amor!

Quem dera, pudéssemos ter uma infinidade de línguas para

agradecer-vos pelo incalculável tesouro que nos destes,

instituindo a Santa Missa!

E vós, que fazeis? Abristes enfim os olhos para

reconhecer tão preciosíssimo tesouro? Se, no passado, ele

foi para vós como um Tesouro Oculto, agora que começais a

conhecê-lo, não exclamais transportados de admiração:

Oh!

Que admirável tesouro! Que imenso tesouro!

PELA SANTA MISSA PODEMOS OBTER

TODAS AS GRAÇAS QUE NECESSITAMOS

Não termina, porém, aí a soberana utilidade da Santa

Missa, pois ela nos permite ainda cumprir a quarta obrigação

que temos para com DEUS:

ORAR E PEDIR-LHE NOVOS

FAVORES.

-26- -27-

Já sabeis quão grande são vossas misérias, tanto de corpo

como de alma, e. pro conseqüência, a necessidade que

tendes de recorrer a DEUS, a fim de que a todo momento

Ele vos assista e vos socorra, pois só Ele é o autor e o

princípio de todos os nossos bens temporais e eternos. Mas,

doutra parte, ousaríeis pedir-Lhe novos benefícios, vendo s

suprema ingratidão com que tendes correspondido às suas

graças anteriores? Não vos servistes, talvez, mesmo dessas

graças para ofendê-Lo? Todavia, tende confiança; pois se

não mereceis essas graças, JESUS mereceu-as pro vós, e

para este fim. Ele quis ser na Santa Missa uma hóstia

pacífica, isto é, um sacrifício impetratório para obter-nos de

Seu PAI tudo aquilo de que temos necessidade. Sim, sim,

na Santa Missa, nosso adorável JESUS, o primeiro e Sumo

Pontífice, recomenda a Seu PAI a nossa causa, intercede

por nós constituindo-se nosso amoroso advogado.

Se soubéssemos que a augusta Virgem unia suas preces às

nossas, para nos alcançar a graça que desejamos; que

confiança não teríamos, de ser atendidos? Que confiança,

portanto, que segurança não devemos ter, sabendo que na

Santa Missa o próprio JESUS ora por nós, e se faz nosso

advogado? Ó bem aventurada Missa, que nos proporciona

todos os bens!

É preciso, porém cavar bem fundo nesta mina para

descobrir os grandes tesouros que ela contém.

Oh! Que riquezas de graças, bênçãos, virtudes e de

socorros nos obtém a Santa Missa! Em primeiro lugar, ela

nos alcança todas as graças espirituais e os bens que se

relacionam com a alma, como a contrição por nossos

pecados, a vitória sobre as tentações, sejam vindas de fora,

das más companhias e do demônio, sejam produzidas no

interior pelas revoltas da carne.

Obtém os socorros de graça, tão necessários para nos

levantarmos depois de uma queda, para permanecermos de

pé e avançarmos nos caminhos de DEUS. Por ela nos vêem

muitas inspirações boas e santas e movimentos interiores

que nos dispõem a sacudir a tibieza e nos excitam a agir

com mais fervor, com uma vontade mais generosa e uma

intenção mais pura e reta; e por isso mesmo, proporcionanos

um tesouro inestimável, pois todos esses meios são

eficacíssimos para alcançar de DEUS a graça da

perseverança e penitência final, de que depende a nossa

salvação eterna, e nos dão a certeza moral tanto quanto é

possível tê-la aqui na Terra, de chegar à bem-aventurança

eterna.

Além disso, a Santa Missa nos obtém todos os bens

temporais, contanto que concorram à salvação da alma, por

exemplo, a saúde, a abundância, a paz, e nos preserva dos

males que se lhe opõem, como seja: epidemias, terremotos,

guerras, fomes, perseguições, processos, inimizades,

miséria, calúnias, injustiças, etc.

Em suma, ela nos proporciona todos os bens. E para dizer

tudo em só frase:

A SANTA MISSA É A CHAVE DE OURO DO PARAÍSO

E já que, DEUS infinitamente Santo , nos deu esta chave,

qual de todos os seus bens irá nos recusar! “

Aquele que não

poupou Seu próprio Filho, mas O entregou por nós, como

por meio d´Ele não nos dará tudo de bom!


(Rom 8,32)”

Vede, portanto, se não tinha toda a razão aquele bom

sacerdote que costumava dizer que, ao pedir algumas

grandes graças para si, ou para outrem, ao celebrar o santo

Sacrifício, parecia-lhe pouco pedir, quando comparava

aquilo que de DEUS solicitava com a oferenda que Lhe

fazia.

-28- -29-

Assim argumentava ele: “

Todas as graças que peço a DEUS

na Santa Missa são bens criados e finitos, enquanto que os

dons que Lhe ofereço são dons incriados e infinitos. Feitas,

portanto, as contas, sou eu o credor e Ele o devedor.”


E com

este argumento, pedia e recebia grandes graças.

E vós, por que não despertais, por que não pedis

graças importantes? Se quiserdes confirmação, pedi a

DEUS em cada Santa Missa, que faça de vós um grande

santo. Achareis, talvez, que é pedir demais! Não, de modo

algum. Não é o nosso boníssimo Mestre JESUS quem

promete no Santo Evangelho que, por um copo d´água dada

em Seu nome, terá a sua recompensa?

Quando Lhe oferecemos, portanto todo o Sangue de Seu

Divino Filho, ainda que tivesse uma centena de paraísos,

não no-los daria todos?

Como podeis duvidar de que Ele esteja disposto a concedervos

todas as virtudes, todas as perfeições necessárias para

fazer de vós um grande santo no Céu? Ó bem-aventurada

Missa! Abri vosso coração e pedi grandes graças, pensando

que as pedis a um DEUS que não se empobrece, e que

quanto mais pedirdes mais vos será dado.

A SANTA MISSA NOS LIVRA

DUMA MULTIDÃO DE MALES

Acreditai que, além dos favores que solicitamos na

Santa Missa, nosso boníssimo DEUS nos concede muitos

outros sem que o peçamos.

É o que ensina claramente São Jerônimo:

absque dúbio dat

nobis Dominus quod in Missa petimus; et, quod magis est,

saepe dat quaod non petimus.

“Sem dúvida alguma, o Senhor nos dá todas as graças que

pedimos na Santa Missa, contanto que nos sejam de

vantagem; mas, o que é mais admirável, muitas vezes nos

dá o que não pedimos.”

Podemos dizer, por isso, que a Santa Missa é o sol do

gênero humano espalhando seus raios sobre os bons e

sobre os maus, e alma não há tão pérfida sobre a terra, que

assistindo à Santa Missa, dela não aufira qualquer grande

bem, e muitas vezes mesmo sem nele pensar ou pedi-lo.

Santo Antonino conta que um dia dois jovens libertinos

passeavam numa floresta. Um deles havia assistido à Santa

Missa e o outro não. Levantou-se subitamente furiosa

tempestade, e no meio dos trovões e relâmpagos ouviram

eles uma voz que clamava: “

Mata! Mata!” No mesmo

instante o raio esbraseou o ar e feriu aquele que não

assistira à Santa Missa.

O companheiro apavorado, prosseguiu o caminho buscando

um refúgio, quando ouviu novamente a mesma voz, que

repetia. “

Mata! Mata!” O pobre rapaz nada mais esperava

senão a morte. Uma outra voz, porém, respondeu: “

Não

posso, pois ele assistiu à Santa Missa. A Santa Missa a que

ele assistiu impede-me de feri-lo.”

Oh! Quantas vezes DEUS não vos livrou da morte, ou,

pelo menos, de numerosos e graves perigos, graças às

Santas Missas a que tiverdes assistido! Disso nos assegura

São Gregório no quarto de seus Diálogos: Per auditionem

Missae homo liberatur a miltis malis at periculis, diz o santo

Doutor. “

Sim, é verdade que aquele que assiste

devotamente à Santa Missa será preservado de muitos

males e perigos, se bem que disto não se aperceba.”

Santo Agostinho chega a afirmar a preservação da

morte súbita, o golpe mais terrível com que a Justiça Divina

fere os pecadores.

-1-

-31-

-30-

Qui! Missam devote audierit subitânea morte nom peribit.

Eis, diz-nos este santo Bispo, um preservativo admirável

para evitar a morte imprevista: assistir todos os dias à Santa

Missa e com toda a devoção possível. Quem se munir de

tão eficaz salvaguarda viverá sem temor dessa terrível

desgraça.

Existe certa crença, por alguns atribuída a Santo

Agostinho, de que durante o tempo em que se assiste à

Santa Missa não se envelhece, mas a força e o vigor do fiel

se ocupa saber se isto é ou não verdade, mas digo sem

receio que, mesmo envelhecendo em idade, não se

envelhece me malícia, pois, na expressão de São Gregório,

uma pessoa que assiste com devoção à Santa Missa

conserva sua alma no caminho reto: Justus audiens Missam

in via rectitudinis conservaturt.

Cresce sempre em mérito e em graça, e faz na virtude

novos progressos, que o tornam agradável a seu DEUS.

E muito mais, ajunta São Bernardo, se ganha

assistindo a uma única Santa Missa (

se considerar seu valor

intrínseco),


do que distribuindo a fortuna aos pobres e

peregrinando a todos os santuários mais famosos da Terra.

Audiesn devote Missam aut celebrans multo magis meretur,

quam si substantiam suam pauperibus, erogaret, et totam

terram peregrinando transiret.


Ó tesouro incalculável da

Santa Missa! Compreendei bem esta verdade: podemos

merecer mais assistindo ou celebrando uma só Santa Missa,

se a considerarmos em si mesma e em todo o seu valor

intrínseco, do que se distribuíssemos nossa fortuna aos

pobres, e em seguida partíssemos a percorrer o Mundo

como peregrinos, visitando com a maior das devoções os

santuários de Jerusalém, Roma, Compostela, Loreto, etc;

São Tomás de Aquino, nos garante que na Santa

Missa está encerrado todos os frutos, todas as graças e

todos os imensos tesouros tão abundantemente espalhados

pelo Filho de DEUS sobre a Igreja, sua Esposa, no Sacrifício

cruento da Cruz.

In qualibet Missa inventur omnis fructus et

utilitas quam CHRISTUS in die parasceve operatus est in

Cruce.

Detende-vos aqui, um instante: fechai o livro,

interrompei a leitura, e reuni todas estas vantagens, tão

abundantes, que proporciona a Santa Missa. Ponderai-as

bem em silêncio e, depois, dizei-me se tendes ainda

dificuldade de crer que uma única Missa, considerada em si,

e em relação a seu preço e valor intrínseco, tenha uma

eficácia tão grande que baste, como ensinam os diversos

doutores, para alcançar a salvação de todo o gênero

humano.

Suponde que Nosso Senhor JESUS CRISTO não tivesse

sido crucificado no Calvário e que, em lugar do Sacrifício

cruento da Cruz, houvesse instituído somente a Santa

Missa, com a ordem formal de não se celebrar senão uma

sobre a Terra. Pois bem, admitindo esta suposição, sabei

que essa única Missa, celebrada pelo sacerdote mais

humilde do Mundo, teria sido mais que suficiente,

considerado o seu valor intrínseco, para obter de DEUS a

salvação de todos os homens.

Sim, uma única Missa bastaria, no sentido que acabamos de

explicar, para obter a conversão de todos os hereges e

cismáticos, de todos os infiéis e de todos os maus cristãos;

para fechar a porta do Inferno a todos os pecadores, e para

esvaziar o Purgatório de todas as almas que lá se purificam.

E nós, miseráveis, com nossa tibieza, nossa falta de

devoção, e as escandalosas distrações com que assistimos

à Santa Missa, quantas barreiras lhe opomos à ação e

restringimos a eficácia de seu poder!

-32- -33-

Quisera subir ao cume das mais altas montanhas e de lá

bradar com voz retumbante:

Povo insensato, povo

transviado, que fazeis? Por que não acorreis às Igrejas para

aí assistir a todas as Santas Missas que puderdes? Por que

não imitais os santos Anjos, que, no dizer de São

Crisóstomo, descem do Céu em legiões, quando se celebra

a Santa Missa, e se mantêm diante de nossos altares,

velando-se com as asas em sinal de profundo respeito?

Esperam o momento bendito da Santa Missa a fim de, com

mais sucesso, intercederem por nós, pois sabem muito bem

que é essa a ocasião mais propícia para nos alcançarem as

graças celestes.

E vós! que confusão para vós terdes até agora pouco

apreciado a Santa Missa; e mais, de ter tantas vezes

profanado uma ação tão santa, sobretudo se for do número

daqueles que se atrevem a dizer temerariamente: “

Uma

missa a mais, uma missa a menos, isto é ninharia!.”

A SANTA MISSA

É DE GRANDE AUXÍLIO

PARA AS ALMAS DO PURGATÓRIO

Para concluir esta instrução, refleti que não foi

premeditado desígnio que disse anteriormente que uma

única Santa Missa, tomada em si e em relação ao seu valor

intrínseco, basta para esvaziar inteiramente o Purgatório e

abrir a todas as almas, que lá se acham, as portas do

Paraíso. Com efeito, este Divino Sacrifício vai em auxílio das

lamas dos falecidos, não só satisfazendo por suas dívidas

como propiciatório, mas ainda obtendo-lhes a libertação,

como impetratório. Isto decorrente claramente da conduta da

Igreja, que não somente oferece a Santa Missa pelas almas

sofredoras, como também insere orações para libertá-las.

Ora, a fim de excitar vossa compaixão por essas

santas almas, sabei que o fogo em que estão mergulhados é

tão devorador quanto o do próprio Inferno.

Tal é a opinião de

São Gregório.


Instrumento da Justiça Divina, ele age sobre

as almas com tão grande ardor, que lhes causa dores

intoleráveis e superiores a todos os suplícios que jamais se

pode ver, experimentar ou sequer imaginar aqui na Terra.

Muito mais, porém, sofrem elas pela pena de dano, e é, a

privação da bem-aventurada visão de DEUS. Elas

experimentam, diz São Tomás, uma insuportável angústia,

causada pelo desejo que têm de ver o Soberano Bem,

desejo que não pode ser satisfeito.

Pois bem, consulta-vos intimamente e respondei à

pergunta:

Se vísseis vosso pai e vossa mãe a ponto de

afogar-se num lago e que para salvá-los vos bastasse

estender a mão, não seríeis levados, pela caridade e pela

Justiça, a socorrê-los!?

E então! vedes com os olhos da Fé tantas pobres almas de

vossos parentes próximos, queimando vivas num lago de

fogo, e não quereis impor-vos um pequeno incômodo para

assistir devotamente à uma Santa Missa em seu sufrágio.

De que é feito o vosso coração? Pois quem pode duvidar

que a Santa Missa leve um grande auxílio a essas pobres

almas? Quanto a isto, ouvi São Jerônimo. Ele vos dirá

claramente que, ao celebrar-se a Santa Missa por uma alma

do Purgatório, o fogo tão devorante que ordinariamente a

consome, suspende sua ação e ela não sofre pena alguma

enquanto dura o Sacrifício.

Animae quae sunt in Purgatorio

pro quibus solet sacerdos in Missa orare, ínterim nullum

tormentum sentiunt dum Missa celebratur.

Além disso, afirma que, a cada Santa Missa, muitas almas

ficam livres do Purgatório e voam para o Paraíso?

Missa

celebrata, plures animae exeunt de Purgatório.

-34- -35-

Acresce que esta caridade, exercida em favor das

pobres almas, redundará inteiramente em vosso proveito.

Infinidade de exemplos poderia eu apresentar-vos em apoio

desta afirmação. Contentar-me-ei com um fato perfeitamente

autêntico, acontecido com São Pedro Damião. Criança

ainda, ele perdeu o pai e foi recolhido na casa de um dos

irmãos, que o tratava com muita desumanidade a ponto de

deixá-lo andar descalço, em andrajos e lhe faltando tudo.

Sucedeu que um dia o menino achou, na rua, uma moeda

qualquer. Imaginai a sua alegria e como lhe pareceu ter

achado um tesouro. Mas em que empregá-lo! A pobreza

sugeria-lhe mil projetos. Por fim, depois de refletir

longamente, decidiu dar o dinheiro a um sacerdote para que

celebrasse uma Santa Missa pelas santas almas do

Purgatório. Podeis acreditar: desde então a fortuna mudou

para ele. Recolheu-o outro dos irmãos, mais compassivo,

que o amou como um filho deu-lhe roupas convenientes,

enviou-o à escola, contribuindo assim para que ele se

tornasse esse grande homem e grande Santo, ornamento

púrpuro e forte sustentáculo da Igreja. Vede como uma

única Santa Missa, encomendada com ligeiro sacrifício, se

tornou para ele a origem de tão grande bem.

Ó bem-aventurada Santa Missa! Que ajuda ao mesmo

tempo os mortos e os vivos, que alcança graças para o

tempo presente e para a eternidade. Essas santas almas

são tão gratas a seus benfeitores, que chegando ao Céu,

elas se constituem seus advogados e jamais os abandonam

até que os vejam de posse da glória.

Foi o que verificou uma mulher de má vida em Roma.

Inteiramente esquecida de sua salvação, não pensava

senão em satisfazer suas paixões, e servia de agente de

satanás para corromper a mocidade.

Já não fazia nenhuma boa ação, a não se encomendar

quase todos os dias uma Santa Missa pelas almas do

Purgatório.

Oh! Essas almas, como se pode crer piedosamente, oraram

tão bem por sua benfeitora, que um belo dia, tomada de

profunda contrição de suas faltas, ela abandonou sua casa

infame, foi prostrar-se aos pés de um zeloso confessor, fez

sua confissão geral e pouco tempo depois morreu em

consoladoras disposições que todos ficaram persuadidos de

sua salvação eterna. Esta graça tão admirável foi atribuída à

eficácia das Santas Missas que ela encomendava pelas

lamas do Purgatório.

Despertemos também nós, e não deixemos que os

publicanos e as mulheres da má vida nos precedam no

Reino de DEUS (Mt 21,31)

Se fôsseis dessa raça de ingratos que não só faltam à

caridade, que se esquecem de rezar por seus falecidos, e

não participam nunca de uma Santa Missa por esses pobres

afligidos, mas ainda, violando toda justiça, recusam aplicar

os legados piedosos de Missas, indicados no testamento de

seus parentes.

Oh! Então eu me inflamaria a vos diria em face: “

Retira-vos,

sois piores que um demônio, pois, realmente, os demônios

só torturam as almas dos réprobos, mas vós, vós

atormentais as almas dos eleitos; os demônios exercem sua

raiva sobre os condenados, mas vós sois cruéis com os

predestinados, os amigos de DEUS. Não, não há para vós,

nem confissão que valha, nem padre que vos possa

absolver se não fizerdes penitência de tão grande pecado e

não solverdes inteiramente as dívidas que tendes com os

mortos.”

- Mas, direis, não tenho meios de encomendar essas

missas, não é possível.

-

Não tendes meios? Não é possível? E para manter

essa casa confortável, para andar suntuosamente vestido,

para gastar loucamente em festins, em recepções de prazer,

e, às vezes, em, divertimentos criminosos, tendes meios.

-36- -37-

Depois quando se trata de pagar vossas dívidas, aos pobres

defuntos; não possuís nada! Não é possível?! Ah!

compreendo: não há ninguém na Terra para cobrar essas

contas. Mas tereis que prestá-las a DEUS. Continuai,

portanto, a comer os bens dos mortos, os legados piedosos,

os sacrifícios, mas sabei que é para vós que está escrito nos

Profetas uma ameaça de desgraças, de calamidades, de

tribulações, de ruína irreparável para vossos bens, vossa

honra e vossa vida. Eis a palavra de DEUS que não poderá

ficar sem efeito:

Comederunt sacrificia mortuorum et

multiplicata est in eis ruína – “Comeram os sacrifícios dos

mortos e multiplicou-se neles a ruína”


(Sl 102, 28-29). Sim,

ruínas, infortúnios, perdas irreparáveis às casas que não se

desobrigaram de seus deveres para com os mortos.

Vede quantas famílias extintas, quantas casas

arruinadas, lojas fechadas, comércio em apuros, falências,

quantos males, quantos lamentos! Mas qual é a causa? Um

exame atento revelaria que uma das causas principais é a

crueldade para com os pobres mortos, recusando-lhes os

sufrágios devidos, negligenciando o cumprimento dos

legados piedosos.

Comederunt sacrificia mortuorum et

multiplicata est in eis ruín.

Entretanto, não consiste ainda nisto todo o castigo de

DEUS àqueles sem amor a seus falecidos: outro maior lhes

está reservado na outra vida. São Tiago assegura que eles

serão julgados por DEUS com todo o rigor da justiça, sem

misericórdia, pois que eles mesmos foram impiedosos com

os pobres mortos.

Judicium sine misericordia illi qui non fecit

misericordiam.


(Tg 2, 13). Permitirá DEUS que seus

herdeiros lhes paguem na mesma moeda, e é, que suas

últimas disposições não sejam cumpridas, as Missas

deixadas em testamento não sejam realizadas: e, se forem

celebradas, DEUS não as aplicará a eles, mas a outras

almas que nesta vida tiveram compaixão dos mortos.

Isto nos ensinam, outrossim, nossas crônicas, a

respeito de um irmão que, após a morte, apareceu a um de

seus companheiros, revelando-lhe que no Purgatório sofria

dores extremas, especialmente por ter sido muito negligente

em rezar por seus irmãos falecidos. Até aquele momento ele

não recebera nenhum alívio dos sufrágios e Missas

oferecidos em seu favor. Como punição por sua negligência,

DEUS os aplicava a outras almas que em vida tinham sido

devotas das almas sofredoras.

Ante de terminar esta instrução, permiti-me caro leitor,

suplicar-vos de joelhos e mãos postas de não fechar este

livro sem tomar a firme resolução de fazer, no futuro, todo o

esforço para assistir ou encomendar todas as Santas Missas

que vossas ocupações e vossa condição vos permitirem,

não só pelas almas dos falecidos, mas também pela vossa,

e isto por dois motivos. Em primeiro lugar, para alcançardes

uma boa e santa morte, pois é opinião constante dos

teólogos que não há meio mais eficaz para se chegar a um

bom fim, do que a Santa Missa. Ainda mais, Nosso Senhor

JESUS CRISTO revelou a Santa Mectilde que aquele que,

durante a vida, tiver tido o hábito de assistir devotamente à

Santa Missa, será consolado na morte pela presença dos

Anjos e dos Santos protetores, que o defenderão

poderosamente contra todos os ataques dos demônios. Ah!

De que bela morte será coroada a vossa vida, se a tiverdes

empregado em assistir a todas as Santas Missas que

puderdes.

Em segundo lugar, par sair prontamente do Purgatório

e voar à glória eterna. Já provamos suficientemente a

eficácia da Santa Missa para apressar a remissão das penas

do Purgatório. Contentai-vos aqui com o exemplo e

autoridade do grande servo de DEUS, João d´Ávila, oráculo

da Espanha. Encontra-se em artigo de morte e alguém lhe

perguntou o que mais queria depois da morte, e ele

respondeu:

Missas, Missas, -1- Missas! -1-

-39-

-38-

Mas se me permite, eu quisera dar-vos, sobre este

ponto, um conselho de grande importância: cuidai de

mandar celebrar durante vossa vida todas as Santas Missas

que desejaríeis que fossem celebradas depois de vossa

morte, e não encarregueis disto os que ficarem no mundo

depois de vós.

Tanto mais que Santo Anselmo vos ensina que uma única

Santa Missa assistida ou celebrada por vossa intenção

durante vossa vida, vos será talvez mais útil que mil depois

de morrerdes.

Audire devote unicam Missam in vita vel dare

eleemosynam pro ea, pordest magis quam relinquere ad

celebrandum mille post obitum.

Bem compreendera esta verdade aquele rico mercador

de Gênova que ao morrer, não deixou nenhuma disposição

para assegura-se sufrágios.

Todos se admiravam de que um homem tão rico, tão

piedoso e generoso para com todo mundo, tivesse sido tão

cruel consigo. Mas, terminados os funerais, encontraram-se

lançadas, em um de sus livros de contas, as grandes

caridades que fizera por sua alma durante a vida.


Missas celebradas por minha alma, dois mil escudos; para

o casamento das jovens, dez mil; para tal santuário,

duzentos, etc.”

E no fim lá estava escrito:

“Porque quem deseja o próprio

bem, faça-o a si durante a vida, e não conte com os outros

para que lho façam depois de morto.”

É provérbio bastante conhecido que uma vela à frente

clareia mais que uma tocha atrás.

Aproveitai tão belo exemplo e pesai bem a utilidade e

as vantagens da Santa Missa. Deplorai a cegueira em que

tendes vivido até agora, desestimando o valor de tão grande

tesouro, que por longo tempo tem sido para vós um tesouro

oculto.

Agora, portanto, que lhe conheceis o preço, bani de vosso

espírito e mais ainda de vossos lábios estas expressões

escandalosas: “

Uma missa a mais, uma missa a menos,

pouco importa. Já basta assistir à Santa Missa nos dias de

preceito! A Missa daquele padre é uma Missa de semana

santa: quando ele sobe ao altar, eu fujo da Igreja.”


E tomai

novamente a resolução de assistir, de hoje em diante, a

todas as Santas Missas que puderes, e assistir com a

devida devoção: e, para que assim seja, servi-vos, com a

graça de DEUS do método piedoso e fácil que segue.

MÉTODO CURTO E DEVOTO,

PARA ASSISTIR COM FRUTO

À SANTA MISSA

Era opinião de São João Crisóstomo, opinião aprovada

e confirmada por Gregório, no quarto de seus

Diálogos, que,

no momento em que o padre celebra a Missa, os céus se

abrem, e multidões de Anjos descem do Paraíso para

assistir ao santo Sacrifício. São Nilo abade, discípulo do

mesmo São Crisóstomo, afirma que via, quando este santo

doutor celebrava, uma grande multidão daqueles espíritos

celestes assistindo os ministros sagrados em suas augustas

funções.

Eis o meio mais adequado para assistir com fruto à

Santa Missa: consiste em irdes à Igreja como se fôsseis ao

Calvário, e de vos comportardes, diante do altar, como o

faríeis diante do trono de DEUS, em companhia dos Santos

Anjos. Vede, por conseguinte, que modéstia, que respeito,

que recolhimento são necessários para receber o fruto e as

graças que DEUS costuma conceder àqueles que honram,

com sua piedosa atitude, mistérios tão santos.

-40- -41-

Entre os hebreus, enquanto se celebravam os

sacrifícios da antiga Lei, nos quais se ofereciam apenas

touros, cordeiros e outros animais, era coisa digna de

admiração ver com quanto recolhimento, modéstia e silêncio

o povo todo acompanhava. E, se bem que o número de

assistentes fosse incalculável, além dos setecentos

ministros que sacrificavam, parecia, no entanto, que o

templo estava vazio, pois não se ouvia o menor ruído, nem

um sopro. Ora, se havia tanto respeito e veneração por

esses sacrifícios que afinal, não eram mais que uma sombra

e figura do nosso, que silêncio, que atenção, que devoção

não merece a Santa Missa, na qual o próprio Cordeiro

Imaculado, o Verbo de DEUS, se imola por nós?!

Bem o compreendia Santo Ambrósio. No testemunho

de Cesário, quando ele celebrava a Santa Missa, após o

Evangelho virava-se para o povo e o exortava a um piedoso

recolhimento e impunha a todos guardar o mais rigoroso

silêncio, não só proibindo a menor palavra, mas ainda

abstendo-se de tossir ou fazer qualquer ruído. E era

obedecido. Quem quer que assistisse à Santa Missa do

santo Bispo, sentia-se tomado de profundo respeito e

comovido até ao fundo da alma, tirando assim grande

proveito e acréscimo de graças.

VÁRIOS MÉTODOS

PARA ASSISTIR À SANTA MISSA

O desígnio exclusivo do presente opúsculo é levar

aqueles que o quiserem ler, a adotar com fervo um método

de assistir à Santa Missa, conforme vou expor.

Como, porém, muitas maneiras de assistir à Missa,

todas louváveis e santas, têm sido ensinadas até hoje, não

tenho a intenção de impor-vos a minha.

Deixo-vos, portanto, a liberdade de escolher aquele modo

que mais vos agradar e vos parecer mais conforme a vossa

devoção e capacidade, e farei junto de vós apenas o ofício

de Anjo da guarda, propondo-vos o método mais frutuoso,

quero dizer, o que, a meu humilde julgamento, poderá ser

para vós mais vantajoso e fácil. Neste fim, distinguimos três

classes de métodos.

O primeiro é o das pessoas que, de livro à mão,

seguem atentamente todas as ações do sacerdote, a cada

um recitam outra prece vocal que lêem no livro, e assim

passam todo o tempo da Missa a ler. Não há dúvida que, se

a essa leitura se junta a meditação dos grandes mistérios, é

uma excelente maneira de assistir ao santo Sacrifício; e

produz também grandes frutos.

Visto, porém, exigir atenção excessiva, pois é necessário

seguir todas as cerimônias que o sacerdote efetua, e em

seguida dirigir os olhos ao livro para aí ler a oração

correspondente, torna-se uma prática algo fatigante, na qual

poucas pessoas, creio, hão de persistir, dada a fraqueza do

nosso espírito que se enfada facilmente de refletir sobre

tantas ações diversas que o sacerdote executa no altar.

Enfim, aquele que se acha bem assim e tira proveito

espiritual, continue a seguir este sistema; pois à prática tão

laboriosa não faltará uma recompensa da parte de DEUS.

A segunda maneira de assistir à Santa Missa é a das

pessoas que não se servem de livros e não lêem

absolutamente nada durante todo o tempo do santo

Sacrifício, mas que, com viva fé, fixam os olhos da alma em

JESUS crucificado, e, apoiados na árvore da Cruz, dela

recolhem os frutos por meio de doce contemplação. Passam

todo esse tempo em piedoso recolhimento interior e na

consideração dos sagrados mistérios da Paixão de JESUS

CRISTO, que são não somente representados, mas

misticamente reproduzidos na Santa Missa.

-1-

-42- -43-


É certo que estas pessoas, mantendo suas almas assim

recolhidas em DEUS, exercem atos heróicos de Fé, de

Esperança e de Caridade e de outras virtudes, e não há

duvida que esta maneira de assistir à Santa Missa é muito

mais perfeita que a primeira, e também mais doce e mais

suave, como o atesta a experiência de um bom irmão

converso.

Costuma ele dizer que, ao assistir à Santa Missa, não lia

mais que três letras: a primeira,

negra, era a consideração

de seus pecados que lhe produziam confusão e

arrependimento, e ocupava-o desde o começo até ao

ofertório. A segunda era

vermelha: a meditação da Paixão

de CRISTO, na qual considerava o preciosíssimo Sangue

que JESUS derramou por nós no Calvário, sofrendo morte

tão cruel; nisto se entretinha até à Comunhão.

A terceira letra era

branca pois quando o sacerdote

comungava, ele se unia a JESUS pela comunhão espiritual,

ficando, em seguida, todo absorto em DEUS, contemplando

a glória eterna que esperava como fruto do divino Sacrifício.

Esse homem simples assistia à Santa Missa com grande

perfeição e quisera eu que todos aprendessem dele tão alta

sabedoria.

MÉTODO DE

SÃO LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO

O terceiro método para assistir com fruto à Santa

Missa, é como que a média dos dois precedentes. Não exige

a leitura de inúmeras preces vocais do primeiro, nem obriga

a um espírito de contemplação tão elevado como o segundo.

Bem compreendido, porém, é o mais conforme ao espírito

da santa Igreja, que almeja ver-vos unidos aos sentimentos

do sacerdote que celebra.

Ora, o sacerdote deve oferecer o sacrifício pelos quatro fins

explicados na instrução precedente, pois que a Missa, no

dizer de São Tomás, é o meio mais eficaz de cumprir os

quatro grandes deveres que temos para com DEUS. Por

conseguinte, já que exerceis de certo modo o ofício do

sacerdote, ao assistir à Missa, deveis aplicar-vos quanto

possível à consideração dos ditos quatro fins, que atingis

muito facilmente se, durante a Missa fizerdes as quatro

ofertas indicadas a seguir. Tomai convosco, durante algum

tempo, este livrinho, até que tenhais aprendido bem estes

atos, ou ao menos até lhes terdes penetrado bastante o

sentido, pois não tenho em mira que estejais ligados demais

às palavras.

Logo que a Santa Missa começa, enquanto o

sacerdote se humilha ao pé do altar, dizendo o

Confiteor,

fazei também um pequeno exame, excitai em vosso coração

um ato de contrição sincera, pedindo a DEUS perdão de

vossos pecados.

Implorai, ao mesmo tempo, o auxílio do ESPÍRITO SANTO e

da Santíssima Virgem Maria, a fim de assistir à Santa Missa

com todo o respeito e devoção possíveis. Em seguida, dividi

em quatro partes o tempo da Missa, para, nessas quatro

partes, vos desobrigardes dos quatro grandes deveres, e

isso do modo que segue:

Na primeira parte, que irá desde o começo até ao

Evangelho, cumpris o primeiro dever de honrar e louvar a

majestade de DEUS, digno de receber honras e louvores

infinitos. Para isso humilhai-vos com JESUS, abaixando-vos

na consideração do vosso nada, e confessai sinceramente

que nada sois absolutamente diante da imensa Majestade

divina. Dize-lho, humilhando-vos não só em vosso coração,

como também exteriormente, pois importa assistir à Santa

Missa com uma atitude recolhida e modesta:

-44- -45-


Ó meu DEUS, adoro-vos e reconheço-vos como meu

Senhor e o Mestre de minha alma. Tudo que sou, tudo que

tenho reconheço dever a vós. E, como vossa soberana

Majestade merece homenagem e adoração infinitas, e eu

sou a mais pobre das criaturas, absolutamente incapaz de

pagar-vos esta grande dívida, ofereço-vos os méritos das

humilhações e homenagens que JESUS vos tributa sobre o

altar. O que Ele faz, eu tenho a mesma intenção de fazer.

Humilho-me e prostro-me com Ele diante de vossa

Majestade, e vos adoro pelas próprias humilhações que

JESUS vos oferece. Regozijo-me e felicito-me de vosso

FILHO bem amado Vos preste por mim uma homenagem e

uma honra infinitas.” Amém.

Fechai agora o livro; continuai a fazer muitos atos

interiores, comprazendo-vos de que DEUS seja infinitamente

honrado, e repeti muitas vezes:

“Sim, meu DEUS, regozijo-me da honra infinita que

resulta deste Santo Sacrifício, para Vossa Majestade;

felicito-me e regozijo-me quanto posso.”

Não vos preocupeis em observar à risca as palavras

que vos indico, mas usai aquelas que vos inspirar vossa

piedade, mantendo-vos recolhido e unido a DEUS. Deste

modo tereis saldado bem a primeira dívida.

Durante a segunda parte da Santa Missa, do

Evangelho à elevação, desobrigar-vos-eis do segundo

dever. Lançando um rápido olhar aos vossos pecados, e

vendo a dívida imensa que por eles contraístes com a

Justiça Divina, dizei, com o coração humilhado:

Eis aqui, ó meu DEUS, este traidor que tantas vezes se

revoltou contra vós. Infeliz que sou! Cheio de dor, detesto,

odeio, com a mais viva contrição, meus enormes pecados, e

ofereço-vos em reparação a própria satisfação que JESUS

vos dá sobre o altar.

Ofereço-vos o CRISTO total, com seu preciosíssimo

Sangue, e todos os Seus méritos, DEUS e Homem, que na

qualidade de vítima, de novo se sacrifica por mim. Pois que

o Senhor JESUS se faz, sobre este altar, meu mediador ,

meu advogado, e por seu Sangue implora o perdão para

mim, eu me uno à voz deste SENHOR tão amante, e vos

peço misericórdia por tantos pecados tão graves, que tenho

cometido. Misericórdia! Clama-vos o Sangue de JESUS.

Misericórdia! Clama-vos meu coração desolado.

Ah! Meu adorável SENHOR, se minhas lágrimas não vos

comovem, deixai-vos tocar pelos gemidos de JESUS. Por

que não obteria Ele para mim, sobre este altar, o perdão que

, na Cruz, mereceu para todo o gênero humano? Em virtude

deste preciosíssimo Sangue, espero que me perdoeis,

também todos os meus pecados, os quais não cessarei de

chorar até meu último suspiro. Amém.

Fechai o livro e repeti muitos destes atos de profunda e

sincera contrição. Daí livre curso a vossos sentimentos e,

com confusão de palavras, mas do fundo do coração dizei a

JESUS:

JESUS adorável, dai-me as lágrimas de São Pedro, a

contrição de Madalena, e a dor daqueles santos que, depois

de terem sido grandes pecadores, se tornaram verdadeiros

penitentes, a fim de que, por esta Santa Missa, eu obtenha o

mais completo perdão de meus pecados. Amém.

Fazei muitos destes atos, todo recolhido em DEUS, e

ficai certo de que assim pagareis completamente todas as

dívidas que, por vossos pecados, contraístes com DEUS.

-46- -47-

Na terceira parte, isto é, depois da elevação até a

Comunhão, considerai os imensos benefícios de que fostes

cumulados e, em troca oferecei a DEUS um presente de

valor infinito:

O Corpo e o Sangue de JESUS CRISTO.

Convidai mesmo todos os Anjos e Santos a render graças a

DEUS, por vós, da maneira seguinte, ou de outra qualquer

equivalente:

Eis-me aqui, meu amado SENHOR cumulado de

benefícios, tanto gerais como particulares, que me

concedestes e quereis conceder-me no tempo e na

eternidade. Reconheço que vossas misericórdias para

comigo foram e são infinitas. Eis aqui portanto, em

reconhecimento e em paga, este Sangue Divino, este Corpo

Sacratíssimo, que vos apresento pela mão do sacerdote.

Estou certo de que esta oferenda é suficiente para vos pagar

por todos os bens que me tendes concedido.

Este dom de valor infinito vale por si todos os dons que

recebi, que recebo, e que ainda receberei de vós. Ah!

Santos Anjos e vós todos os habitantes do Céu, ajudai-me a

agradecer a DEUS, e oferecei-Lhe em ação de graças não

só esta Santa Missa, mas todas as que se celebram neste

momento no Mundo inteiro, a fim de que sua bondade tão

cheia de amor seja dignamente agradecida, por tantas

graças que me concedeu e que quer conceder-me agora e

nos séculos dos séculos. Amém.

Ah! Quanto agradará a nosso boníssimo DEUS tão

afetuoso reconhecimento! Como não ficará pago com esta

única oferta que vale mais que tudo, porque é de valor

infinito! E, para mais excitar estes piedosos sentimentos,

convidai o Céu a cooperar convosco. Invocai os Santos aos

quais tendes devoção e dizei-lhes do fundo do coração:

Ó queridos Santos, meus advogados, agradecei por

mim a DEUS de infinita bondade, não viva e morra eu como

ingrato.

Peço-vos, suplicai-lhe aceitar minha boa vontade e levar em

conta o agradecimento cheio de amor, que, por esta Santa

Missa, Lhe oferece, por mim, o adorável JESUS. Amém.

Não vos contenteis me dizer isto uma vez, mas repeti-o

, e ficai certo de que assim chegareis a pagar

completamente esta grande dívida. Maior sucesso ainda

tereis se cada manhã fizerdes o ato de oferecimento que

começa com as palavras

DEUS Eterno (pág. 83), a fim de

com este intuito oferecer todas as Santas Missas celebradas

no Mundo inteiro.

(A oração DEUS Eterno está incompleta,

pois não a conseguimos pro inteiro).

Na quarta parte, depois da Comunhão até o fim da

Santa Missa, enquanto o sacerdote comunga

sacramentalmente, fareis a comunhão espiritual como indico

no capítulo seguinte. Em seguida, contemplando a DEUS no

íntimo de vosso coração, não receeis pedir-Lhe muitas

graças, pois neste momento JESUS une-se todo a vós e Ele

mesmo ora por vós.

Expandi, portanto, vosso coração, pedindo, não coisas de

pouca importância, mas grandes graças. Já que tão grande

é a oferenda que Lhe fazeis, o deu Divino Filho. Dizei-Lhe,

então, com o coração repleto de humildade:

Ó meu DEUS, reconheço-me por demais indigno de

vossos favores; confesso minha suma indignidade, e que,

tendo cometido tantos e tão grandes pecados, não mereço

ser atendido. Como poderíeis, porém, deixar de escutar

vosso Divino Filho, que sobre este altar, pede pro mim,

oferecendo-vos sua vida e seu Sangue? Ó meu DEUS fonte

do Amor, ouvi as súplicas deste poderoso advogado, e, em

consideração a Ele, concedei-me todas as graças que

sabeis que necessito para realizar o grande trabalho de

minha salvação eterna. É agora que ouso pedi-vos o perdão

geral de todos os meus pecados e a graça da perseverança

no bem.

-48- -49-


Mais ainda, confiante nas preces de JESUS peço-vos meu

DEUS, todas as virtudes num grau heróico, e todas as

graças eficazes para tornar-me um verdadeiro santo. Peçovos

a conversão de todos os infiéis e de todos os pecadores

e particularmente daqueles a quem estou unido pelos laços

do sangue ou por um parentesco espiritual.

Imploro-vos a libertação não só de uma, mas de todas

as almas do Purgatório: libertai-as todas e que, pela eficácia

deste Divino Sacrifício, fique vazia aquela prisão. Peço-vos,

humildemente, a conversão de todos os vivos, a fim de que

este miserável Mundo se transforme num paraíso de delícias

onde sejais amado, reverenciado, adorado pro todos no

tempo, para depois irmos louvar-vos e bendizer-vos por toda

a eternidade. Amém.

Pedi ainda, graças para vós, para as crianças, para

vossos amigos, parentes e conhecidos; implorai socorro

para todas as vossas necessidades espirituais e temporais;

rogai para a santa Igreja Católica Apostólica Romana,

pedindo a plenitude de todos os bens, e o fim de todos os

males.

“Rezai muito especialmente pelo Sacerdote que

celebrou a Santa Missa, mais do que todos, ele merece sua

gratidão. Peça ao boníssimo DEUS a perseverança para ele

e muito especialmente que faça dele um grande santo.”

E não façais com negligência, mas com grande confiança,

seguros de que vossas orações, unidas às de JESUS, serão

atendidas.

Terminada a Santa Missa, fazei um ato de

agradecimento a DEUS, dizendo-Lhe:

Agimus tibi gratias,

etc.,


Se puderdes, ficai uns quinze minutos em Ação de

graças, depois saí da Igreja com o coração compungido,

como se descêsseis do Calvário.

Dizei-me agora: se tivésseis assistido deste modo a

todas as Santas Missas, do passado até ao presente, de

quantos tesouros não teríeis enriquecido vossa alma? Oh!

Que enormes prejuízos vos causastes, quando assistia à

Santa Missa, olhando para um e outro lado, observando os

que entravam e saíam da igreja e, muitas vezes até,

conversando ou cochilando, ou, sobretudo, enrolando de

qualquer jeito algumas preces vocais, sem o menor

recolhimento interior. Tomais, portanto, a resolução de

adotar este método tão fácil, tão suave, de assistir com fruto

à Santa Missa, e que consiste me cumprirdes os quatro

grandes deveres para com DEUS: não tenhais dúvida que

em pouco tempo reunireis um grande tesouro de graças

especiais, e nunca mais vos virá à idéia dizer: “Uma missa a

mais, uma missa a menos, que importa!”

DA COMUNHÃO ESPIRITUAL

Quanto à maneira de fazer a comunhão espiritual de

que falei antes, é preciso conhecer a doutrina do santo

Concílio de Trento, o qual ensina que se pode receber o

Santíssimo Sacramento de três modos:

sacramentalmente,

espiritualmente, ou sacramentalmente e espiritualmente ao

mesmo tempo.

Não se fala aqui do primeiro modo, que se verifica também

nos que comungam em estado de pecado mortal, como fez

Judas; nem do terceiro, comum a todos os que comungam

em estado de graça; mas trata-se aqui e do segundo,

adequado àqueles que, tomando as palavras do santo

Concílio, impossibilitados de receber sacramentalmente o

Corpo de Nosso Senhor, “

o recebem em espírito, fazendo,

atos de fé viva e ardente caridade, e com um grande desejo

de se unirem ao soberano bem, e, por meio, se põem em

estado de obter os frutos do Divino Sacramento.”

-50- -51-

“Qui voto propositum illum caslestem panem edentes fide

viva quae per dilectionewm operatur, fructum ejus et

utilitatem sentium”. (Sess. XIII, c.8.)

Para facilitar-vos prática tão excelente, pesai bem o

que vou dizer-vos. No momento em que o sacerdote se

dispõe a comungar, na Santa Missa, recolhei-vos no vosso

íntimo, tomando a mais modesta posição; formulai, em

seguida, em vosso coração um ato de sincera contrição e,

batendo humildemente no peito, em sinal de que vos

reconheceis indignos de tão grande graça, fazei todos os

atos de amor, oferecimento, humildade e os demais que

costumais fazer quando comungais sacramentalmente:

Desejai, então, vivamente receber o adorável JESUS ,

oculto por vosso amor, no Santíssimo Sacramento.

Para excitar em vós o fervor, imaginai que a Santíssima

Virgem ou um de vossos santos padroeiros vos dá a santa

comunhão: suponde recebê-la realmente e, estreitando

JESUS em vosso coração, repeti-Lhe muitas e muitas vezes

com ardente amor: “

Vinde, JESUS adorável, vinde ao meu

pobre coração; vinde saciar meu desejo; vinde meu adorado

JESUS, vinde ó dulcíssimo JESUS!”


E depois ficai em

silêncio, contemplando vosso DEUS dentro de vós, e, como

se tivésseis todos os atos que habitualmente fazeis depois

da comunhão sacramental.

Ora, sabei que esta santa e bendita comunhão

espiritual, tão pouco praticada pelos cristãos de nossos dias,

é um tesouro que cumula a alma de bens incalculáveis; e,

no sentir de muitos autores, é de tal modo eficaz que pode

produzir as mesmas graças que a comunhão sacramental, e

maiores ainda.

Com efeito, se vem que a comunhão sacramental, na qual

se recebe a santa Hóstia, seja por sua natureza de maior

proveito, porque como sacramento, age

ex operare operato,

é possível, no entanto, que uma alma faça a comunhão

espiritual com tanta humildade, amor e fervor, que obtenha

mais graças que não obteria outra, comungando

sacramentalmente, mas com disposição menos perfeita.

Nosso Senhor, outrossim, ama tanto este modo de

fazer a comunhão espiritual, que muitas vezes se dignou

atender com milagres visíveis os piedosos desejos de seus

servos, dando-lhes a comunhão ou por sua própria mão,

como fez à bem-aventurada Clara de Montefalco, a Santa

Catarina de Sena, e a Santa Lidvina; ou pela mão dos Anjos,

como aconteceu a São Boaventura e aos santos bispos

Honorato e Firmino; ou ainda, mais freqüentemente, por

meio da augusta Mãe de DEUS, que se dignou dar a

comunhão ao bem aventurado Silvestre.

Não vos admireis desta condescendência tão terna, pois a

comunhão espiritual abrasa a alma no amor a DEUS, une-a

Ele, e dispõe-na a receber as graças mais insignes.

Se refletísseis, portanto, nestas coisas, seria possível

permanecerdes, frios e insensíveis? Que desculpa poderíeis

invocar para isentar-vos de tão devota prática? Tomai a

resolução de vos habituardes a ela; e notai que a comunhão

espiritual tem sobre a sacramental esta vantagem, que esta

só se pode fazer uma vez ao dia, enquanto aquela podeis

fazê-la em todas as Missas que quiserdes, e ainda, de

manhã, à tarde, o dia todo ou de noite, em casa como na

igreja, sem necessitar permissão de vosso confessor.

Em resumo, quantas vezes fizerdes a comunhão espiritual,

outras tantas vos enriquecereis de graças, de méritos e de

toda sorte de bens.

-52- -53-

Ora o fim deste livrinho é despertar no coração de

todos os que o lerem um santo ardor para que se introduza

entre os fiéis o costume de assistir todo dia piedosamente à

Santa Missa e de fazer ai a comunhão espiritual. Oh! Que

felicidade se, se obtivesse este resultado! Teria, então, a

esperança de ver refletir em toda a Terra este santo fervor

que se admirava na Idade de ouro da primitiva Igreja. Nesse

tempo os fiéis assistiam diariamente ao Santo Sacrifício, e

diariamente recebiam a Comunhão sacramental. Se dignos

não sois de imitá-los, ao menos assisti a todas as Santas

Missas que puderdes e comungai espiritualmente. Se eu

tivesse a dita de persuadir-vos, creria ter ganho o Mundo

inteiro, e daria por bem recompensados os meus débeis

esforços. Enfim, para desfazer todos os pretextos que se

apresentam ordinariamente, a fim de não assistir à Santa

Missa, darei nos capítulos seguintes diversos exemplos que

interessam a toda sorte de pessoas. Por aí cada um

compreenderá que, se, se priva de tão grande bem, é por

sua culpa, por sua preguiça e seu pouco zelo pelas coisas

santas, e que assim se prepara amargo arrependimento na

hora da morte.

EXMPLOS PRÓPRIOS PARA EXCITAR OS FIÉIS

DE TODOS OS ESTADOS E CONDIÇÕES

A ASSISTIR TODOS OS DIAS À SANTA MISSA

Aqueles que não têm gosto para assistir à Santa Missa,

invocam inúmeros pretextos para escusar sua tibieza.

Podeis vê-los absolvidos por seus negócios. Cheios de

solicitude e zelo pelo progresso de seus miseráveis

interesses.

Para isso toda fadiga é leve e não há dificuldade que os

retenha. Ao contrário, para assistir à Santa Missa, que é o

mais importante dos tesouros, ei-los cheios de frieza e

preguiça, invocando centenas de escusas frívolas: sues

números cuidados, sua saúde delicada, os embaraços da

família, a falta de tempo, o excesso de ocupações. Em

suma, se a Santa Madre Igreja não os obrigasse sob pena

de pecado a assistir à Santa Missa ao menos, aos domingos

e dias santificados, sabe DEUS se visitariam jamais uma

igreja ou dobrariam o joelho ante um altar.

Ó vergonha ó profunda miséria de nossos tempos

infelizes, que estamos longe do fervor dos primeiros

cristãos, os quais, como já disse, assistiam todo dia à Santa

Missa e recebiam o pão dos Anjos.

No entanto não lhes faltavam afazeres, cuidados,

ocupações. Mas a própria Santa Missa era para eles um

auxílio para bem dirigir seus negócios e interesses

espirituais e temporais. Mundo obcecado! Quando abrirás os

olhos para reconhecer tão palpável ilusão? Vamos!

Despertemos todos! E que nossa devoção preferida, a mais

amada, seja assistir diariamente à Santa Missa e nela

comungar, pelo menos espiritualmente.

Para alcançar tão santo resultado, não sei de meio

mais eficaz que o exemplo, pois é uma máxima indiscutível

que todos

vivimus ab exemplo: isto é, que tudo que vemos

feito por nossos semelhantes se nos torna acessível e fácil.

Não poderás fazer, dizia a si próprio Santo Agostinho, o que

fazem estes e aqueles?

Tu non poteris qudo isti et istae?

Apresentarei, portanto, alguns exemplos interessantes de

pessoas diversas, e por este meio espero convencer todo o

mundo.

-54- -55-

EXEMPLOS PARA EXCITAR OS PADRES

A CELEBRAR TODO DIA

SALVO CASO DE LEGÍTIMO IMPEDIMENTO

Ó Sacerdote de CRISTO, procedei de tal modo que,

antes de tudo, seja simples e pura a vossa intenção, e que

só tenhais a DEUS em vista.

Com esta finalidade, renovai ao menos mentalmente antes

de começar a Santa Missa, as quatro intenções ensinadas

anteriormente, e em vosso

memento, depois de feita a

aplicação devida, oferecei brevemente o Sacrifício ao

altíssimo, para os fins a que foi instituído, Isto é, para honra

a DEUS, agradecer-Lhe dar-Lhe reparação, e obter de sua

bondade todos os bens.

Ponde em seguida todo o cuidado, a fim de celebrar com o

máximo de modéstia, recolhimento, e atenção possível,

calmamente, sem vos apressardes, mas empregando todo o

tempo necessário para pronunciar bem todas as palavras,

para executar integralmente todas as cerimônias com a

gravidade e dignidade convenientes.

Pois, se as palavras não são bem articuladas e as

cerimônias bem feitas, ao invés de excitar a piedade e

devoção tornam-se para os assistentes motivo de

escândalo.

Isto posto, todo sacerdote deve tomar a firme e

constante resolução de celebrar todos os dias a Santa

Missa.

Se na Igreja primitiva, os leigos comungavam diariamente, é

de crer com mais forte razão que os padres celebravam

todos os dias.

Santo André dizia a seu perseguidor: Quotidie Emmolo

DEO Agnum immaculatum. “Ofereço diariamente a DEUS, o

Cordeiro Imaculado.” E São Cipriano, em uma de suas

cartas:

Sacerdotes que Sacrificium DEO quotidie

immolamus. “


Nós sacerdotes, que cada dia oferecemos a

DEUS o Sacrifício.”

São Gregório Magno conta que São Cassiano, Bispo de

Narni, tinha o costume de celebrar a Santa Missa todos os

dias, e que seu capelão recebeu de DEUS a ordem de dizerlhe

que fazia muito bem, e quão agradável lhe era a

devoção do santo Bispo, estando-lhe reservada grande

recompensa no Paraíso.

Ao contrário, os padres que, por negligência, omitem a

celebração da Santa Missa, prejudicam imensamente a

Igreja, de um modo que ninguém pode calcular.

É bem conhecida a sentença do venerável Beda:

Sacerdos

que absque legitimo impedimento Missae celebrationem

omittit, quantum in ipso est sanctissima Trintatem privat

laude et gloria, angelos laetitia, Peccatores vênia, justos

asuxilio et gratia, existente in Purgatório subsidio et

refrigério, Ecclesiam ipsam ingenti beneficio, et seipsum

medicina ey remédio.

“O Sacerdote que, sem um legítimo

impedimento, omite a celebração da Santa Missa,

em quanto lhe é dado, priva os pecadores, de

perdão; os justos, de graça; as almas do Purgatório,

de refrigério e socorro; toda a igreja, de imenso

beneficio, e enfim a si próprio de medicina e

remédio.”

-56- -57-


“Onde encontrareis ladrão tão audacioso que ,

duma vez, cometa um roubo de tal importância,

como este padre que, omitindo sem motivo, a Santa

Missa, subtrai tão grandes bens aos vivos, aos

mortos e a toda a Igreja? Múltiplas ocupações não

constituem desculpa.”

O bem-aventurado Fernando, arcebispo de Granada, e

ao mesmo tempo primeiro ministro do reino e, portanto,

assoberbado de afazeres, celebrava, ainda assim ,

diariamente. O Cardeal de Toledo comunicou-lhe que a

corte lamentava que, com tantos negócios a atender,

celebrasse diariamente. “

É justamente por isso, respondeu o

servo de DEUS. Já que suas altezas impuseram-me aos

ombros fardo tão pesado, não acho, para manter-me, melhor

sustentáculo, que o santo Sacrifício da Missa, no qual vou

haurir força e coragem para desempenhar minhas funções.”

Muito menos vale para escusar-me uma espécie de

humildade como a de São Pedro Celestino. A idéia sublime

que ele fazia deste Mistério leva-o a abster-se de celebrar

diariamente. Apareceu-lhe, porém, um santo abade e lhe

disse severamente: “

E que Serafim digno de celebrar

encontrareis no Céu? A escolha de DEUS para ministros do

Santo Sacrifício não recaiu sobre os Anjos, mas sobre os

homens, como tais sujeitos a mil imperfeições. Está bem

que vos humilheis; mas celebrai diariamente, que tal é a

vontade de DEUS.”

No entanto, para que a freqüência não diminua o

respeito, esforçai-vos por imitar estes Santos que se

salientaram especialmente pela modéstia e devoção nos

santos Mistérios.

O grande e ilustre arcebispo São Herberto celebrava

com tão extraordinário fervor, que parecia um Anjo do

Paraíso. São Lourenço Justiniano ficava imóvel no altar,

seus olhos pareciam rios de lágrimas, e seu espírito se

empolgava todo em DEUS. Entre todos, porém, distingue-se

São Francisco de Sales; jamais se viu um padre subir ao

altar com mais majestade, respeito e recolhimento. Quando

se revestia dos ornamentos sagrados, depunha e afastava

todo pensamento estranho, e, apenas punha o pé no

primeiro degrau do altar, sua fisionomia, em que as refletia o

recolhimento de sua alma, assumia uma expressão toda

Angélica que deixava encantados os assistentes.

Mas como encontravam estes Santos tantas delícias

espirituais na celebração da Santa Missa! É que celebravam

como se estivessem em presença de toda a corte celeste.

Assim acontecia realmente a São Bonet, Bispo de Clermont.

Uma noite em que ficara sozinho na Igreja, apareceu-lhe a

Santíssima Virgem rodeada de uma multidão de Santos.

Alguns dentre eles perguntaram à augusta Rainha quem

devia celebrar a Santa Missa. “

Bonet, o meu servo bemamado”,

respondeu ela. O santo Bispo, ouvindo pronunciar

seu nome, recuou assustado, buscando esconder-se, e a

parede de pedra, sobre a qual se apoiou, por um grande

milagre, amoleceu; a forma de seu corpo aí ficou impressa e

ainda se pode ver. Sua humildade só lhe serviu para o tornar

mais digno. Teve de celebrar em presença da Santíssima

Virgem, com assistência de todos aqueles cidadãos do Céu.

Depois da Santa Missa a Santíssima Virgem Maria, deu lhe

uma alva de fulgente brancura e de estofo tão fino como não

se pode encontrar nenhum comparável.

Ainda hoje se venera esta alva como preciosa relíquia. Com

que modéstia, pergunto-vos, com que recolhimento e amor

não terá ele celebrado aquela Santa Missa?

-58- -59-

Se este exemplo, entretanto, vos parece por demais

extraordinário, imitai então a conduta do glorioso São

Vicente Ferre. Diariamente ele celebrava a Santa Missa,

antes de pregar a um inumerável auditório.

Ora, duas coisas ele levava ao santo altar: uma soberana

pureza de alma e uma extremada compostura exterior. Para

conseguir a primeira, confessava-se cada manhã; e eis o

que quisera de vós, ó sacerdote que buscai a maior honra

de DEUS, ao celebrar os santos Mistérios.

É espantoso que alguns empreguem meia hora lendo

livrinhos em preparação ao santo Sacrifício, enquanto que

um curto exame e um ato de viva contrição sobre qualquer

pecado da vida passada se não houver outra matéria,

bastar-lhe-ia para adquirir grande pureza de coração. Esta é

a preparação mais perfeita que poderíeis fazer para a Santa

Missa: confessar-vos, o mais que puderdes, todas as

manhãs.

Bani todo escrúpulo e não desprezeis o conselho que vos

dou. Oh! Que messe abundante de méritos amontoaríeis

então! Como me agradeceríeis ao encontrar-nos na bemaventurança

eterna!

Para alcançar a segunda, o Santo queria que o altar

fosse ornamentado com magnificência; exigia extremo

asseio nos paramentos e vasos sagrados. Confesso que a

pobreza de muitas igrejas escusa-as de possuir paramentos

ricos, bordados a ouro e seda; quem pode, porém, dispensar

o asseio e a decência convenientes? Zelo tão ardente pelos

Santos Mistérios animava o seráfico São Francisco, que,

apesar de seu amor à santa pobreza, queria os altares

mantidos em perfeita limpeza, e mais ainda os sagrados

paramentos que diretamente servem ao Divino Sacramento.

Ele mesmo punha-se muitas vezes a varrer as igrejas.

São Calos, em suas ordenações, mostra-se tão

exigente em coisas que podem parecer mesquinhas

minúcias, que, na verdade é de admirar.

Para terminar, a augusta Mãe de JESUS, nosso DEUS, quis

pessoalmente fazer-nos compreender esta necessidade,

quando em uma aparição a Santa Brígida, disse: “Missa

dicinon, debet nisi in ornamentis mundis.” “

Não se deve

celebrar a Santa Missa senão com paramentos

convenientes, que inspirem devoção por seu asseio e

decência.”

Antes de terminar este parágrafo, resta dizer algo a

respeito do ministro que serve à Santa Missa. Em nossa

época dá-se aos meninos e a ignorantes este encargo, de

que nem os próprios reis seriam dignos.

Diz São Boaventura que é um mister angélico, pois muitos

Anjos assistem ao Santo Sacrifício e servem a DEUS neste

santo mistério.

A gloriosa Santa Mectilde viu a alma de um irmão leigo

envolta em deslumbrante claridade por ter-se empregado

com extremo fervor em servir em todas as Santas Missas

que pudera.

São Tomás de Aquino, o sol da Escolástica, conhecia bem o

valor inestimável deste ofício de servir no divino Sacrifício, e

não se dava por satisfeito se, depois de ter celebrado a

Santa Missa, não ajudava outra.

São Tomás More, chanceler da Inglaterra, punha suas

delícias nesta santa função; e certo dia, admoestado por um

grande do reino que lhe avisava de que o rei Henrique veria

com desprazer ação tão pouco digna dum primeiro ministro,

respondeu: “

Não pode segredar a meu senhor, o rei, que eu

sirva o Senhor de meu rei, o qual é o Rei dos reis e o

Senhor dos senhores.”

-60- -61-
Aí está o bastante parta confundir essas pessoas, às vezes

até piedosas, a quem é preciso pedir d suplicar para que

ajudem à Santa Missa, quando deveriam porfiar e apoderarse

do missal a fim de ter a honra de desempenhar emprego

tão santo que faz inveja aos próprios Anjos e Santos do

Paraíso.

Importa, evidentemente, velar com cuidado para que os

que ajudam à Santa Missa sejam bem instruídos quanto a

seu papel.

Devem manter os olhos baixos, uma atitude modesta e

piedosa; cumpre-lhes pronunciar as palavras, distintamente,

docemente, em voz não baixa demais, que o sacerdote não

os ouça, nem por demais alta, que incomode os que

celebram nos altares próximos.

Dever-se-ia, outrossim, excluir certos meninos muito

levianos, que brincam e fazem barulho e perturbam o

recolhimento do sacerdote. Rogo a DEUS que inspira aos

homens prudentes dedicarem-se a este ofício tão santo e

louvável. Competiria aos mais nobres a aos mais instruídos

dar este belo exemplo.

EXEMPLOS

DE VÁRIOS PRÍNCIPES

REIS E IMPERADORES

Os exemplos dos grandes causam ordinariamente muito

mais impressão que a piedade mesmo singular de simples

particulares, conforme o axioma vulgar: “

Conforme-se a terra

ao exemplo do rei.” “


Regis ad exemplum totus componitu

orbis.”

Ora, longa seria a lista que eu poderia desenrolar, para

animar a seguir o exemplo daqueles que assistiam todos os

dias à Santa Missa.

Citaremos rapidamente alguns: Constantino Magno não só

assistia todos os dias à Santa Missa, mas, quando partia em

qualquer expedição, em pleno fragor da guerra e ruído das

armas, fazia-se acompanhar dum altar portátil no qual

mandava celebrar diariamente a Santa Missa, e por este

meio alcançou retumbantes vitórias. O Imperador Lotário

observava sempre a mesma prática. Em tempos de paz

como de guerra, fazia questão de assistir, todos os dias, a

três Santas Missas. O piedoso Henrique III, rei da Inglaterra,

assistia, do mesmo modo, a três Santas Missas diárias, para

grande edificação de sua corte.

Singulis diebus três Missas cum nota audire soletat, et

piures audire cupiens privatim celebrantibus assidue

assistebat.


O Senhor recompensou-o, ainda neste mundo,

com um feliz reinado de cinqüenta e seis anos.

Mas, para expor à luz a piedade dos monarcas ingleses

e sua assiduidade em assistir à Santa Missa, não é preciso

remontar aos séculos passados; basta considerar a grande

alma de Maria Clementina, a piedosa rainha cuja perda

Roma ainda chora. Como ele se dignou dizer-me muitas

vezes, punha todas as suas delícias em assistir ao Divino

Sacrifício e todos os dias assistia a todas as Santas Missas

que podia. Mantinha-se imóvel, sem almofadas, sem apoio,

como uma estátua.

E por esta devota assistência à Santa Missa, acendeu-se

em seu coração amor tão ardente a JESUS-Hóstia, que se

esforçava por assistir diariamente a três ou quatro bênçãos

do Santíssimo Sacramento.

Sua carruagem percorria a toda a velocidade as ruas de

Roma, a fim de permitir-lhe chegar a tempo nas diversas

igrejas. E quantas lágrimas derramou esta santa mulher

para mitigar a fome que tinha de pão dos Anjos, fome tão

veemente que lhe causava enlanguescimento noite e dia,

porque seu coração se achava a todo instante transportado

aonde estava seu tesouro.

-62- -63-

DEUS permitiu, entretanto, que tão prementes instâncias

não fossem atendidas; permitiu-o para tornar mais heróico o

seu amor, mais ainda, para torná-la mártir de amor. Assim, a

meu ver, isto lhe acelerou a morte, como posso julgar pela

última carta que me escreveu já no leito de morte. É certo

que, se lhe foi negada a comunhão freqüente, não perdeu

ela o mérito, pois, não podendo satisfazer seu amor pela

comunhão sacramental, buscava consolo na comunhão

espiritual, que fazia não só na Santa Missa, mas renovava-a

muitas vezes durante o dia, com grande contentamento de

seu coração, seguindo o método indicado no capítulo

anterior.

Ora, dizei-me, este exemplo sublime não basta para

rechaçar todas as desculpas dos que demonstram tanta

preguiça em assistir, todos os dias à Santa Missa e nela

fazer a comunhão espiritual? Não me satisfaz, entretanto,

que imiteis esta boa rainha com o fervor do vosso coração

em desejar receber JESUS-HÓSTIA; mas quisera que a

imitásseis, ocupando vossas mãos nos trabalhos que tão

freqüentemente ela efetuava, a fim de prover de objetos do

culto às igrejas pobres, exemplo seguido em Roma por

muitas damas nobres, que se consideravam felizes em

trabalhar com suas mãos nos vários paramentos destinados

ás igrejas. E fora de Roma, conheço uma grande princesa,

ilustre tanto por sua piedade como pelo nascimento, que

assistia, todas as manhãs, a várias Santas Missas, e ocupa

suas damas nos trabalhos destinados ao altar, a ponto de

enviar caixas cheias de corporais, manutérgios e outras

peças semelhantes aos missionários e pregadores, para que

distribuam ás igrejas pobres e a fim de que o Divino

Sacrifício seja oferecido a DEUS com toda a pompa,

decência e solenidade adequadas.

Terminamos este parágrafo com o exemplo da São

Venceslau, rei da Boêmia, que todos devem imitar, se não

em tudo, ao menos na medida do possível.

Este Santo rei, não contente em assistir diariamente a

muitas Santas Missas, de joelhos sobre o chão duro, e de

servir aos padres no altar, com mais humildade que um

seminarista, presenteava, ainda, as igrejas com as jóias

mais preciosas de seu tesouro e as mais ricas tapeçarias de

seu palácio.

Costumava, além disso, confeccionar, com suas próprias

mãos, as hóstias destinadas ao santo Sacrifício.

Para este fim e sem receio de diminuir sua dignidade real,

com suas mãos feitas para empunhar o cetro, cultivava um

campo, conduzindo a charrua, semeava o trigo, fazia a

colheita, depois moia os grãos, peneirava a farinha,

preparava e cortava as hóstias e as apresentava com o mais

profundo respeito aos sacerdotes, para que as

convertessem no Corpo do Salvador.

Ó mãos dignas, de São Venceslau, de empunhar o cetro da

Terra inteira! Qual foi, porém, a recompensa de tão terna

piedade?

Permitiu DEUS que o imperador Oto I concebesse pelo

santo rei tal benevolência que lhe concedeu o privilégio de

gravar em seu brasão as armas do império: a águia negra

sobre fundo branco, favor nunca obtido por nenhum outro

príncipe.

Deste modo, por intermédio do imperador, quis DEUS

recompensar a grande devoção de São Venceslau ao

Sacrifício da Eucaristia. Magnífica, porém foi sua

recompensa no Céu, quando, por um glorioso martírio,

obteve uma bela coroa de glória eterna.

E assim, graças a essa afeição profunda à Santa Missa, ele

foi duplamente coroado, neste mundo e no outro.

-64- -65-

EXEMPLOS PARA AS PESSOAS DE CATEGORIA

Uma mulher, que entra na Igreja com um traje

espaventoso, atrai todos os olhares, e queira DEUS n’ao

atraia também os corações, arrebatando ao SENHOR as

devidas adorações. Não é preciso excitar estas pessoas a

assistir todos os dias à Santa Missa; já são demais levadas

a freqüentar as igrejas. O importante será fazer-lhes

compreender com que modéstia e respeito devem portar-se

na casa de DEUS, especialmente quando se celebra a

Santa Missa. Tanto mais me edificam senhoras da nobreza

e princesas que só aparecem ante aos altares vestidas

simplesmente, sem luxo nem elegâncias refinadas, quanto

me escandalizam certas pretensiosas que, com seus

penteados ridículos e ares de atrizes, assumem poses de

deusas no lugar santo.

A bem-aventurada Ivete teve, certo dia, uma visão, que

devia inspirar a essas pessoas o temor respeitoso devida à

Santa Missa.

Ao assistir à Santa Missa viu essa nobre flamenga um

espetáculo terrível. Perto dela estava uma dama distinta,

cujo olhar se fixava aparentemente no altar; mas não era

para seguir o Santo Sacrifício, nem para adorar o

Santíssimo Sacramento que ia receber, e sim, para

satisfazer uma paixão impura. Em volta dela estavam um

grande número de demônios que dançavam e se expandiam

em demonstrações de regozijo. Quando ela se levantou para

se dirigir à mesa sagrada, uns lhe seguraram a cauda do

vestido, outro lhe ofereceu o braço enquanto outros lhe

faziam cortejo e serviam-lhe como a sua senhora. No

momento em que o sacerdote descia do altar com a Santa

Hóstia na mão a fim de dar a comunhão àquela infeliz,

pareceu a Ivete que o Salvador abandonava as santas

espécies e volvia ao Céu, repugnando-Lhe entrar num

coração assim rodeado de espíritos das trevas.

Aterrorizada por semelhante cena, abem-aventurada

Ivete dirigia humildes preces a Nosso Senhor. E Ele reveloulhe

a causa, fazendo-lhe ver que aquela mulher alimentava

uma paixão desordenada por uma pessoa que se achava

próxima do altar, e que durante toda a Santa Missa, ao invés

de se ocupar dos Santos Mistérios, contemplava-a com

olhares impuros, desejando antes lhe agradar que agradar a

DEUS. Por isso rodeavam-na os demônios e faziam-lhe o

cortejo.

Dir-me-eis que não sois do número dessas infelizes

criaturas, e eu creio de boa vontade. Se, entretanto, ides à

Igreja com certos trajes escandalosos, mereceis todas as

censuras.

Transformeis o templo sagrado em covil de ladrões, pois

roubais a DEUS a honra, pelas distrações que provocais aos

sacerdotes, aos ministros, a todo o povo.

Por favor, considerai e tomai a resolução de imitar

Santa Isabel da Hungria. Para assistir à Santa Missa, ela se

dirigia com grande pompa à Igreja. Mas, para assistir ao

Santo Sacrifício retirava da cabeça a coroa, os anéis dos

dedos, depunha seus ornamentos e cobria-se com um véu,

ficando em atitude tão modesta que nunca foi vista desviar

sequer os olhos. Tudo isso agradou de tal modo a DEUS,

que Ele quis manifestá-lo a todos: durante a Santa Missa a

Santa aparecia envolta de tal claridade que se velavam de

deslumbramento os olhos dos assistentes; parecia-lhes

contemplar um anjo do Paraíso. Imitai exemplo tão ilustre,

certos de que agradareis a DEUS e aos homens, e que a

Santa Missa será para vós de imenso proveito para esta

vida e para a outra.

EXEMPLO PARA AS MULHERES DO POVO

Grande é a utilidade que se aufere da assistência à Santa

Missa, o que acaba de ser demonstrado.

-66- -67-




Muitas vezes, porém há impossibilidade para certas

pessoas, ou mesmo inconveniência de ir à Igreja todos os

dias. Vós que tendes filhos pequenos, ou que por obrigação

ou caridade cuidais de um doente, ou que tendes um marido

difícil que vos proíbe sair, não deveis inquietar-vos, ou, o

que é pior, desobedecer.

Pois, ainda que a Santa Missa seja um santo tesouro e de

valor infinito, apesar de tudo, é sempre ainda melhor

obedecer e renunciar à própria vontade, pois a obediência é

imensamente valiosa.

Que sucederia, no entanto, se fôsseis à Santa Missa

para vos entregardes à tagarelice, à curiosidade, às

distrações voluntárias, e voltásseis com as mãos vazias? Foi

o que sucedeu a uma camponesa, que morava em uma

aldeia m pouco afastada da Igreja.

Querendo alcançar uma graça importante, ela prometeu

assistir à Santa Missa durante um ano. Com esta intenção,

todas as vezes que ouvia repicar o sino anunciando a Santa

Missa, em alguma Igreja dos arredores, largava

imediatamente seu trabalho e punha-se a caminho sem

atender sequer às inclemências do tempo. De volta a casa,

para não perder a conta das Santas Missas assistidas, que

tencionava completar exatamente conforme se impusera,

depositava cada vez uma fava em uma caixa

cuidadosamente guardada. Passou-se o ano, e ela, certa de

ter cumprido a promessa e alcançado muitos méritos, foi

abrir a caixa. Ora, de tantas favas que ajuntara, só

encontrou uma. Surpreendida e consternada, invadiu-a um

grande pesar, e dirigiu-se a DEUS, dizendo-lhe lacrimosa: Ó

SENHOR, como é possível que, de tantas Santas Missas

que participei, só uma se encontre de sobra? Nunca faltei, a

despeito do esforço a fazer, do mau tempo, da chuva, do frio

e do caminho ruim!

DEUS então lhe inspirou a idéia de contar sua infelicidade a

um piedoso sacerdote muito prudente.

Este lhe perguntou de que modo ia ela à igreja, e com que

devoção assistia ao santo Sacrifício.

Então ela disse-lhe que, no caminho só falava de negócios

ou de diversões e passava o tempo dos divinos Mistérios a

tagarelar com um e outro, tendo o espírito ocupado

exclusivamente com sua casa e seus campos. “

Aí está, lhe

disse o padre

, o motivo de nada restar dessas Missas. A

tagarelice, a curiosidade, as distrações voluntárias vos

roubaram todo o mérito. Satanás vo-lo roubou. Por isso

vosso Anjo fez desaparecer as favas, para vos mostrar que

as obras mal feitas, ficam perdidas. Dai graças a DEUS

porque, pelo menos, uma das Santas Missas, foi bem

assistida e vos trouxe frutos.”

Fazei agora uma reflexão bem séria e dizei: Quem

sabe, de tantas Santas Missas a que tenho assistido em

minha vida, quantas foram agradáveis a DEUS? Que vos

responde a consciência! Se vos parece que bem poucas

dessas Santas Missas são dignas de mérito aos olhos de

DEUS, remediai esta situação e emendai-vos sinceramente

para o futuro.

Mas se, o que não queira DEUS, sois do número

dessas infelizes, asseclas dos demônios, que vão à igreja

ajudá-los a arrastar ao inferno, ouvi uma história apavorante

e tremei!

Conta-se que certa mulher, tendo caído em grande

miséria, errava em extremo desespero, num lugar solitário.

Apareceu-lhe satanás e disse-lhe que se ela quisesse

distrair as pessoas na igreja, por meio de conversinhas e

falatório inútil e inconveniente, ele a tornaria rica como

nunca. A miserável mulher aceitou a proposta e pôs-se a

executar o diabólico ofício, alcançando plenos resultados:

agia e falava de tal maneira que ninguém perto dela podia

assistir atentamente à Santa Missa, nem a outras

cerimônias.

Não durou muito, porém, que não pesasse sobre ela a mão

de DEUS.

-68- -69-
Certa manhã desencadeou-se terrível tempestade e um raio

certeiro fulminou-a, reduzindo-a a cinzas.

Ó mulheres, aprendei à custa de outrem, e fugi das

pessoas que por suas tagarelices e irreverências nas igrejas

exercem o ofício de ministros de satanás, se não quereis

incorrer também na cólera de DEUS.

EXEMPLOS PARA

OS NEGOCIANTES E ARTÍFICES

Infelizmente o deus dos nossos tempos é o dinheiro.

Quão numerosos são os que se prostram diante dele e lhe

oferecem adoração em todo tempo e lugar!

O resultado é que, correndo atrás deste ídolo, esquecem o

verdadeiro DEUS, e, por conseqüência, precipitam-se num

abismo de desgraças e perdem toda a felicidade, enquanto

que, na afirmação do profeta e rei, aqueles que buscam a

DEUS antes de tudo, não caem em nenhum verdadeiro mal

e têm acréscimo de todos os bens,

Inquirentes Dominum

non minuentur omni bono


(Sl 33,11). Esta palavra se verifica

ainda mais naqueles que , antes de se entregarem a seu

trabalho ou a seus negócios, têm o cuidado de assistir ativa

e atentamente à Santa Missa.

É o que prova a história dos três negociantes de Gúbio.

Dirigiram-se a uma feira que se realizava num burgo

chamado Cisterno. Depois de vender suas mercadorias, dois

deles começaram a pensar na volta e resolveram partir no

dia seguinte de madrugada, a fim de estarem em casa ao

cair da tarde. O terceiro discordou desta resolução e

declarou que, sendo o dia seguinte um domingo, não se

punha a caminho se antes ter assistido à Santa Missa.

E exortou os outros, se queriam voltar como tinham vindo,

teriam primeiro que assistir à Santa Missa; em seguida

fariam uma refeição e partiriam abençoados.

Além disso, se não pudessem chegar naquela mesma noite

a Gúbio, não faltariam albergues confortáveis no caminho.

Os companheiros não se renderam aos conselhos

salutares e sensatos; mas, decididos a chegar naquela

mesma noite a seus lares, responderam que DEUS havia de

perdoar-lhes se pro aquela vez faltassem à Santa Missa.

Assim, no domingo, antes da aurora, sem entrar sequer na

igreja, montaram a cavalo e tomaram a estrada para sua

terra.

Em breve chegaram à torrente de Corfuone, que a chuva

torrencial da noite anterior engrossara a ponto de fazer

transbordar. A água, em corrente impetuosa, sacudira e

deslocara bastante a ponte de madeira.

Os dois negociantes meteram-se por ela com suas

alimárias, mas, bem não tinham chegado ao meio, rompeuse

o madeirame à pressão da água e os dois cavaleiros

precipitaram-se no rio onde se afogaram, perdendo assim

dinheiro, mercadorias e a vida.

Ao fragor desta catástrofe, acorreram os camponeses, e por

meio de ganchos e varapaus conseguiram retirar os

cadáveres que deixaram estendidos na margem, para que

fossem identificados e se lhes pudesse dar sepultura.

O terceiro, entretanto, que se deixara ficar para cumprir o

preceito de assistir à Santa Missa, pôs-se a caminho alegre

e animado. Ao chegar à mesma torrente, viu na margem os

dois mortos, e por curiosidade se deteve para olhá-los.

Reconheceu imediatamente seus dois amigos e ouviu

emocionado a descrição da tragédia.

-70- -71-
Levantou, então, as mãos ao céu, agradecendo a DEUS que

tão misericordiosamente o preservara de semelhante

desgraça, e abençoou mil vezes, a hora que consagrara à

Santa Missa, à qual devia estar são e salvo.

Ao chegar a sua cidade, comunicou a triste notícia e excitou

em todos os corações um vivo desejo de assistir todos os

dias à Santa Missa.

Permita-me escrever aqui: Maldita avareza, que afasta

DEUS de nosso coração e tira de certo modo a liberdade de

pensar no grande negócio da salvação eterna! A fim de fazer

compenetrarem-se de seu mal os negociantes avaros,

tomarei um exemplo da Sagrada Escritura.

Sansão, todos o sabem, foi amarrado com nervos de boi,

com cordas novas que nunca tinham servido; por fim ele

revelou á pérfida Dalila que sua força residia em seus

cabelos: e apenas lhe foram cortados, perdeu Sansão todo o

vigor e caiu me poder dos filisteus que lhe vazaram os olhos

e condenaram a girar a mó.

Pois, bem, dizei-me: qual foi a falta maior de Sansão?

Deixar-se amarrar com tantos laços? Não. Ele sabia

perfeitamente que toda a força do país não poderia detê-lo.

Todo o seu mal constituiu em revelar o que lhe dava força, e

deixar que lhe cortassem os cabelos, sem os quais Sansão

não era mais Sansão.

Ora, suponhamos que um comerciante se deixe ligar

por centenas de ocupações de balcão, de tráfico, de contas,

de bancos: é uma avareza culpável? Não, não representa

isso avareza. Todo o mal consiste em deixar-se cortar os

cabelos. Explico-me. Este negociante está assoberbado de

negócios. Mas, de manhã, cedinho, ouve o sino chamando

para a Santa Missa, e diz: “

Meus negócios, um momento de

paciência: o primeiro ganho está na assistência a Santa

Missa.”


Ai tendes Sansão atado, mas com a cabeleira

intacta.

Outro comerciante está ligado e apertado por sete cordas e

mais: trabalhos a realizar, contas a saldar, cartas a escrever,

sócios a atender. Este espera uma resposta, aquele um

pagamento. Que labirinto! Quantos laços!

Mas qual! Chega o domingo, ele se desembaraça de suas

ocupações, e vai fervorosamente assistir a muitas Santas

Missas e fazer suas devoções. Eis ainda Sansão amarrado,

mas não despojado dos cabelos, pois com todos os afazeres

ele não perde de vista o máximo dos negócios, sua salvação

eterna. Atendei, porém, a isto: quando estais

sobrecarregados de mil cuidados interesseiros e não tendes

tempo de freqüentar os Sacramentos e assistir à Santa

Missa, ah! Pobres Sansões! Então estais amarrados e com

os cabelos totalmente cortados!

Ainda que lícitos sejam vossos ganhos, não o é vossa

paixão do lucro. É uma avareza vergonhosa que atrairá

sobre vôos a desgraça de Sansão, e, como aconteceu a ele,

a casa ruirá sobre vossa cabeça. E então, as coisas que

ajuntastes, de quem serão? (Lc 12, 20)

Mas como bem se pode imaginar, esses avarentos não se

renderão nunca, se não os pegarmos pelo ponto fraco. Pois

bem, seja. Que pretendeis?

Enriquecer, acumular, ganhar sem cessar? Ora, qual o meio

mais seguro? Ei-lo:

assistir, ativa e devotamente à Santa

Missa todos os dias.

Aprendei-o daqueles dois artesãos que Surius menciona.

Exerciam ambos a mesma profissão; um tinha encargo de

família, mulher, filhos e sobrinhos; o outro vivia só com sua

mulher. O primeiro mantinha a casa decentemente e os

negócios andavam às maravilhas.

-72- -73-
Não lhe faltavam nem fregueses em sua loja, nem

encomendas de trabalhos; e todos os anos ainda punha de

lado boas economias para o casamento das filhas. O

segundo nunca tinha trabalho, passava fome, e caminhava

para a ruína. Um dia disse confessadamente ao vizinho:

mas o que é que fazes! As bênçãos de DEUS chovem sobre

a tua família, enquanto eu, infeliz de mim, vivo embaraçado

nos negócios e todas as desgraças caem sobre a minha

casa.

O amigo replicou,

vou ensinar-te. Amanhã de manhã estarei

em tua casa, e te mostrarei onde encontro tantos bens.

Na manhã seguinte levou o amigo á Igreja para assistir à

Santa Missa, e reconduziu-o, após, à oficina. Fez a mesma

coisa duas ou três vezes. Disse então o outro:

Não precisas

mais dar-te o trabalho de levar-me à Santa Missa: já sei o

caminho, se está nela o teu segredo.


Concordo respondeu o

amigo. Vá todos os dias assistir à Santa Missa, e verás que

tua sorte há de mudar.

Aconteceu, com efeito, que, desde que ele começou a

assistir diariamente à Santa Missa, começou a aparecer-lhe

trabalho, e em pouco tempo pagou suas dívidas e repôs sua

casa em excelente estado.

Credes no Evangelho? Ora, se credes, como podeis por em

dúvida esta verdade que ele claramente:

“Buscai, em primeiro lugar, o reino de DEUS e sua justiça, e

todas estas coisas vos serão acrescentadas.


Querite primum

regnum DEI, et haec omnia adjicientur vobis” (Mt 6,33)

Se duvidais ainda, fazei a experiência: assisti, com devoção

e ativamente, à Santa Missa, durante um ano, e se vossos

interesses temporais não tomarem melhor andamento,

aceitarei todas as censuras. Não será, porém assim. Pelo

contrário tereis amplos motivos para agradecer-me.

EXEMPLOS PARA OS SERVOS

E TRABALHADORES RURAIS

O apóstolo São Paulo diz que aquele que não cuida de seus

servos é pior que um infiel:

Si quis suorum et máxime

domesticorum curam non habet, fidem negavit, et est infideli

deterior


(I Tim 5,8). Estende-se este cuidado não só ao

corpo, como também, e muito mais, à alma.

Se, portanto, seria grande injustiça deixar faltar aos próprios

servos o alimento corporal, seria trair mais gravemente

ainda o seu dever, privá-los de alimentos espirituais, e

especialmente não lhes facilitar a assistência diária à Santa

Missa, cuja privação é uma perda que patrão nenhum, por

poderoso e rico que seja, conseguiria, jamais compensar.

Quando DEUS fez aliança com Abraão, ordenou-lhe

circuncidar não só a si, mas ainda todos os servos e

escravos:

Tam vernaculus quam empititius circuncidetur (Gn

1,12). É evidente que um bom cristão não deve contentar-se

de ser fiel, só ele, ao culto divino, principalmente assistindo

ao Sacrifício da Santa Missa, mas deve cuidar que seus

servos e os outros membros da família também o sejam.

Era este o piedoso costume de São Elzéar, conde de Arian.

Entre as boas regras que deu á sua casa, a primeira era que

cada manhã todos assistissem à Santa Missa: servos,

servas, lacaios, todos, queria ele ver na Igreja à hora da

Santa Missa.

É costume santo, que muitos fidalgos praticam em Roma,

cardeais e prelados que diariamente assistem à Santa Missa

e fazem questão de ver ao seu redor todos os componentes

de sua casa.

E não creiais que o tempo assim empregado pelos

servidores seja perdido para vós. DEUS vos há de computálo.

-74- -75-
Santo Isidoro não passava de um pobre lavrador, mas

tomava cuidado, de nunca faltar à Santa Missa pela manhã.

DEUS então, para demonstrar-lhe quanto prezava esta

devoção, mandava aos Anjos lavrar o campo de Isidoro

enquanto ele estava na Igreja. Não é de esperar que DEUS

faça para vós milagres tão sensíveis, mas de muitas

maneiras irá Ele recompensar-vos por vossa piedade!

Podeis conjeturá-lo pelo que sucedeu a um pobre operário.

Era um vinhateiro que mantinha sua família com o suro de

seu rosto, e que tinha o hábito de assistir, cada dia à Santa

Missa, antes de ir para o trabalho. Dirigindo-se uma manhã

bem cedo ao local onde se tratava trabalho, esperava que

algum patrão viesse contratá-lo para aquele dia. Ouviu,

porém o repicar do sino, e, conforme o costume, foi à igreja

fazer suas orações.

Terminada aquela Santa Missa, foi celebrada outra, e ele,

levado por sua devoção, deteve-se para assisti-la. De volta,

enfim, ao lugar costumado, encontrou-o deserto, pois todos

os trabalhadores tinham sido já contratados e haviam partido

para o trabalho nos campos. O pobre homem encaminhavase

muito triste para a casa, quando encontrou um cidadão

muito rico, o qual, notando-lhe o ar preocupado, perguntoulhe

o motivo daquele pesar.

-

Que se há de fazer? Hoje de manhã, para não perder

a Santa Missa, perdi minha diária,


respondeu.


Não se aflija, replicou o rico, vá a igreja, assista à

outra Missa, em minha intenção, e logo a tarde pagar-lhe-ei

sua diária.


O operário obedeceu e assistiu a todas as Santas

Missas celebradas naquele dia. A tarde, foi receber sue

salário, idêntico ao que se costuma pagar na região. Voltava

ele muito satisfeito, quando lhe veio ao encontro um

desconhecido (

era o próprio JESUS), que lhe perguntou qual

o salário recebido por um dia tão bem empregado”.

E ao ficar informado da quantia, exclamou: “

Tão pouco, por

trabalho de tão grande mérito?! Volta a esse rico e dize-lhe

que se não aumentar tua recompensa, seus negócios irão

muito mal.”


O homem com toda simplicidade deu o recado

ao rico, e este lhe deu mais cinco moedas, despedindo-o em

paz. O vinhateiro deu-se pro muito satisfeito com o aumento,

mas JESUS não se contentou. Ao saber que o aumento fora

somente de cinco moedinhas, disse: “

Não basta, volta a

esse ricaço e adverte-o que se não der melhor retribuição,

pode esperar terrível desgraça.”


Foi-se novamente o

trabalhador, e um tanto embaraçado fez sua comunicação

em meias palavras. O rico ouvi-o, e, tocado interiormente

por DEUS, deu-lhe uma boa quantia para comprar uma

roupa nova.

Admirais, sem dúvida, a atenção da Divina Providência

socorrendo esse pobre vinhateiro, em retribuição à sua terna

piedade de assistir diariamente à Santa Missa, e tender

razão. Mais admirável ainda foi, porém, a graça que a

soberana Misericórdia concedeu ao rico. Com efeito, na

noite seguinte JESUS apareceu-lhe em sonho, e lhe revelou

que, em consideração ás Santas Missas assistidas por

aquele pobre trabalhador, poupava-o de uma morte súbita

que naquela mesma noite devia precipitá-lo no Inferno.

A esta revelação espantosa, o rico despertou, arrependeuse

de sua vida pecaminosa, e tornou-se devotíssimo da

Santa Missa que, daí em diante, passou a assistir ao Santo

Sacrifício, todas as manhãs.

Mais ainda, começou a encomendar diariamente muitas

Santas Missas em diversas igrejas, e, enfim, depois de uma

vida virtuosa, findou seu dia em feliz morte.

Por aí vedes como é liberal a bondade de DEUS para

aqueles que se mostram devotos da Santa Missa.

-76- -77-
Portanto, à Santa Missa, meus queridos amigos, à Santa

Missa; e ficai certíssimos de que nesta maravilhosa devoção

encontrareis o que há de melhor para todos.

EXEMPLO TERRÍVEL

PARA AQUELES QUE NÃO APRECIAM

O GRANDE TESOURO DA SANTA MISSA

São Tomás e São Boaventura, os dois doutores da Igreja,

ensinam, como dissemos anteriormente, que o Santo

Sacrifício da Missa é de valor infinito, tanto pela Vítima que é

ai oferecida, que é o Corpo e Sangue, a alma e Divindade

de Nossa Senhor JESUS CRISTO que principalmente o

oferece. No entanto, muitos há que o têm em tão pouca

estima que colocam este tesouro sacratíssimo, abaixo do

mínimo interesse. Outra finalidade não tem este livrinho, da

primeira á última página, senão dar uma idéia justa desta

preciosidade tão grande que não tem preço.

E se, até aqui, este santo Sacrifício era para eles um tesouro

oculto, agora que lhe conhecem o valor infinito, tomem a

resolução de aproveitá-lo, assistindo à Santa Missa, todos

os dias! Para a isso mais incitá-lo, vou contar uma história

apavorante, que será a conclusão desta obra.

Enéias Silvio Piccolomini, mais tarde Pio II, refere que em

certa região da Alemanha havia um fidalgo de grande

linhagem que, tendo caído na pobreza, vivia retirado em

uma de suas terras. Aí acabrunhado pela melancolia, estava

prestes deixar-se dominar pelo desespero, e satanás o

impelia, cada dia, a pôr uma corda ao pescoço a fim de dar

cabo da vida. Nesse combate contra a tristeza e a tentação,

recorreu a um santo confessor, que lhe deu o excelente

conselho de não passar, nem um dia, sem assistir à Santa

Missa.

O fidalgo aceitou o conselho e logo o colocou em prática; e

fez mais, para ficar seguro de nunca faltar à Santa Missa,

tomou um capelão que devia estar pronto a oferecer, cada

manhã, o Santo Sacrifício, a que ele assistia com grande

fervor e devoção. Um dia, porém, o capelão dirigiu-se bem

cedo a uma aldeia pouco afastada para assistir um padre

recém-ordenado, que lá celebrava sua primeira Missa. O

fidalgo, receoso de ficar privado da Santa Missa naquele dia,

dirigiu-se apressadamente para a tal aldeia. No caminho,

porém, encontrou um camponês e este lhe disse que podia

voltar dali, pois a Santa Missa do novo sacerdote já havia

terminado, e que na aldeia não se celebraria outra. A esta

notícia, o fidalgo perturbou-se e exclamou entre lágrimas:


Que vai ser de mim hoje?” O camponês, que nada podia

entender de tão pungente aflição, replicou num tom de

gracejo e ímpio ao mesmo tempo: “

Não choreis, senhor, eu

vos venderei a Missa que acabo de assistir. Dai-me o manto

que trazeis e eu vo-la cedo.”

O gentil-homem aceitou a estranha proposta do camponês,

e, entregando-lhe o manto, encaminho-se para a Igreja. Fez

uma curta oração no lugar santo, e voltou em seguida para

casa. Mas, ao chegar ao sítio em que se detivera pouco

antes, qual não foi seu espanto ao ver enforcado num

carvalho, morto como Judas, o desgraçado camponês que

lhe vendera sua Missa.

A tentação de suicídio passara do fidalgo ao camponês, que,

privado do socorra que a Santa Missa lhe alcançara, não

soubera resistir ao diabo. O fato acabou de convencer o

bom fidalgo de quão eficaz era o remédio sugerido pelo

confessor, e mais se firmou em sua resolução de assistir,

todos os dias, à Santa Missa.

Duas coisas de grande importância eu quisera que notásseis

neste terrível caso. Primeiro a grosseira ignorância de

grande número de cristãos que, não sabendo apreciar as

riquezas imensas na Santa Missa, vão a ponto de taxá-la

por um preço material.

-78- -79-
Daí vem a linguagem inconveniente de algumas pessoas

que falam em pagar ao sacerdote a sua Missa. Pagar a

Missa! E onde encontrareis fortuna capaz de igualar o valor

de uma única Santa Missa, já que ela vale mais que todo o

Paraíso! Ó ignorância revoltante.

Esse pouco de dinheiro que dais ao sacerdote, vós lho dais

para seu sustento, mas não como pagamento, pois a Santa

Missa é um tesouro sem preço.

Porque vos exortei, neste livrinho, a assistir, todos os

dias, à Santa Missa e encomendar quantas puderdes, é

possível que satanás vos coloque no espírito esta idéia: “

Os

padres nos exortam a encomendar muitas Missas, por

motivos muito bonitos e especiais. Mas nem tudo que brilha

é ouro. Sob esta aparência de zelo eles escondem seu

proveito e no fim de contas vê-se que o interesse é que lhes

inspira a conduta e as palavras.”


Que erro o vosso, se

pensais assim!

Dou graças a DEUS de me ter inspirado abraçar uma ordem

na qual se professa a mais estrita pobreza, e não se

recebem espórtulas pelas Missas. Se nos oferecessem cem

escudos por uma só Missa, jamais os aceitaríamos, pois

dizemos todas as nossas Missas na intenção que tinha

CRISTO na Cruz, quando ofereceu ao Eterno PAI o primeiro

Sacrifício do Calvário. Se, portanto, alguém há que possa

elevar a voz sem receio de censura, sou eu que só busco o

vosso interesse.

Ora, tudo que vos aconselhei neste opúsculo vo-lo repito

novamente, rogo-vos assisti a muitas Santas Missas e

encomendai o mais que puderdes.

Tereis amontoado um grande tesouro que vos aproveitará

neste Mundo e no outro.

A segunda verdade que deveis depreender da história

precedente é a eficácia da Santa Missa, para alcançar todo

bem e preservar-se de todo mal, e em particular para

adquirir forças espirituais, a fim de vencer todas as

tentações. Deixai-me, portanto, dizer-vos ainda: À Santa

Missa! À Santa Missa! Se quereis a vitória sobre vossos

inimigos e ver todo o inferno vencido e dominado.

Resta-me ainda dar-vos um aviso, que se dirige

também tanto aos sacerdotes, aos religiosos, como aos

leigos: é que, para receber com grande abundância os frutos

da Santa Missa, importa ir a ele com a máxima devoção.

Vós, leigos, portanto, assisti com toda a devoção, à da

Santa Missa, e para isto, se quiserdes, utilizai-vos deste

livrinho e ponha em prática, cuidadosamente, tudo o que

nele vai indicado.

Em pouco tempo, posso assegurar-vos pela experiência,

verificareis uma mudança sensível em vosso coração, e

tocareis com o dedo o grande bem que daí há de auferir a

vossa alma.

E vós, sacerdotes, deveis temer a justiça de DEUS,

quando, por uma pressa exagerada ou por negligência

irreverente, executardes mal as santas cerimônias,

precipitardes as palavras, confundirdes os movimentos,

numa palavra, despachardes a Missa. Refleti que

consagrais, que tocais e recebeis o FILHO DO ALTÍSSIMO,

e que não podeis, sem falta, omitir a menor cerimônia ou

fazê-la de modo negligente ou defeituoso, como a ensina o

sábio Suarez:

Vei unius caeremoniae omissio culpae reatum

inducit!

Por isso, João d´Avila, o oráculo da Espanha, não

punha em dúvida que o Soberano Juiz pedirá aos

sacerdotes uma conta mais rigorosa de todas as Missas que

tiverem celebrado, do que qualquer outra obrigação.

-80- -81-
Por este motivo, tendo ouvido dizer que um jovem

sacerdote passara à outra vida, ao terminar sua primeira

Missa, aquele santo homem soltou um suspiro e disse:


Ele celebrou, então, a Santa Missa?” E como lhe

respondessem que o neo-sacerdote tivera a felicidade de

morrer logo depois de celebrá-la, replicou:

“Ah! Grande

conta tem ele de dar a DEUS, se celebrou uma Missa!”

E vós e eu, que tantas temos celebrado. Como nos

arranjaremos no tribunal de DEUS? Tomemos por tanto a

salutar resolução de rever, ao menos no próximo retiro que

fizermos, todas as rubricas do Missal e todas as cerimônias

sacras, a fim de celebrar com a máxima perfeição possível.

E estou certo de que se nós, sacerdotes, celebramos com

um exterior grave e recolhido, e, sobretudo com grande

fervor, os leigos, de sua parte, hão de decidir-se a assistir

diariamente à Santa Missa. E teremos a consolação de ver

renascer entre os cristãos de nossos dias o fervor dos

primeiros fiéis da Igreja.

E vós, que é que estais fazendo? Por que é que não

ides correndo para as igrejas para lá assistirdes

fervorosamente a todas as Santas Missas que

puderdes? Por que é que não quereis imitar os

Anjos que, quando se celebra a Santa Missa,

descem do Paraíso em grande número e vêm ficar

ao redor do altar em adoração, intercedendo por

nós? E DEUS será soberanamente honrado e

glorificado: é esta a única finalidade desta pequena

obra.

Orai por mim, rezando uma Ave Maria

.

ATO DE OFERECIMENTO

Para ser feito todas as manhãs.

DEUS eterno, eis me prostrado diante de vossa infinita

Majestade; adoro-vos humildemente e vos ofereço todos os

meus pensamentos, todas as palavras e ações deste dia.

Tenho a intenção de tudo fazer por vosso amor, para vossa

maior glória, para cumprir vossa divina vontade, para vos

servir, louvar, bendizer e adorar, para me instruir nos

mistérios da Fé, assegurar minha salvação e alcançar vossa

misericórdia; para satisfazer a vossa divina justiça por tantos

pecados que cometi, para aliviar as santas almas do

Purgatório e para obter a todos os pecadores a graça duma

verdadeira conversão.

Em uma palavra, tenho a intenção de executar hoje todas as

minhas ações, em união com as intenções perfeitíssimas

que tiveram nesta vida JESUS e Maria, e todos os santos

que estão no Céu, e todos os justos da Terra. Quisera

assinar com meu próprio sangue esta resolução e repeti-la a

todo momento, tantas vezes quantos instantes houver na

eternidade. Recebei, meu DEUS, minha vontade, dai-me

vossa santa benção, com a graça eficaz de não cometer

pecado mortal, em todo o tempo de minha vida, muito

especialmente neste dia... A vós toda a glória, honra, amor,

louvor e adoração, no mais alto grau de perfeição. Amém

TERMINA AQUI “TESOURO OCULTO” DE SÃO

LEONARDO DE PORTO-MAURÍCIO

Nas páginas seguintes, outras considerações sobre a

Santa Missa, a Sagrada Comunhão, uma Novena e

Orações, todas com aprovação da Igreja Católica Apostólica

Romana.

-82- -83-
A PARTICIPAÇÃO ATIVA DO SANTO SACRIFÍCIO

PRODUZ MUITOS FRUTOS

A grandeza infinita da Santa Missa deve fazer-nos

compreender a exigência de uma assistência atenta e

devota do santo Sacrifício de JESUS. Amor e adoração

devem ser os sentimentos dominantes.

O estado de alma, na hora da celebração, deve ser o

mesmo em que se achava o nosso divino Redentor, quando

fez o sacrifício de si mesmo: uma humilde submissão do

espírito, isto é, a adoração, o amor, o louvor e ao

agradecimento à Suma Majestade de DEUS...

Verdadeira assistência à Santa Missa é aquela que nos

torna vítimas imoladas como JESUS, que consegue o

escopo de “

reproduzir em nós os sofrimentos de JESUS”,

dando-nos

“uma união comum com CRSITO em seus

sofrimentos e a conformidade com Ele e sua morte”


(Fl

3,10).

Tudo o mais é somente rito litúrgico, uma veste exterior.

São Gregório Magno ensinava: “

O santo Sacrifício do altar

será para nós uma Hóstia (vítima) verdadeiramente aceita

por DEUS, quando nós mesmos nos fizermos vítimas.”

Por isso, nas antigas comunidades cristãs os fiéis, para

a celebração da Santa Missa, tendo à frente o Papa, iam em

procissão até o altar, vestidos com vestes de penitência e

cantando a Ladainha dos Santos.

Na verdade, quando vamos à Santa Missa, devemos ir,

repetindo com São Tomé:

“Vamos, nós também, para

morrermos com Ele!”


(Jô 11, 16)

Quando Santa Margarida Maria Alacoque assistia à

Santa Missa, e ficava olhando o altar, não deixava nunca de

lançar um olhar para o crucifixo e para as velas acessas.

Para que?

Para que se imprimissem bem duas coisas na mente e no

coração: o crucifixo fazia-lhe lembrar o que JESUS tinha

feito por ela; e as velas acesas lhe recordavam o que ela

devia fazer por JESUS, isto é, sacrificar-se e imolar-se por

Ele e pelas almas.

Nunca refletimos bastante sobre o mistério inefável da

Santa Missa que renova sobre os nossos altares o Sacrifício

do Calvário. Nunca amaremos demais esta suprema

maravilha do Amor divino.

O SANGUE DE CRISTO

CORRE NA SANTA MISSA

Nosso Senhor JESUS disse a Santa Matilde: “

Pelo meu

Sangue, venço a cólera de meu PAI e reconcilio o homem

com o seu DEUS.”


Isso se realiza principal e especialmente

no Sacrifício da Santa Missa. O Seu Sacrifício na Cruz

torna-se presente pela Santa Missa. Por isso, o

preciosíssimo Sangue de CRISTO corre na Santa Missa

como se saísse das Chagas de JESUS na Cruz.

Todos os exercícios, todas as devoções e todas as

homenagens, não podem igualar o sublime Sacrifício

eucarístico, que atualiza, duma maneira não cruenta, mas

com o mesmo valor real, o Sacrifício de CRISTO na CRUZ.

Na Santa Missa, DEUS PAI é honrado, solicitado a perdoar,

e obtém-se a reconciliação, pelo Sangue preciosíssimo do

Cordeiro, porque o Cordeiro possui uma dignidade e um

poder infinitos.

Se o ateísmo, o esquecimento e desprezo a DEUS são

cruéis ultrajes que pesam sobre o nosso século e provocam

a ira divina, podemos reparar este horrível sacrilégio pela

fonte de Sangue redentor que encerra o cálice da Nova e

Eterna Aliança.

-84- -85-
Assistamos todos os dias, se possível, à Santa Missa,

e, unindo-nos ao sacerdote, ao Cordeiro imolado e à Mãe

Dolorosa, ofereçamo-nos com Eles ao Eterno PAI,

suplicando-Lhe

“graça e misericórdia” para com os

pecadores e para o Mundo em geral.

Podemos também oferecer todos os dias, logo pela manhã,

a DEUS PAI, todas as Santas Missas bem celebradas em

todo o Mundo, nesse dia, e unir-nos aos sacerdotes

celebrantes, para que o Sangue redentor de JESUS desça

abundantemente sobre as nossas almas e as almas dos

pecadores e aflitos, como um banho salvador, justificador e

santificador.

São as seguintes as palavras de JESUS a Maria Graf-

Sutter:

“Aqueles que se unem, sem cessar, ao meu

Sacrifício na Cruz e oferecem a DEUS PAI, o meu

Preciosíssimo Sangue pela salvação das almas, podem, de

certo modo, explorar o meu Coração, porque têm poder

sobre Ele. Eu purificarei as suas almas, lavando-as no meu

Sangue.”

“Se uma alma oferece ao meu PAI Celeste o Santo

Sacrifício, com o sacerdote e através dele, com verdadeiro

espírito de imolação, ela participa de todas as graças deste

Sacrifício.”

“Se assiste a uma Santa Missa, mas tendo no seu coração o

desejo de oferecer muitas vezes a DEUS o Santo Sacrifício

e, com esta pura intenção, se une a todos os sacerdotes da

Santa Igreja, para oferecer com eles os meus sofrimentos, e

a minha Morte, com esta perpétua oferta ela obterá

perpetuamente graças. Com a minha Graça, esta alma unirse-

á a todas as Santas Missas celebradas no Mundo inteiro,

e a sua vida tornar-se-á uma perpétua união de sacrifício

coMigo e em Mim.”

(11 de Março de 1957).

Somente no Céu iremos compreender que divina

maravilha é a Santa Missa. Por mais que nos esforcemos, e,

por santos inspirados que sejamos, nada mais podemos

fazer, a não ser balbuciar pobres palavras como as crianças,

se quisermos falar sobre esta obra divina, que está acima da

compreensão dos homens e dos Anjos.

Segundo São Lourenço Justiniano, “

Nenhuma língua

humana, pode contar os favores, que nascem, como de uma

fonte, do Sacrifício da Santa Missa: o pecador que se

reconcilia com DEUS, o justo que se torna mais justo, as

culpas que são canceladas, os vícios que são erradicados,

as virtudes e os méritos que crescem, as insídias de satanás

que são confundidas.”

Os efeitos salutares, pois que cada Santa Missa produz

na alma de quem dela participa, são admiráveis: obtém o

arrependimento e o perdão das culpas, diminui a pena

temporal devida por causa dos pecados, desarma o império

de satanás e abranda os furores da concupiscência.

A Santa Missa também reforma os vínculos de nossa

incorporação com JESUS CRISTO, preserva de perigos e

desgraças, abrevia a duração do Purgatório e aumente o

grau de glória no Céu.

Santa Teresa de Jesus dizia às suas filhas:

“Sem a

Santa Missa, que seria de nós? Tudo pereceria neste

Mundo, pois somente ela pode deter o braço de DEUS.”

Sem a Santa Missa, certamente a Igreja não teria

durado até agora, e o Mundo já se teria perdido sem

remédio. “

Sem a Santa Missa, a Terra já teria sido

aniquilada, há muito tempo, por causa dos pecados dos

homens.”,


ensinava Santo Afonso de Ligório.

Segundo São Boaventura, “A Santa Missa, é a obra na

qual DEUS coloca sob nossos olhos todo o amor que Ele

nos tem; é, de certo modo, a síntese de todos os benefícios

que Ele nos faz.”

-86- -87-
São João Bosco recomendava vivamente: “

Tende o

máximo cuidado em assistir à Santa Missa, mesmo nos dias

de semana, ainda que para isso tenhais que sofrer algum

incômodo. Pois com isso obtereis do SENHOR toda espécie

de bênçãos.”

“São João Berchmans, quando ainda jovem, saia bem

cedo de casa para ir à igreja. Um dia a avó lhe perguntou

porquê é que saia tão cedo. O santo respondeu-lhe:

Para

atrair as bênçãos de DEUS, eu consigo ajudar a celebrar

três Santas Missas, antes de ir para a escola.”

São Pedro Julião Eymard assim exortava a cada um

dos cristãos:

“Fica sabendo, ó cristão, que a Santa Missa é o ato

mais santo da Religião cristã; tu não poderias fazer mais

nada de gloriosos em honra de DEUS, e nada mais

vantajoso para a tua alma do que assistir piedosamente à

Santa Missa, quanto mais vezes te for possível.”

UM ANJO VAI CONTANDO OS PASSOS

Por tudo isso devemos julgar-nos felizes toda vez que

se nos oferece a possibilidade de assistir à Santa Missa, e

façamos todos os Sacrifício possíveis a fim de assistir a

todas que pudermos, principalmente nos domingos e dias de

festas, nos quais a obrigação de assistência à Santa Missa é

preciso e, portanto, quem deixa de assistir comete pecado

mortal.

Santo Agostinho dizia aos cristãos do seu tempo: “Todo

os passos que alguém dá para ir assistir à Santa Missa são

contados por um Anjo e por eles DEUS lhe concederá um

prêmio muito grande nesta vida e na eternidade.” Segundo o

Santo Cura d´Ars O Anjo da Guarda fica feliz quando

acompanha uma alma que vai assistir à Santa Missa.

Se é verdade que todos nós temos necessidade das

graças de DEUS para esta vida e para a outra, nada no-las

pode melhor obter de DEUS como à Santa Missa. Segundo

São Felipe Néri “

Com a oração pedimos mais graças a

DEUS; mas na Santa Missa obrigamos a DEUS a no-las

conceder.”

O Santo Cura d´Ars dizia: “

Todas as obras tomadas

juntas, não têm o valor de uma única Santa Missa, porque

as obras dos homens, enquanto que a Santa Missa é obra

de DEUS.”

São Francisco de Paula ia cada manhã para a igreja e

se ocupava lá dentro em assistir a todas as Missas que

eram celebradas. São Luís Gonzaga, S. Afonso Rodrigues,

São Geraldo Magela cada manhã ajudavam tantas Missas

quantas podiam, e o faziam de um modo tão cheio de

devoção, que atraíam muitos fiéis à igreja.

São Francisco de Assis tinha por costume assistir a

duas Missas cada dia; e, quando estava doente, pedia a

algum dos co-irmãos sacerdotes que lhe celebrasse a Santa

Missa na cela, contando que não ficasse sem o Santo

Sacrifício!

São Tomás de Aquino, cada manhã, depois de ter

celebrado sua Santa Missa, ajudava a uma outra Missa, em

ação de graças pela que celebrava antes. Também ele

escreveu: “

Tanto vale a celebração da Santa Missa quanto

vale a Morte de JESUS na Cruz.”

São José Cottolengo garante que terá uma santa morte

aquele que assiste muitas vezes à Santa Missa. Também

São João Bosco considera um sinal de predestinação a

participação de muitas Santas Missas.

JESUS disse a Santa Gertrudes: “

Fica certa de que

quem assiste devotamente à Santa Missa, eu lhe mandarei,

nos últimos instantes de sua vida tantos dos meus Santos

para confortá-lo e protege-lo, quantas tiverem sido as

Missas por ele assistidas.”

-88- -89-
O venerável Francisco do Menino Jesus, carmelita,

ajudava, cada dia, a dez Missas.

JESUS EUCARISTÍCO,

SUPREMA ASPIRAÇÃO

Eucaristia significa Ação de Graças. A Eucaristia não é

só participação na graça, mas é participação na própria

fonte de graças. Na Sagrada Eucaristia, não temos apenas

um instrumento que nos comunica as graças divinas, pois,

nos é dado o próprio Dator da graça, JESUS CRISTO Nosso

Senhor, real e verdadeiramente presente.

Se conhecêssemos o dom de DEUS, que é Amor, e

que dando-se a nós, nos dá todo o Amor,

compreenderíamos, então, que segundo São Bernardo:

“A

Eucaristia é o amor que supera todos os outros amores no

Céu e na Terra.”

Segundo São Tomás de Aquino: “

A Eucaristia é o

sacramento do Amor, significa amor, produz amor.”

Certo dia, um árabe, o emir Abd-el-Kader, ia andando

pelas ruas de Marselha em companhia de um oficial francês,

quando se encontrou com um sacerdote que ia levando o

Santo Viático a um moribundo. O oficial francês parou,

descobriu a cabeça e dobrou os joelhos. Então, o amigo

perguntou-lhe a razão daquela saudação. “Estou adorando

meu DEUS, que o Sacerdote vai levando para um doente.”,

respondeu o bravo oficial. Então o emir reagiu: “Como

acreditar que DEUS sendo tão grande, se faça tão pequeno,

a ponto de ir até à habitação dos pobres? Nós,

maometanos, fazemos uma idéia bem mais alta de DEUS.”

Então o oficial respondeu: “È porque vós tendes só

uma idéia da imensa grandeza de DEUS, mas não

conheceis o Seu Amor.”

A SAGRADA COMUNHÃO

A sagrada comunhão nos é necessária, porque dela

depende a vida da alma.

È o que se segue das palavras de JESUS: “Se não

comerdes a carne do Filho do Homem e não beberdes o seu

sangue, não tereis a vida em vós.” A sagrada Comunhão,

por conseguinte, é o alimento da alma. Assim como o corpo

morre sem alimentação, assim também a alma.

A sagrada Comunhão, une-nos intimamente a JESUS

CRISTO. Conserva e aumenta a vida da alma. Purifica-nos

dos pecados veniais e enfraquece as nossas más

inclinações. Esclarece-nos a inteligência e nos dá força para

a prática do bem. Santifica-nos o corpo e deposita nele o

germe da ressurreição gloriosa.

A sagrada Comunhão produz na alma um efeito

semelhante ao alimento no corpo. O alimento une-se muito

intimamente ao corpo, conserva-lhe a vida e contribui para o

seu desenvolvimento. O alimento também faz desaparecer a

fadiga, fortificando o corpo.

A sagrada Comunhão une-nos a CRISTO; pois JESUS

diz: “Aquele que comer a minha carne e beber o meu

Sangue permanece em mim e eu nele.”

A sagrada Comunhão conserva a vida da alma:

preservando-a do pecado mortal. Eis porque Nosso Senhor

diz: “Quem comer deste pão viverá eternamente.”

A sagrada Comunhão também aumenta a vida da

alma, e é a graça santificante e simultaneamente a eterna

bem-aventurança. Purifica-nos como um fogo: sobretudo

enfraquece as más inclinações, por exemplo: a inveja, a

avareza, a deslealdade, etc.

-90- -91-
 
A sagrada Comunhão também apaga os pecados

vênias, de sorte que, se, se tiver cometido um pecado

venial, depois da Confissão, não é preciso reconciliar-se

novamente antes de comungar.

A sagrada Comunhão é como o Sol ao nascer. Espalha

luz e calor.

Traz-nos graças atuais. A sagrada Comunhão diária

fortalecia, sobretudo os primeiros cristãos a ponto de

sofrerem valorosamente o martírio.

Para receber as graças anteriormente mencionadas é

necessário preparar-se convenientemente antes da sagrada

Comunhão por meio de uma santa confissão jejuar no

mínimo, uma hora antes da Comunhão; vestir-nos com

decência e asseio e rezar com muita devoção.

Quando um soberano ou político proeminente vai a

uma cidade, logo ali se apressam em limpá-la e ornamentála;

assim também devemos fazer quando o Reio do Céu e

da Terra vem até nós; cumpre que purifiquemos o nosso

coração pelo sacramento da penitência e o ornamento com

boas obras.

Em lavando os pés doa apóstolos, JESUS deu-nos a

entender que devemos receber a sagrada Comunhão com o

coração puro.

Somente um coração purificado por CRISTO, por meio da

confissão, pode ser a morada digna de DEUS. Aquele que

comunga sabendo que está em pecado mortal, como Judas,

comete o crime do sacrilégio.

Santo Agostinho nos adverte:

“Ninguém se atreva a

comer a carne de JESUS CRISTO antes de havê-La

adorado!”


Por isso é bom assistir à Santa Missa antes de

comungar, fazer os atos de fé, esperança, caridade e

contrição. O melhor seria receber ajoelhados, em sinal de

adoração, a sagrada Comunhão.

A UNIÃO COM DEUS

JESUS CRISTO não pôde contentar o seu amor

apenas dando-se todo ao gênero humano pela encarnação

e paixão, morrendo por todos os homens. Quis ainda

encontrar o meio de dar-se todo a cada um. Instituiu, por

isso, o sacramento do altar a fim de unir-se todo a cada um

de nós. “Quem come a minha carne permanece m mim e eu

nele.”

Na sagrada Comunhão, JESUS une-se à pessoa e a pessoa

a JESUS. Esta união não é apenas de simples afeto, mas

real e verdadeira. Por isso São Francisco de Sales diz: “Em

nenhuma outra ação se pode considerar o Salvador mais

carinhoso, mais amoroso do que nesta. Aniquila-se, por

assim dizer, e se reduz a alimento para penetrar nossas

almas e se unir ao coração de seus fiéis.”

Diz São João Crisóstomo:

JESUS CRISTO quer de tal

modo unir-se conosco, pelo amor ardente que nos tem, que

nos tornemos um só coração com Ele.

São Lourenço Justiniano diz:

Ó DEUS, que tanto nos

amais, com este sacramento quisestes fazer com que nosso

coração se tornasse um só com o vosso, inseparavelmente

unidos.

Acrescenta São Bernardino de Sena:

O dar-se JESUS

CRISTO a nós como alimento foi o último grau de amor.

Deu-se a nós para unir-se totalmente conosco como se une

o alimento diário com quem o toma. Oh! Quanto JESUS

CRISTO se alegra em estar unido conosco.

-92- -93-
DISPOSIÇÕES E EFEITOS

Primeiramente, como ensina o Concílio de Trento, a

comunhão é o remédio que nos livra dos pecados veniais, e

nos preserva dos mortais: “Remédio pelo qual somos livres

das falhas cotidianas e preservados dos pecados mortais.”

Diz-se que somos livres das falhas de cada dia porque,

segundo São Tomás, por meio deste sacramento, o homem

é estimulado a fazer atos de amor e por eles se apagam os

pecados veniais. Somos preservados dos pecados mortais,

porque a sagrada comunhão confere o aumento da graça

que nos preserva das culpas graves.

Por isso escreveu Inocêncio III: “JESUS CRISTO com sua

Paixão nos livrou do poder do pecado, mas com a Eucaristia

nos livra do poder de pecar.”

Além disso este sacramento inflama de modo especial

as pessoas no amor de DEUS: “DEUS é amor. É fogo que

consome todos os afetos terrenos em nossos corações: É

fogo devorador.” JESUS CRISTO veio precisamente

acender este fogo de amor na Terra. Não tinha outro desejo

senão ver aceso este santo fogo em cada um de nós.

Santa Catarina de Sena imaginava JESUS

Sacramentado nas mãos do sacerdote como se fosse um

globo de fogo e a Santa admirava-se de não ficarem

abrasados e consumidos todos os corações dos homens.

Santa Rosa de Lima, depois da comunhão, impressionava a

todos que dela se aproximavam pro sua grande piedade e

recolhimento.

Para as almas do Purgatório, a Santa Comunhão é o

dom pessoal que elas podem receber de nós. Quem pode

dizer quanto ajudam para a sua libertação as Santas

Comunhões?

São Boaventura se fez Apóstolo desta verdade, e dela

falava em termos vibrantes: “Ó almas cristãs, quereis dar

provas de verdadeiro amor aos vossos defuntos? Quereis

enviar-lhes os mais preciosos socorros e as chaves de ouro

do Céu? Fazei freqüentemente a Santa Comunhão pelo

descanso de suas almas.”

Reflitamos, também, que na Santa Comunhão, não nos

unimos somente a JESUS CRISTO, mas também a todos os

membros do Seu Corpo Místico, especialmente às almas

mais caras a JESUS e mais caras ao seu Coração. “Visto

que não temos mais do que um só pão, nós, mesmo sendo

muitos, formamos um só corpo: todos, com efeito,

participamos do mesmo pão.”

(I Cor 10, 17)

Sempre que, com o coração puro comungamos,

realiza-se plenamente aquela palavra de JESUS: “Eu

neles...a fim de que sejam perfeitos na Unidade.”

(Jo 17, 23)

Com a Eucaristia, sim, não só tudo podemos, mas até

obtemos o que deveria encher-nos de espanto e comovernos,

a saber, a nossa identificação com JESUS, como nos

diz Santo Agostinho:

“Não somos quem transformamos JESUS CRISTO

em nós, como fazemos com os outros alimentos

que comemos, mas é JESUS CRISTO que nos

transforma Nele.”

-94- -95-
Portanto devemos estar certos de que uma pessoa não

pode fazer nem pensar fazer coisa mais agradável a JESUS

CRISTO, do que assistir à Santa Missa e comungar com as

disposições convenientes a tão grande hóspede. Assim se

une a CRISTO, pois esta é a intenção deste adorável

Senhor.

Prestem atenção no que eu disse: com as disposições

convenientes; não disse “dignas” porque se estas fosses

exigidas, quem poderia comungar? Só um outro DEUS seria

digno de receber um DEUS.

Entendo como “convenientes” aquelas disposições que

convêm a uma miserável criatura vestida de pecadora carne

de Adão.

Basta, ordinariamente falando, comungar em estado de

graça e com vivo desejo de crescer no amor a JESUS

CRISTO.

Dizia São Francisco de Sales: “

Só por amor se deve receber

JESUS CRISTO na comunhão já que só por amor ele se dá

a nós.”

Entendamos, pois, que não existe coisa tão proveitosa

a nós como a comunhão. O PAI Eterno pôs nas mãos de

JESUS CRISTO todas as suas riquezas divinas: “O PAI tudo

lhe colocou nas mãos”. Por isso, quando CRISTO vem até a

uma pessoa pela comunhão, traz consigo imensos tesouros

de graças. Uma pessoa que recebeu bem a comunhão,

pode dizer: “Com ela me vieram todos os bens”. São

Dionízio diz que o sacramento da Eucaristia tem poder de

santificar as pessoas mais do que todos os outros meios

espirituais.

São Vicente Ferrer escreveu que maior proveito se tira

da comunhão, do que de uma semana de jejum a pão e

água.

São Cristóvão dizia: “Vós invejais a sorte da mulher

que tocou nas vestes de JESUS, ou da pecadora que

banhou os pés dEle com suas lágrimas, ou das mulheres da

Galiléia que tiveram a felicidade de acompanhá-lo em suas

peregrinações, ou dos Apóstolos com os quais ele

conversava familiarmente; da população daquele tempo que

podia ouvir as palavras de graças e salvação, que saiam dos

seus lábios adoráveis. Vós chamais felizes aqueles que O

viram... Mas, vinde ao altar, e O vereis, e tocareis nEle, e

Lhe darei beijos santos, e O banhareis com as vossas

lágrimas, e O levareis dentro de vós, como Maria

Santíssima!”

Por isso os Santos desejavam ardentemente a Santa

Comunhão com um amor que os inflamava. São Pascoal

Baylon, Santa Verônica, São Geraldo Majela, Santa

Margarida Maria Alacoque, São Domingos Sávio, Santa

Gema Galgani...; impossível continuar, pois seria preciso

colocar o nome de todos eles!

Conta-se que São Venceslau, ao visitar as igrejas onde

estava o Santíssimo Sacramento, transformava-se

exteriormente a ponto de chamar a atenção de quem o

seguia. Por isso, diz São João Crisóstomo; O Santíssimo

Sacramento é fogo que nos inflama de modo que,

comungando sacramentalmente, espargimos tais chamas de

amor que tornam terríveis ao inferno.

Na Santa Comunhão JESUS se dá todo à pessoa que

comunga, e o comungante é todo dEle. Ele penetra no

coração e permanece corporalmente presente, enquanto

durarem as espécies do pão, ou seja, por uns quinze

minutos. Durante esse tempo, como ensinam os Santos

-96- -97-
Padres, os Anjos circundam o comungante, para

continuarem a adora a JESUS, num amor incessante.

São Bernardo escreve: “

Quando comungamos

sacramentalmente, os Santos Anjos montam guarda, ao

redor de nós, em honra de JESUS”.

JESUS É VÍNCULO DE UNIÃO

Quando um adorador de DEUS, comunga JESUS,

toda a Igreja exulta, a dos Céus, a do Purgatório e a da

Terra.

Quem poderá exprimir a alegria dos Anjos e dos Santos

a cada Comunhão bem feita? Uma nova corrente de

amor chega ao Paraíso e faz vibrar os espíritos bemaventurados,

cada vez que uma criatura se une a

JESUS. Vale muito mais uma santa Comunhão do que

um êxtase, um arrebatamento, uma visão.

A Santa Comunhão transporta o Paraíso inteiro

para o coração do comungante.

AS ORAÇÕES QUE SE SEGUEM TOdAS

APROVADAS PELA IGREJA CATÓLICA

APÓSTOLICA ROMANA, SÃO MUITO

APROPRIADAS PARA SE REZAR DURANTE AS

SANTAS MISSAS CELEBRADAS DURANTE A

SEMANA, POIS QUE, AS CELEBRADAS AOS

DOMINGOS E DIAS DE FESTA, SÃO MUITO

RICAS EM BELAS ORAÇÕES.

ATO DE CONTRIÇÃO

(Para se rezar na Confissão)

Senhor JESUS CRISTO, verdadeiro DEUS e

verdadeiro Homem, Criador e Redentor meu, por

serdes vós infinitamente bom e digno de ser amado

sobre todas as coisas, e porque vos adoro acima de

tudo o que existe, pesa-me, Senhor, de todo o meu

coração por ter vos ofendido. Pesa-me também por ter

perdido o Céu e merecido o inferno e, proponho

firmemente, ajudado com o auxílio de vossa divina

graça, emendar-me e nunca mais tornar a vos ofender.

Espero alcançar o perdão de meus pecados, pela vossa

infinita misericórdia. Amém.

ORAÇÃO FONTE DE GRAÇAS

(Para se rezar antes da Santa Missa)

DEUS PAI, eu Vos ofereço, pelo Coração

Imaculado de Maria, o sacrifício da Santa Missa, com o

sacerdote e através dele, com verdadeiro espírito de

imolação.

Ofereço-vos constantemente o Sacrifício de todas

as Santas Missas que se celebram no Mundo inteiro, e

com pura intenção me uno ao Santo Papa e a todos os

sacerdotes, oferecendo-Vos os méritos dos sofrimentos

da Paixão e Morte de vosso Unigênito Filho.

Com a graça de Nosso Senhor JESUS CRISTO,

torno-me uma constante união de Sacrifício n´Ele e com

Ele, para Vos adorar no mais alto grau de perfeição.

Amém
.

-98- -99-
PREPARAÇÃO PARA A COMUNHÃO

A preparação para a Comunhão consiste em demorarse

algum tempo a considerar quem é Aquele a quem vamos

receber, e quem somos nós; e fazer depois os atos

seguintes.

No Santíssimo Sacramento do altar não só é oferecida

a graça como também o Autor da graça, Nosso Senhor

JESUS CRISTO com Corpo, Sangue, Alma e Divindade.

Que dignificação! Quanta bondade! O DEUS de infinita

majestade querer dar-se em alimento a nossos corações

miseráveis e culpados!

Sendo que a Comunhão constitui a ação mais

excelente, mais proveitosa e divina, temos que nos

convencer da necessidade de prepararmos o nosso espírito

e coração com o máximo cuidado.

Tomemos Maria por guia e modelo e supliquemos-lhe que

ela mesma orne a nossa alma com as devidas disposições.

ATO DE FÉ

Senhor JESUS CRISTO , eu creio firmemente que

estais real e verdadeiramente presente no Santíssimo

Sacramento, com vosso Corpo, Sangue, alma e Divindade.

Creio que sois o pão vivo descido do Céu. Sim, JESUS,

creio em Vós. Amém

ATO DE ADORAÇÃO

SENHOR, eu Vos adoro neste augusto sacramento e

Vos reconheço por meu Criador, Redentor e soberano

Senhor, meu único e sumo bem.

Eu Vos adoro com minha inteligência, meus afetos e todas

as faculdades de minha alma. Sim, JESUS, eu Vos adoro.

Amém

ATO DE ESPERANÇA

Senhor, espero que, dando-Vos a mim neste divino

sacramento, usareis comigo de misericórdia e me

concedereis todas as graças, que são necessárias à minha

eterna salvação. JESUS, em vossas promessas confio. Sim,

JESUS, eu espero em Vós. Amém

ATO DE HUMILDADE

Senhor, eu não sou digno de que entreis em minha

casa, mas dizei uma só palavra e minha lama será salva.

JESUS, eu me humilho diante de vós. Amém

ATO DE CARIDADE

Senhor, Vós sois infinitamente amável, sois meu PAI,

meu Redentor, meu DEUS; e por isso Vos adoro de todo o

coração, sobre todas as coisas, e por amor de vós amo a

meu próximo como a mim mesmo, e de boa vontade perdôo

aos que me têm ofendido. Sim, JESUS, eu Vos adoro de

todo o meu coração. Amém

ATO DE CONTRIÇÃO

Senhor, detesto todos os meus pecados, porque me

tornam indigno de receber-vos em meu coração, e

proponho, com vossa graça, nunca mais os cometer, evitar

as ocasiões de pecar e fazer penitência.

JESUS, perdoai os meus pecados. Amém

-100- -101-
ORAÇÃO PARA ANTES DA COMUNHÃO

Ó DEUS, eterno e todo poderoso,

Eis que me aproximo

Do sacramento do Vosso Filho Único,

Nosso Senhor JESUS CRISTO

Impuro, venho à fonte da misericórdia

Cego, á luz da eterna claridade;

Pobre e indigente, ao Senhor do Céu e da Terra.

Imploro pois a abundância de Vossa imensa liberalidade

Para que Vos digneis curar minha fraqueza,

Lavar minhas manchas, iluminar minha cegueira,

Enriquecer minha pobreza, e vestir minha nudez.

Que eu receba o Pão dos Anjos,

O REI dos reis e o Senhor dos Senhores,

Com o respeito e a humildade,

Com a contrição e a devoção,

A pureza e a fé, o propósito e a intenção

Que convêm à salvação de minha alma.

Dai-me receber não só o Sacramento do Corpo e do Sangue

do Senhor, mas também seu efeito e sua força.

Ó DEUS de mansidão,

Dai-me acolher com tais disposições o Corpo que

Vosso Filho Único, Nosso Senhor JESUS CRISTO,

Recebeu da Virgem Maria,

Que eu seja incorporado ao seu Corpo místico

Contado entre seus membros.

Ó PAI cheio de amor,

Fazei que, recebendo agora o Vosso Filho sob o véu do

Sacramento, possa na eternidade contemplá-lo Face a face.

Ele que convosco vive e reina,

Na unidade do ESPÍRITO SANTO. Amém

(São Tomás de Aquino)

MEU DEU! SE ME QUERES BEM

Meu DEUS se me queres bem

Não me faças esperar tanto

Vem, meu SENHOR, vem meu encanto

Pão vivo, do Céu a mim vem.

Senhor, com Teu olhar

Cobre-me de formosura

Purifica meu amor.

Faz minha alma branca e pura

Como essa hóstia santa

Para que nela vivas hoje

É sempre SENHOR!

Dizei que quereis de mim

Que a tudo direi que sim

Quero Teus passos sempre seguir

Quero em tudo parecer-me a Ti

SENHOR! Tu que vestes os lírios dos vales

Com mais magnificência

Que vestiu Salomão

Vem e veste minha alma

Com esses mil detalhes

Que tanto Te enamora

Não tardes SENHOR!

Dizei que quereis de mim

Que a tudo direi que sim

Que hei de negar-TE

Meu DEUS amante

Se meu gozo está em sofrer por Ti.

-102- -103-
COMUNHÃO ESPIRITUAL

Senhor JESUS CRISTO, eu creio que estais

verdadeiramente presente no Santíssimo Sacramento.

Adora-vos sobre tudo o que existe. Desejo com devoção e

fervor, receber-vos sacramentalmente, porém, como não é

possível agora, peço-vos vir espiritualmente ao meu coração

para purificá-lo e abrasá-lo do mais puro, santo e sagrado

amor e adoração para com a SANTÍSSIMA TRINDADE.

Prostro-me profundamente perante vossa Pureza

perfeita, Majestade Divina e Realeza Sagrada. Amém

ORAÇÃO PARA COMUNGAR

POR MEIO DA SANTÍSSIMA VIRGEM

(conforme S Luís Mª Grignion de Montfort)

Virgem Maria, Santíssima Mãe de Nosso Senhor

JESUS CRISTO, saúdo-vos com devoção e reverência.

Proclama-vos Senhor do meu destino e Rainha do meu

coração.

Eu vos amo com toda a ternura do meu ser.

Venha hospedar-se em minha casa como hospedastes

na casa de São João. Ficai sempre em meu coração, como

estais no Coração de JESUS, vosso adorável divino Filho.

Recebei a JESUS CRISTO por mim, pois minha alma

suspira pelo seu Sacratíssimo Corpo, meu coração deseja

ardentemente estar unido a Ele. Quero sempre recebê-Lo

com amor e adoração, para alcançar a salvação e a

santificação. Vosso Divino Filho é a suave e santa refeição

da minha alma. Amém.

AÇÃO DE GRAÇAS

PARA DEPOIS DA COMUNHÃO

A ação de graças faz-se, adorando com profundo

recolhimento o SENHOR, em nosso peito, e renovando os

atos de fé, adoração, agradecimento, caridade,

oferecimento, esperança e petição; pedindo sobretudo as

graças que são mais necessárias.

ATO DE FÉ

Senhor, JESUS CRISTO, creio que estais

verdadeiramente dentro do meu coração com vosso Corpo,

Sangue, Alma e Divindade, e o creio mais firmemente do

que se o visse com os próprios olhos.

JESUS, creio em vossa presença em minha alma. Amém.

ATO DE ADORAÇÃO

Ó meu JESUS, eu Vos adoro presente dentro de meu

coração, e uno-me a Maria Santíssima, aos Anjos e aos

Santos, para Vos adorar como mereceis. Eu vos adoro, ó

JESUS, em meu coração. Amém.

ATO DE AGRADECIMENTO

Ó JESUS, Senhor meu, eu Vos agradeço de todo o

coração, por terdes querido vir habitar em minha alma.

Virgem Santíssima, Anjo de minha guarda, e vós todos,

Anjos e Santos do Céu, agradecei a JESUS por mim.

Ó JESUS, eu Vos agradeço. Amém

-104- -105-
ATO DE CARIDADE

Ó JESUS, meu DEUS, e meu Senhor, eu Vos amo de

todo o coração e desejo amar-Vos quanto mereceis; fazei

que Vos ame sobre todas as coisas, agora e por toda a

eternidade.

JESUS, quero amar-Vos sempre mais. Amém

ATO DE OFERECIMENTO

Ó meu JESUS, vós Vos destes todo a mim e eu me

dou todo a Vós; ofereço-Vos toda a minha via e quero ser

vosso pro toda a eternidade.

Ó JESUS, eu Vos ofereço todo o meu ser. Amém

ATO DE ESPERANÇA

Ó meu JESUS, agora que estais presente dentro de

minha alma, espero que jamais Vos separeis de mim, mas

ficará sempre me comunicando vossa divina graça. Não sou

eu quem vive, mas Vós é que viveis em mim.

JESUS, espero que fiques sempre comigo. Amém

ATO DE PETIÇÃO

Ó meu JESUS, dai-me eu Vo-Lo peço, todas as graças

espirituais e temporais, que conheceis serem necessárias à

minha alma; encomendo-Vos também as necessidades de

meus superiores, parentes, amigos, benfeitores e as das

santas almas do Purgatório.

Ó JESUS, ouvi-me, atendei às minhas invocações e

súplicas. Amém

ORAÇÃO PARA DEPOIS DA COMUNHÃO

Eu Vos dou graças, ó Senhor PAI Santo,

DEUS eterno e todo poderoso,

porque, sem mérito algum de minha parte,

mas somente pela condescendência de Vossa misericórdia,

Vos dignastes saciar-me a mim pecador,

Vosso indigno servo,

com o sagrado Corpo e precioso Sangue do Vosso Filho

Nosso Senhor JESUS CRISTO.

E peço que esta santa comunhão

não me seja motivo de castigo

mas salutar garantia de perdão.

Seja para mim armadura da fé, escudo de boa vontade

e libertação dos meus vícios.

Extinga em mim a concupiscência e os maus desejos,

aumente a caridade e a paciência,

a humildade e a obediência e todas as virtudes.

Defenda-me eficazmente contra as ciladas dos inimigos,

tanto visíveis como invisíveis.

Pacifique inteiramente todas as minhas paixões,

unindo-me firmemente a Vós, DEUS uno e verdadeiro,

feliz consumação de meu destino.

E peço que Vos digneis conduzir-me, a mim pecador,

a aquele inefável convívio em que Vós

com o Vosso FILHO e o ESPÍRITO SANTO,

Sois para os Vossos Santos a luz verdadeira,

a plena saciedade e a eterna alegria,

a ventura completa e a felicidade perfeita.

Por CRISTO, Nosso Senhor. Amém.

(São Tomás de Aquino)

-106- -107-
INVOCAÇÕES

Alma de CRISTO, santificai-me.

Corpo de CRISTO, salvai-me.

Sangue de CRISTO, inebriai-me.

Água do lado de CRISTO, lavai-me.

Paixão de CRISTO, confortai-me.

Ó bom JESUS, escutai-me.

Dentro das Vossas chagas escondei-me.

Não permita que de Vós me aparte.

Do espírito maligno defendei-me.

Na hora da morte chamai-me

E mandai-me ir para Vós.

Para que com os Vossos Santos

Vos louve para todo o sempre. Amém

ORAÇÃO A JESUS CRUCIFICADO

Eis me aqui, ó meu bom e dulcíssimo JESUS!

De joelhos me prostro em Vossa divina presença e Vos

suplico com todo o fervor de minha alam que Vos digneis

gravar no meu coração, os mais vivos sentimentos de fé,

esperança e caridade, verdadeiro arrependimento de meus

pecados e firme propósito de emenda, enquanto vou

considerando, com vivo afeto e dor, as Vossas cinco

chagas, tendo diante dos olhos aquilo que o profeta Davi

dizia de Vós, ó boníssimo JESUS: Transpassaram minhas

mãos e meus pés e contaram todos os meus ossos. Amém.

(Sl. 21,17)

NOVENA AO

SANTÍSSIMO SACRAMENTO

O PORQUÊ DESTA NOVENA

Nas práticas de devoção, freqüentemente as almas

esquecem que JESUS CRISTO, Nosso DEUS e Mediador,

está presente no Santíssimo Sacramento para receber a

expressão dos nossos desejos e necessidades, com as

mãos repletas de graças.

Julgamos, por isso, prestar serviço às almas piedosas

aconselhando-as a que adotem para si e recomendem a

outras a prática da NOVENA AO SANTÍSSIMO

SACRAMENTO, lembrando que JESUS, neste Mistério de

Amor, é a primeira fonte transbordante de graças e

benefícios.

“Pela Eucaristia fareis milagres, e curareis as almas.

Oh! Quão grande é o seu poder para emocionar, converter,

reconduzir e regenerar as almas mais desgarradas, mais

afastadas de DEUS!...”

“Tendes na Eucaristia, como proclama a Igreja, o

remédio espiritual, único e soberano...”

Tendes Nosso Senhor para curar também os corpos: Ele é o

bálsamo divino que cicatriza toda chaga. Não é verdade que

da santa humanidade de JESUS, se desprendia uma virtude

curativa de toda doença, de todo mal físico? Bastava tocá-lo

para ficar curado. Ele não diminui de poder, o seu contacto

continua a produzir o mesmo efeito, e sempre salutar.

Ninguém ainda suplicou ou se recomendou ao Santíssimo

Sacramento sem receber a graça impetrada. Nosso Senhor

JESUS CRISTO não faz mais do que manter a sua palavra...

-108- -109-
“Nas vossas necessidades e provações vinde ao Supremo

Benfeitor, ao Consolador e Amigo solícito, a quem jamais

invocamos em vão; orai a JESUS Eucaristia; poderá a Terra

desaparecer, mas não deixará de prevalecer e cumprir-se a

promessa que Ele fez de atender-vos.”

(São Pedro Julião Eymard)

CONSELHOS PRÁTICOS

PARA GARANTIR O BOM ÊXITO DA NOVENA

1- Fazer, tanto quanto possível, as orações da Novena

em presença do Santíssimo Sacramento.

2- Assistir à Santa Missa e comungar em todos os dias

da Novena, ou pelo menos no primeiro e no último.

3- Contribuir para a iluminação e enfeite do altar da

Adoração Perpétua. Pode-se também oferecer incenso para

o culto do Santíssimo Sacramento.

4- Envidar esforços para merecer as graças desejadas

mediante sacrifícios voluntários e mais constante atenção

em cumprir os deveres.

5- Ter inteira e absoluta confiança no poder e na

bondade de JESUS-HÓSTIA, sempre atento às nossas

preces para deferi-las.

6- Alistar-se na Adoração Perpétua como preito de fé e

amor ao Santíssimo Sacramento.

PRÁTICAS PARA CADA DIA DA NOVENA

V - Louvores e graças sejam dados a todo o momento.

R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.

V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.

R - Da bem aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS

V - Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

R - Rogai por nós.

V - São Pedro Julião Eymard.

R - Rogai por nós

ADORO-TE

Prostrado diante de vós, eu vos adoro, ó DEUS oculto,

realmente presente sob os véus deste Sacramento.

Contemplando-Vos o meu coração desfalece, aniquila-se, a

vós se submete e inteiramente se abandona.

A vista, o tato, o paladar aqui se enganam e atônitos

repelem esse mistério; apenas o ouvido confirma minha fé.

Creio em tudo quanto disse JESUS, o Filho de DEUS:

nada é mais verdadeiro do que a palavra da própria

Verdade.

Na Cruz só a divindade estava oculta, aqui também a

humanidade está velada; mas crendo numa e noutra, e

ambas confessando, peço-vos ó JESUS o que vos pedia o

bom ladrão.

-110- -111-

Não posso ver as vossas sagradas chagas como São

Tomé; entretanto, com absoluta certeza vos reconheço por

meu DEUS.

Fazei, Senhor, que sempre mais aumente a minha fé, que

em vós espere, e vos adore sobre tudo o que existe.

Ó memorial da morte de nosso Salvador!

Pão vivo que alimentais o homem, concedei-me que

minha alma só de vós viva, e em vós encontre sempre

delicioso sabor.

Pelicano cheio de ternura, ó Senhor JESUS purificaime

de todas as minhas máculas por meio do vosso Sangue

preciosíssimo, de que apenas uma gota basta para tirar

todos os pecados do Mundo.

Ó JESUS! Que só através de um véu agora contemplo,

satisfazei o desejo ardente de minha alma: os meus olhos,

atravessando as nuvens que vos escondem, gozem a visão

de vossa glória. Amém

Reza-se aqui a

ORAÇÃO ESPECIAL PARA CADA

DIA


, e depois se continua com as orações que agora se

seguem:

V – Senhor, vós nos destes o Pão do Céu.

R – Cheio de doçura.

ORAÇÃO

Ó DEUS, que, no admirável Sacramento da Eucaristia,

nos deixastes a lembrança da vossa Paixão, concedei-nos a

graça de venerarmos profundamente os mistérios sagrados

do vosso Corpo e Sangue, e experimentarmos

continuamente os furtos da nossa redenção. Vós que viveis

e reinais por todos os séculos dos séculos. Amém.

ORAÇÃO A NOSSA SENHORA

DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Ó Virgem Maria, N

a Sa do Santíssimo Sacramento,

glória do povo cristão, alegria da Igreja Universal e salvação

do Mundo, rogai por nós e despertai em todos os fiéis a

devoção à Santíssima Eucaristia, para que se tornem dignos

de comungar todos os dias. Amém

3 Ave Marias...

ORAÇÃO A SÃO PEDRO JULIÃO EYMARD

Ó São Pedro Julião, que recebestes o insigne privilégio

de conhecer os tesouros da Santíssima Eucaristia tão

perfeitamente a ponto de vos abrasardes num amor

verdadeiramente seráfico, e Lhe consagrardes todo o vosso

zelo infatigável, para fazer adorar e glorificar perpetuamente

por todo o Mundo, obtendo-nos as graças espirituais e

temporais de que necessitamos. Obtende-nos

particularmente a graça de sermos como vós, fiéis

adoradores em espírito e em verdade do Santíssimo

Sacramento, e de trabalharmos, sempre e cada vez mais,

por alcançar as virtudes cristãs, sobretudo uma sincera

humildade, para podermos viver a vida de união com JESUS

CRISTO, que foi constantemente o objeto do vosso zelo e é

o efeito principal da sagrada Comunhão nas almas.

Obtende-nos, enfim, ó São Pedro Julião, a vossa

devoção filial a Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,

para aprendermos desta divina Mãe a servir e adorar a

JESUS sob os véus eucarísticos a fim de podermos adorá-

Lo e glorificá-Lo face a Face no Céu. Amém

-112- -113-

ORAÇÃO ESPECIAL PARA CADA DIA

PRIMEIRO DIA

Adoro-vos ó Divino JESUS, presente e vivo na

Eucaristia, DEUS Onipotente, Senhor e Mestre, por quem

tudo foi feito, tudo é governado no Céu e na Terra, e cuja

vontade nada resiste.

Pela virtude do vosso Poder e da vossa Divindade,

dignai-vos, vo-Lo conjuro, atender às minhas humildes

súplicas, afastar de minha alma e do meu corpo os perigos a

que estão expostos, e conceder-me a graça de que tenho

premente necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço, e, retribuição

dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir, glorificar e adorar no Santíssimo Sacramento.

Amém

PAI nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

SEGUNDO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, o amor de DEUS ao homem, levado ao extremo

e aos últimos excessos, o próprio DEUS amando-nos a

ponto de aniquilar-se por nós, e consumir-se a nosso serviço

e proveito.

Pela virtude dessa incomensurável caridade, dignai-vos

atender, vo-Lo conjuro, às minhas humildes súplicas, afastar

de minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço, e, em retribuição

dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir, glorificar e adorar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém

PAI nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

TERCEIRO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, o dom de DEUS por excelência, no qual Ele, com

tudo quanto possui, a nós se entrega sem limites, sem

reservas, sem fim.

Pela riqueza infinita deste dom sagrado, dignai-vos, vo-

Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de

minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

-114- -115-
QUARTO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Homem verdadeiro, que por amor aos homens

baixastes à Terra, em tudo semelhante a nós: alma para nos

compreender, coração para nos amar e vontade sempre

benévola para nos socorrer.

Pela virtude da vossa santa Humanidade e do vosso

amor fraternal, dignai-vos, vo-Lo conjuro, atender às minhas

humildes súplicas, afastar de minha alma e de meu corpo os

perigos a que estão expostos, e conceder-me a graça de

que tenho premente necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

QUINTO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Redentor de nossas almas; por vós foram elas

limpas do pecado, arrebatadas do inferno, reintegradas na

herança celestial, e sem cessar continuais a salvá-las das

próprias misérias e dos seus cruéis inimigos.

Pela virtude dessa abundante Redenção, dignai-vos,

vo-Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar

de minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

SEXTO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Vítima adorável que foi imolada pelos pecados do

Mundo e, em particular dos meus. Vosso perpétuo Sacrifício

aplaca a cólera de DEUS PAI, detém a Sua vingança, e nos

torna merecedores do Seu amor e dos seus favores.

Pela virtude dessa inefável imolação, dignai-vos, vo-Lo

conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de

minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

-116- -117-
SÉTIMO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Alimento das nossas almas, Pão vivo que

descido do Céu, conserva e aumenta o amor divino, fortifica

e conforta nas fadigas diárias, e faz fruir incomparáveis

delícias.

Pela virtude desse maná celestial, dignai-vos, vo-Lo

conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de

minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

dos vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

OITAVO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Mestre e Mediador da oração. Pelas vossas

lições e o vosso exemplo nos ensinais a orar; tornais

eficientes as nossas preces, apoiando-as com os vossos

merecimentos, e nos dais plena certeza de que serão

sempre ouvidas.

Pela virtude dessa infalível promessa dignai-vos, vo-Lo

conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de

minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

NONO DIA

Adoro em Vós, divino JESUS vivo e presente a

Eucaristia, Tesouro inesgotável dos dons celestes; fonte

universal, de onde o bem, a luz, as virtudes, a felicidade, a

benção, a perfeição e tudo que há de mais puro, belo e

santo dimanam e difundem-se na Igreja e nas almas.

Pela virtude dessa admirável plenitude, dignai-vos, vo-

Lo conjuro, atender às minhas humildes súplicas, afastar de

minha alma e de meu corpo os perigos a que estão

expostos, e conceder-me a graça de que tenho premente

necessidade.

Com inabalável confiança vo-Lo peço e, em retribuição

doso vossos benefícios, ofereço-me sem reserva para vos

amar, servir e glorificar no adorável Sacramento da

Eucaristia. Amém.

PAI Nosso... Ave Maria... Glória ao PAI...

-118- -119-
PARA O ENCERRAMENTO DA NOVENA

Senhor JESUS, que dissestes: Pedi e recebereis,

buscai e encontrareis, batei e vos será aberto. Confiando

plenamente nesta vossa promessa, procurei com

perseverança, e implorei com insistência o socorro da vossa

graça, durante toda a Novena que acabo de fazer.

Se for conforme a vossa Divina Vontade, tornai

eficazes as minhas súplicas, fazei com que sejam atendidas.

Mais uma vez, ó meu DEUS, nesta hora em que estais

unido à minha alma, presente em mim, prestai ouvidos às

minhas ardentes súplicas!

Hóstia Santa! Creio em vós, mas aumentai a minha fé!

Com inteira confiança, com absoluta certeza e em perfeita

união com a vossa santíssima vontade, espero, a partir de

hoje, a hora da vossa misericórdia.

Sede, ó Divina eucaristia, a minha força e o meu

refúgio, a minha paciência e a minha consolação, a minha

alegria e o meu amor, em todos os instantes desta vida, e

guiai-me para a vida eterna. Amém

V - Louvores e graças se dêem a todo momento.

R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento

V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.

R - Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS Filho.

A NOSSA SENHORA

DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Ó Virgem Imaculada, Mãe do Salvador do Mundo, cuja

carne e sangue tomados em vosso castíssimo seio nos

alimentam na Divina Eucaristia, nós vos saudamos sob o

título de Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento, porque

fostes a primeira a praticar os deveres da vida eucarística,

ensinando-nos com o vosso exemplo a assistir ao Santo

Sacrifício da Missa, a comungar, conforme as exigências da

Santa Igreja e a visitar freqüentemente, e com devoção, o

augustíssimo Sacramento do Altar.

O Maria! Fazei que seguindo vossos passos, possamos

cumprir sempre mais perfeitamente nossos sagrados

deveres e mereçamos assim a eterna recompensa. Amém.

S Ú P L I C A S

V - Louvores e graças se dêem a cada momento.

R - Ao Santíssimo e Diviníssimo Sacramento.

V - Bendita seja a Santa e Imaculada Conceição.

R - Da Bem-aventurada Virgem Maria, Mãe de DEUS Filho.

Ó Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,

prostrados diante de JESUS Sacramentado, nós vos

saudamos, ó Maria! Aos pés deste santo altar, trono da

Divina Misericórdia.

-120- -121-
NÓS VOS SAUDAMOS, Ó MARIA!

Como Mãe de JESUS CRISTO,

Como a primeira adoradora do Verbo Encarnado.

Como fiel Serva de JESUS-Hóstia.

Como Rainha do Cenáculo.

Como protetora especial do sacerdócio católico.

Como Mestra dos Apóstolos.

Como Mãe e Modelo dos adoradores da Eucaristia.

Como dispensadora das graças eucarísticas.

Como glória do povo cristão.

Como alegria da Igreja Universal.

Como medianeira entre JESUS, Salvador de nossas

almas.

Como soberana do Universo.

NÓS VOS SAUDAMOS, Ó MARIA!

Pelas vossas Comunhões tão perfeitas.

Pela vossa Assunção ao Céu.

Com o Arcanjo que vos saúda.

Com São José, vosso esposo virginal.

Com vosso Divino Filho, que vos ama e vos obedece.

Com a SANTÍSSIMA TRINDADE, que vos coroa.

Com as almas do Purgatório, que de vós esperam a sua

libertação.

Com todos os bem-aventurados e todos os Anjos

e Santos do Céu.

NÓS VOS SAUDAMOS, Ó

MARIA!

Em honra da Sabedoria, do Poder e da Bondade da

Santíssima Virgem Maria, rezemos:

TRÊS AVE MARIAS...

INVOCAÇÕES E SÚPLICAS

PELA EXTENSÃO DO REINADO EUCARÍSTICO DE

NOSSO SNEHOR JESUS CRISTO.

NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!

Para que se propague a vossa devoção sob o título de

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento.

Para que se difunda, cada vez mais, a prática da

Comunhão freqüente e cotidiana e a da adoração.

Para que as crianças se aproximem, o mais cedo

possível, da Sagrada Comunhão.

Para que seja, sempre mais, apreciado o Santo

Viático.

Para que seja sempre mais respeitado o Templo

Santo.

Pelo aumento de santas vocações sacerdotais,

religiosas, missionárias e eucarísticas.

Para que os Seminários e Colégios católicos, sejam

meios de santificação.

NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!

Pela fidelidade ao Santo Papa, santificação do nosso

Episcopado e nosso clero.

Para que os sacerdotes se inflamem de zelo ardente a

JESUS Eucarístico.

-122- -123-
Pela Congregação do Santíssimo Sacramento, seus

associados e benfeitores.

Pelo incremento sempre maior do Apostolado

Eucarístico.

Pelo triunfo da Santa Igreja

Pelas intenções do Sumo Pontífice.

Pelo bem espiritual, material e moral de nossa

Pátria.

Pelas nossas intenções particulares.

Pelas benditas almas do Purgatório.

NÓS VOS ROGAMOS, Ó MARIA!

3 Ave Marias...

VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!

Em todos os instantes de nossa existência.

Para fazer da Eucaristia, o tudo de nossa vida.

Para que nossos pensamentos, palavras e obras sejam

outros tantos atos de amor a JESUS Sacramentado.

Para que a lembrança de nossa Primeira comunhão

nos sustente nas tentações.

Para que, sequiosos dos bens do Céu, freqüentemos

com fervor a Banquete Eucarístico.

Para que participemos do Sacrifício da Santa Missa,

em espírito de reparação, pelos que não o fazem.

VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!

Para que sempre observemos o mais profundo respeito

na presença do Santíssimo Sacramento.

Para que contribuamos, com generosidade, para

o esplendor do culto e para a ornamentação dos altares.

Para que nos apliquemos, com empenho, na conquista

das virtudes próprias das almas eucarísticas.

Para que, em nossas provações e aflições, não

procuremos senão as consolações, cuja fonte única é a

Eucaristia.

Para que empreguemos todos os nossos dotes

para maior glória de JESUS Sacramentado.

Para que possamos nos oferecer como Hóstia de

reparação, pelos sacrilégios que se cometem contra o

Santíssimo Sacramento.

Para que, vencendo nossa inconstância natural,

perseveremos na devoção à Sagrada Eucaristia.

Para que, ao se aproximarem os últimos instantes

de nossa vida, recebamos, com fervor, o Santo

Viático dos moribundos.

Para que essa última comunhão seja penhor seguro

da nossa gloriosa ressurreição.

Para que, nessa hora derradeira, vos invoquemos

com fé e amor.

Quando oferecemos nossas orações pela Santa Igreja.

Quando oramos pela prosperidade de nossa Pátria.

Quando imploramos para nossas famílias as bênçãos

do Céu.

Quando impetramos a conversão das pessoas que nos

são caras.

Quando rezamos pelos nossos benfeitores, amigos

e inimigos. Quando oferecemos nossos sufrágios pelas

almas do Purgatório.

VINDE EM NOSSO AUXÍLIO, Ó MÃE DE BONDADE!

3 Ave Marias...

-124- -125-
ORAÇÃO:



Ó Virgem imaculada, Nossa Senhora do

Santíssimo Sacramento, que, durante os anos que vivestes

depois da Ascensão, fostes modelo perfeito no serviço à

Divina Eucaristia; vós que passáveis diante de JESUS

Sacramentado os dias e as noites, consolando-vos assim no

vosso exílio, ensinai-nos a avaliar o tesouro que possuímos

no Altar e inspirai-nos visitar freqüentemente o Santíssimo

Sacramento no qual JESUS fica conosco para dirigir-nos,

proteger-nos, e receber em troca as homenagens que lhe

são devidas por tantos títulos.

Ó Mãe cheia de bondade e Modelo admirável dos

adoradores da Sagrada Eucaristia, já que sois a Medianeira

das graças do Altíssimo, concedei-nos, como fruto deste

piedoso exercício, as virtudes que, tornando-nos menos

indignos do serviço de vosso divino Filho, obter-nos-ão a

vida eterna. Amém.

SAUDAÇÕES A NOSSA SENHORA

DO SANTÍSSIMO SACRAMENTO

Ó Imaculada Virgem Maria, Augustíssima Rainha do

Céu, que concebestes e destes à luz o Filho de DEUS

Humanado, nosso Pão da vida no Santíssimo Sacramento,

rogai por nós!

Ó imaculada Virgem Maria, Mesa sobre a qual foi

apresentado ao Mundo o Pão do Céu.

Ó Imaculada Virgem Maria, Arca Santíssima da

Aliança, que encerrastes o verdadeiro Maná, a divina

Eucaristia.

Ó Imaculada Virgem Maria, verdadeira Mulher forte que

trouxestes o nosso Pão, o Filho de DEUS descido do Céu ao

Vosso seio.

ROGAI POR NÓS

Ò Imaculada Virgem Maria, Árvore da vida, que

produziu o fruto da eterna salvação.

Ó Imaculada Virgem Maria, de cuja estirpe divina veio

JESUS, nosso Emanuel e Viático dos últimos momentos.

Ó Imaculada Virgem Maria, Paraíso de delícias, cujo

fruto é mais doce do que o mel para os nossos lábios.

Ó Imaculada Virgem Maria, Rainha dos Sacerdotes,

que oferecestes no Templo, para nossa salvação, a Hóstia

Santa aceita pelo SENHOR.

ROGAI POR NÓS

OREMOS:



Virgem Maria, Nossa Senhora do

Santíssimo Sacramento, glória do povo cristão, alegria da

Igreja Universal e Mãe do Salvador do Mundo, rogai por nós

e despertai, em todos os fiéis, a devoção à Santíssima

Eucaristia, para que se tornem dignos de comungar todos os

dias. Amém

Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento,

rogai por nós.

-126- -127-
Í N D I C E


PAG

Excelência, necessidade e vantagens do Santo

Sacrifício da Missa

05

Necessidade do Santo Sacrifício 14

Vantagens do Santo Sacrifício 17

Pela Santa Missa adoramos dignamente a DEUS 18

Pela Santa Missa podemos satisfazer a justiça divina 21

Pela Santa Missa agradecemos dignamente a DEUS

todos os benefícios

24

Pela Santa Missa podemos obter todas as graças 27

A Santa Missa nos livra duma multidão de males 30

Método curto para participar com fruto da Santa Missa 41

Método de São Leonardo de Porto-Maurício 44

Exemplos próprios para excitar os fiéis de todos os

estados e condições a participar, todos os dias, da

Santa Missa

54

Exemplos de vários príncipes, reis e imperadores 62

Exemplo para as mulheres do povo 67

Exemplos para os negociantes e artífices 70

Exemplo terrível para aqueles que não apreciam a

Santa Missa

78

Ato de oferecimento (incompleto) 83

A participação ativa do Santo Sacrifício, produz

muitos frutos

84

O Sangue de CRISTO corre na Santa Missa 85

Um Anjo vai contando os passos 88

JESUS Eucarístico, suprema aspiração 90

A Sagrada Comunhão 91

A União com DEUS 93

Disposições e efeitos (da Sagrada Comunhão) 94

Ato de Contrição (Para se rezar na Confissão) 99

Oração fonte de graças, para antes da Santa Missa 99

Preparação para a Comunhão 100 a 103

Comunhão Espiritual 104

Ação de graças para depois da Comunhão 105 a 108

Novena ao Santíssimo Sacramento 109

Á Nossa Senhora do Santíssimo Sacramento – súplicas 121

ORAÇÃO PELOS SACERDOTES

Por amor do Imaculado Coração de Maria, dai-nos

santos sacerdotes, ó JESUS.

É, por meio deles, que o recém-nascido se torna filho

de DEUS, o pecador recupera a paz, os fiéis têm o benefício

dos Santos Sacramentos, os desamparados se refugiam

junto do Sacrário de onde recebem o divino Pão dos Anjos e

o moribundo vê fechar-se-lhe a porta do inferno e abrir-selhe

a porta do Céu.

Por amor do Coração Imaculado de Maria, dai-nos

santos sacerdotes, ó JESUS.

Sacerdotes de mãos puras e sem mancha, que

levantem ao Céu o cálice e a Hóstia Imaculada, interpondose

poderosos pela paz dos povos e prosperidade das

nações, sacerdotes que devorados pela caridade, se

rodeiem de almas inocentes, para guiá-las ao Céu; de

mocidade, conservando-a para DEUS, e se consumam pelo

tesouro da Fé e da Religião.

Por amor do Coração Imaculado de Maria, dai-nos

santos sacerdotes, ó JESUS.

Sacerdotes que, famintos de Vosso amor, abandonem

a Pátria, parentes e amigos pela salvação do próximo; que

perseguidos pelo Mundo, por satanás pelas paixões,

progridam sempre na santidade, apregoando a Fé e a vossa

doutrina. Amém.

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